Em carreata ou na calçada, fiéis celebram Aparecida cheios de histórias sobre fé
Dia da Padroeira do Brasil teve uma carreata no fim da tarde desta terça-feira
Morando há 30 anos em Campo Grande, Dionísio Duran, de 90 anos, junto a esposa Taltinei Duran, 87, reservaram a tarde de terça-feira, Dia de Nossa Senhora Aparecida, para admirar a carreata que carregava a imagem da padroeira do Brasil. Sem condução para acompanhar a trilha de carros, eles participaram com uma réplica em frente de casa, no Bairro Santo Amaro.
Quando ouviu o som dos veículos passando, Taltinei relata que logo foi para a frente da residência. O marido, de cadeiras de rodas, a acompanhou. Os dois estavam muito emocionados, porque a devoção tem um motivo.
A imagem que carregam consigo, disseram, veio de longe, de São José do Rio Preto, município do interior de São Paulo. Nesse meio tempo, chegou a ser benzida em Aparecida do Norte (SP), cidade cuja igreja, inicialmente construída em 1745, recebe milhões de devotos por ano para rezarem para a santa.
“Ela foi a padroeira de uma igreja, quando morávamos lá. Tem 30 anos que mudamos para Campo Grande. Depois disso, meu filho trouxe a imagem para mim. Ela tem um significado muito grande", narra Taltinei.
Ela conta que seu filho pretende construir uma igreja em Corumbá, a 419 quilômetros da Capital, e que a pretensão é que Nossa Senhora Aparecida seja a padroeira.
Em meio a dias difíceis por conta da pandemia e do consequente isolamento, o casal diz que nunca perdeu a confiança sobre a santa. “Todos os problemas têm sido resolvidos por causa dela”, pontuou Dionísio, que diz que já está quase recobrando os movimentos da perna, depois de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Devoção - Por volta das 16h de hoje, religiosos fizeram uma carreata pelas ruas da cidade, a partir da Avenida Presidente Vargas. No feriado, com pouco fluxo de trânsito em Campo Grande, os fiéis dirigiram por trechos das avenidas Madrid e Noroeste, além da Orla Morena, até chegarem na Igreja Matriz, na Vila Planalto.
No ano passado, a igreja que organizou o ato contabilizou cerca de 300 veículos. Neste ano, o movimento foi de aproximadamente um terço disso. Ainda assim, o padre Jair da Conceição Máximo, que liderou os automóveis em uma caminhonete com a estátua na carroceria, disse ter expectativas superadas. “Até fiquei surpreso com a quantidade. A pandemia tem diminuído a quantidade fiéis presenciais na igreja”, explica.
O povo brasileiro é muito devoto à Nossa Senhora Aparecida. Por isso, ainda tem muitas pessoas que não deixam de participar”, diz o padre.
Segundo ele, com restrições sanitárias e o medo de contrair a doença, muitas pessoas deixaram de frequentar os templos cristãos e, por isso, a comemoração de hoje é também para tentar atrair quem não voltou à rotina religiosa. “Muitas pessoas não voltaram. Então, a carreata, além de trazer esperança por onde passa, é para chamar as pessoas para verem a missa que acontece toda semana”.
Na carreata, Mariana de Souza Alves, de 64 anos, veio com a filha Andreia de Souza, 35, e duas netas. Dentro do carro, elas disseram que é uma alegria muito grande participarem da manifestação religiosa. "Rezamos bastante para a pandemia ir embora e graças a Deus, ela está indo. Apesar de tudo, não deixamos de participar na igreja nesse tempo.”
O professor Victor Miranda, de 34 anos, junto a esposa Leila Maria e seus dois cachorros, relata que sua família foi uma das poucas do círculo de convívio, que continuaram frequentando a igreja, mesmo com a pandemia. Nesse tempo, diz, se dedicaram a ajudar a comunidade por meio de doações. “Acreditamos na importância de ajudar o próximo”.
Nossa Senhora - A data comemora a padroeira brasileira, que já era um símbolo presente no cotidiano do País mesmo antes de existir, por aqui, um hino nacional, ou mesmo a bandeira que conhecemos.
Segundo historiadores, uma figura da santa foi encontrada por três pescadores no Rio Paraíba do Sul, em 1717. A primeira capela, em Aparecida, foi inaugurada em 1745 e carrega consigo a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, com seu manto azul e sua coroa de ouro, que foi doada pela princesa Isabel, em 1884.