Dupla que quase decapitou em "tribunal do crime" é condenada a 35 anos de prisão
Autores tentaram decapitar vítima que devia R$ 2 mil para a facção e abandonaram corpo em mata
Denilson Ramires Cardozo e Igor de Oliveira Porto, réus pelo assassinato de Bruno Schon Pacheco, de 28 anos, que quase teve a cabeça arrancada em julho de 2019, pelo chamado "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital), foram condenados, juntos, à pena de 35 anos e sete meses de prisão.
Apontado como a pessoa que manteve Bruno em cárcere e ajudou na execução, Denilson negou ser integrante da facção criminosa. Ele foi o primeiro a ser interrogado nesta quarta-feira (20) e afirmou, perante o juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos, que era amigo da vítima e não sabia da emboscada.
A defesa então pediu absolvição pelo homicídio qualificado e organização criminosa, alegando falta de provas e que Denilson não teria participado do crime. No entanto, o Conselho de Sentença entendeu que Denilson atraiu a vítima para ser morta.
"Nesse passo, verifica-se que o modus operandi adotado na prática do delito denota maior reprovabilidade, visto que Bruno foi atraído pelos denunciados sob a falsa alegação de que se comparecesse espontaneamente nada iria acontecer (dissimulação)".
Como não confessou e é reincidente, foi condenado por homicídio qualificado por motivo torpe e dissimulação, também pelo crime de organização criminosa, a 21 anos e três meses de prisão, em regime fechado.
Já Igor, em seu interrogatório, confessou participação. Alegou que era usuário de drogas e morava em um sobrado próximo a invasão da construtora Homex, onde possuía quatro "apartamentos" frequentados por pessoas que se encontravam para usar entorpecente. Então, um homem conhecido como Josué, apelido de Zóio, pediu para morar em um deles.

Segundo a versão do Igor, foi Zóio quem levou Bruno para usar drogas no sobrado, mas sem que o réu soubesse que o local estava, na verdade, sendo usado como cantoneira (casa onde integrantes que serão julgados pela facção aguardam até resultado da “sentença”).
"Vi o Bruno dentro da casa, na escada, uma única vez e Bruno não estava amarrado e nem nada, estava com o olho maior que a cara de usar droga", alegou o réu que depois disse ter ouvido os gritos de socorro da vítima em um matagal, próximo ao sobrado.
Igor foi condenado a 14 anos e quatro meses de prisão, por homicídio qualificado por motivo torpe e dissimulação, sendo que teve pena reduzida pela confissão e o Conselho de Sentença acolheu ainda - pedido da defesa - redução especial da menor participação.
Além de Denilson e Igor, Marcelo Leandro Barbosa Gotardo e Carlos Eduardo Ozório Martins são réus pelo assassinato, mas os processos foram desmembrados pela Justiça.