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Capital

Em 1ª participação, promotora apela para emoção e “ensina” jurados a votar

Além de Luciana do Amaral Rabelo, fala também o promotor Moisés Casarotto, do Gaeco

Por Lucas Mamédio | 18/09/2024 21:37
Promotora Luciana do Amaral Rabelo falando pela primeira vez durante todo o júri (Foto: Paulo Francis)
Promotora Luciana do Amaral Rabelo falando pela primeira vez durante todo o júri (Foto: Paulo Francis)

A promotoria continuou a responder os argumentos apresentados pela defesa dos réus no segundo julgamento da Operação Omertà, que julga o assassinato de Marcel Hernandes Colombo, o “Playboy da Mansão”, em 2018.

Falaram o promotor Moisés Casarotto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), que seguiu uma linha mais técnica, refutando ponto a ponto de alguns questionamentos da defesa, e a promotora Luciana do Amaral Rabelo, da 21ª Promotoria de Justiça de Campo Grande, que seguiu estratégia de tentar emocionar os jurados apelando à analogias sobre uma Campo Grane pacífica do passado e uma cidade tomada por crimes de pistolagem, como os que ela atribui aos réus. Ao final, ainda "ensinou" os jurados a votarem.

Casaratto começou contestando a afirmação da defesa de que não houve, durante a investigação, a extração dos dados dos celulares de Marcel Colombo, uma tentativa da defesa de desqualificar a investigação policial, como se ela não tivesse feito o mínimo.

O promotor, então, recorreu aos autos impressos do processo para ler a parte do inquérito que informa que o pai de Marcel entregou dois celulares à polícia, um Motorola e um iPhone. “É uma mentira como mostra o inquérito, os dois celulares foram entregues e periciados”.

Em seguida refutou outra crítica da defesa à polícia e ao Gaeco, que não houve diligências o bastante na investigação. Rapidamente citou a página que fala de diversas diligências.

Seguindo a linha técnica, Casarotto se ateve à alegação de que a acusação só tinha como base o inquérito, o que desqualificaria as acusações por não ter argumentos baseados na instrução do processo. “Em juízo foram ouvidas mais de 20 pessoas e todos os documentos juntados no mesmo processo”

Relembra que existem diligências do processo que são provas cautelares, pelo menos sete, o que teria prerrogativa em uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Relembrou as visitas do Gaeco à casa de Eliane Benitez Batalha, ex-esposa de Marcelo Rios, bem como os comprovantes que ela teria recebido “mensalinho” da milícia liderada por Jamil Name Filho. “Isso não é inquérito, é prova técnica e provas cautelares com valor judicial que podem e devem ser usadas”.

Promotor Moisés Casarotto, do Gaeco, falando aos jurados (Foto: Henrique Kawaminami)
Promotor Moisés Casarotto, do Gaeco, falando aos jurados (Foto: Henrique Kawaminami)

Um dos argumentos da defesa é que a polícia só teve uma linha de investigação, mas Casarotto relembrou que, inclusive suscitando uma matéria jornalística, que 21 dias após o assassinato a polícia tinhas novas frentes de investigação.

A defesa do réu Marcelo Rios também usou como estratégia alegar que a acusação usou fatos alheios à investigação do crime como prova. Exemplo seria a casa com arsenal de armas encontrada pela Garras. “E os pen-drives encontrados que mostravam a relação que mostrava a relação íntimas entre os réus?”.

Estreia - Pela primeira vez durante todo o júri, falou Luciana do Amaral Rabelo. Sem se ater às provas e questões técnicas do processo, ela apelou para o lado emocional dos jurados humanizando sua narrativa.

Ela começou agradecendo a todos presentes, relembrou um pouco da sua trajetória dentro do Ministério Público. “A nossa missão é falar em plenário de quem não tem voz, de quem a voz foi tolhida, essa é a voz da vítima, vim falar sobre valor, sobre pertencimento”.

Exibiu mais uma vez o vídeo da execução de Marcel Colombo e relembrou que, por pouco, o amigo, que estava com ele e tomou um tiro na perna, não morreu.

Também reforçou os valores da polícia, que segundo ela forma “aviltados” pela defesa. “Justiça que está e cada brasão de cada investigador, de cada delegado, porque quando sai, arrisca sua vida para servir. Que fazem as pessoas saírem da faculdade e ir pra cachaçaria em paz”.

Fez analogias sobre uma Campo Grande pacífica do passado e uma cidade tomada por crimes de pistolagem, como os que ela atribui aos quatro réus. Lembrou do solo sagrado da Capital, sobre a história do antigo fórum e contou sua história junto a outro promotores presentes.

Ao falar de forma genérica das provas, disse que não há coincidência, citando a escritora clássica de romances policiais, Agatha Christie. “Uma coincidência é só uma coincidência. Duas é uma pista. Três é prova”.

Falou também sobre o lugar onde o crime aconteceu, um bar na Avenida Fernando Corrêa da Costa. “Era um lugar que a família ia, que os estudantes vão, que os namorados, quantas pessoas aqui não têm essa lembrança?. E emendou:  “Pertencimento é poder ir a todos esses lugares, é poder ir num bar e sentar de costas despreocupado, é saber que um crime de pistolagem”.

Depois, se dirigindo mais diretamente aos jurados, no meio do plenário, Luciana os “ensinou” a votar. Com dois pedaços de papel na mão, um escrito “sim” e outro “não”, ela fez antes todas as perguntas que serão feitas pelo juiz do do processo, Aluizio Pereira dos Santos, na hora da votação para condenação ou absolvição. Ela pediu, então, para que todos fossem condenados e ninguém fosse absolvido.

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