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Capital

Doações e renda extra salvam Páscoa na favela, mas alguns só sonham

Ricardo Campos Jr. | 03/04/2015 09:14
Crianças dependem de doações de chocolates, porque pais não têm condições de comprar (Foto: Marcos Ermínio)
Crianças dependem de doações de chocolates, porque pais não têm condições de comprar (Foto: Marcos Ermínio)
Menino comemora doação de ovo de chocolate (Foto: Marcos Ermínio)
Menino comemora doação de ovo de chocolate (Foto: Marcos Ermínio)

Para quem sobrevive com pouco, reunir a família para um almoço diferente na Sexta-Feira Santa e no Domingo de Páscoa depende de renda extra, como um bico de última hora. Caso contrário, acabam sendo dois dias como quaisquer outros. Na comunidade Cidade de Deus, as crianças se divertem, inocentes e alheias às dificuldades. Doações trazem alívio aos pais.

“Tenho dois filhos. O mais velho às vezes pede, mas não conhece muito bem as coisas ainda. Vem muita gente para doar. A geladeira está cheia de ovos que ele ganhou, caso contrário, não teria condições”, diz o catador de recicláveis Juliano Gomes Medina, 21 anos.

Segundo ele, quando sobra um dinheiro ele procura reunir os parentes e fazer um churrasco bem simples não só na Páscoa, mas em outras datas comemorativas. “Esse ano não planejei nada. Está bem mais difícil que no ano passado”, afirma.

A diarista Regiane Rodrigues, 21 anos, mora com os pais e os quatro filhos, de 1, 3, 4 e 7 anos. “Não vai ter nada de diferente no domingo. Vai ser um dia normal, não vai ser nada festivo, pois não dá para fazer nada”, relata.

O apelo ao consumo complica a situação de quem depende da solidariedade para que os filhos tenham acesso aos doces e produtos típicos da época. “Eles pedem chocolate, principalmente quando passa na TV. Eu falo que eu compro amanhã, falo que a avó vai trazer, mas na verdade não vai”, conta.

“Este ano as coisas estão muito caras. Tivemos que gastar com a compra do mês. São muitas crianças aqui em casa que precisam de leite e fralda”, conta.

A cozinheira Darlene Araújo da Silva, 47 anos, tem cinco netos, de 7, 4, 2,1 anos e um recém-nascido. As crianças moram perto e frequentemente vão até a casa dela. Sobre as comemorações de sexta e domingo, ela questiona: “reunir para que?”.

“Se aparecer alguém doando, bem. Se não, eu falo que não posso dar. É muito difícil. Às vezes eles não entendem. Tem coisa mais triste que um filho ou neto pedir e a gente não ter condições de dar?”, conta.

Na casa de Regiane, sexta e domingo serão dias como quaisquer outros (Foto: Marcos Ermínio)
Na casa de Regiane, sexta e domingo serão dias como quaisquer outros (Foto: Marcos Ermínio)
"Reunir para que?", questiona Darlene (Foto: Marcos Ermínio)
"Reunir para que?", questiona Darlene (Foto: Marcos Ermínio)

Grande parte das doações para as crianças é entregue em um projeto social conhecida como “Escolinha Filhos da Misericórdia”. O local pegou fogo há alguns dias. Restaram apenas dois espaços que estão sendo usados para as atividades com os pequenos do bairro.

“A escolinha vive na base da providência divina. Para nós é muito gratificante tudo aquilo que as pessoas fazem pelas crianças”, diz a manicure Edileuza Luiz, 37 anos, uma das responsáveis por cuidar os meninos e meninas que frequentam o local.

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