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Capital

Em lojas de departamento, aglomerações e idosos são “combo” do que não fazer

Angústia para pagar boletos e faturas de cartão tirou de casa até quem está no grupo de risco do novo coronavírus

Jones Mário e Clayton Neves | 06/04/2020 09:46
Na hora de abrir as portas, respeito ao distanciamento mínimo entre pessoas foi ignorado (Foto: Kísie Ainoã)
Na hora de abrir as portas, respeito ao distanciamento mínimo entre pessoas foi ignorado (Foto: Kísie Ainoã)

A dez minutos para reabertura das portas do comércio, aproximadamente 50 pessoas - idosos entre elas - se aglomeravam em frente à Pernambucanas da Rua 14 de Julho, Centro de Campo Grande. Apesar das marcações na calçada, o distanciamento de, pelo menos, 1,5 metro entre os clientes na fila passou batido.

O aposentado Jerônimo da Silva, 78 anos, era uma das pessoas em grupo de risco do novo coronavírus que ignorou as recomendações das autoridades em Saúde e foi para a rua na manhã desta segunda-feira (6). Angustiado, ele queria pagar a fatura do cartão da loja.

Jerônimo da Silva, 78 anos, revelou que saiu de casa porque precisava pagar cartão (Foto: Kísie Ainoã)
Jerônimo da Silva, 78 anos, revelou que saiu de casa porque precisava pagar cartão (Foto: Kísie Ainoã)

“A gente fica preocupado com o vírus, mas não tem o que fazer. Não tem ninguém para fazer para mim e eu preciso do cartão para fazer compras”, insiste. Pelo menos, o aposentado diz que foi de carro ao Centro para evitar o transporte coletivo.

Na mesma fila, a costureira Maria Soares, 55, também afirma que “não tem o que fazer”. Ela foi ao comércio com um pano no rosto fazendo as vezes de máscara.

“Não consegui pagar o boleto e fiquei preocupada. Espero que não cobre juros, porque venceu dia 31 de março”, justifica.

Costureira, Maria Soares torcia para loja não cobrar juros sobre atraso em pagamento (Foto: Kísie Ainoã)
Costureira, Maria Soares torcia para loja não cobrar juros sobre atraso em pagamento (Foto: Kísie Ainoã)

No meio da aglomeração, a costureira completa que teme pela mãe, de 83 anos. “Deus me livre de pegar essa doença. Fico com mais medo por ela do que por mim, mas fazer o que? Todo mundo precisa pagar conta”.

Com o movimento intenso, as marcações no chão para delimitar espaço entre os clientes da Pernambucanas não foram suficientes.

Ao abrir as portas, funcionário com luva e máscara dividiu a fila na porta em duas: uma para quem pagaria as contas em dinheiro, outra para pagamento no débito. Quem ficou na segunda fila sequer precisava entrar no estabelecimento, uma vez que a máquina de cartão foi colocada na entrada.

Ainda na 14 de Julho, a aglomeração em frente à Riachuelo ficou evidente nos bancos de concreto da rua revitalizada. Em uma só roda, pelo menos sete pessoas sentavam-se lado a lado.

Consumidores do Centro esqueceram recomendações e sentaram-se lado a lado (Foto: Kísie Ainoã)
Consumidores do Centro esqueceram recomendações e sentaram-se lado a lado (Foto: Kísie Ainoã)

Unidade do Magazine Luiza no Centro também acumulava clientes na entrada, com menos de uma hora de reabertura do comércio.

A retomada das atividades no varejo foi condicionada pela prefeitura ao respeito de uma porção de regras de biossegurança, como distanciamento entre as pessoas nas filas, receber no interior das lojas até 30% da capacidade total de atendimento e medidas de higienização com álcool em gel e limpeza constante.

Confira a galeria de imagens:

  • (Foto: Kísie Ainoã)
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