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Capital

Em meio à polêmica, polícia segue combate ao jogo do bicho e leva 3 para cadeia

As ações contra o jogo ilegal continuam pela cidade e já estão em sua sétima fase

Geisy Garnes | 11/11/2021 17:55
Policiais apreenderam cartelas de jogo na terceira fase da operação, realizada em setembro. (Foto: Marcos Maluf)
Policiais apreenderam cartelas de jogo na terceira fase da operação, realizada em setembro. (Foto: Marcos Maluf)

Mesmo com as polêmicas envolvendo o delegado-geral Adriano Geraldo Garcia e as ações da Operação Deu Zebra, equipes policiais de Campo Grande seguem com as fiscalizações contra bancas do jogo do bicho na cidade. De ontem para hoje, pelo menos três pessoas foram levadas para delegacia, duas delas, no entanto, também porque foram flagradas com drogas.

Na tarde de ontem (10), policiais da Denar (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Narcotráfico) foram até um bar do Bairro Danúbio Azul, verificar denúncias sobre a venda da loteria ilegal.

Foram recebidos pelo dono do bar, que negou ser bicheiro, deixou os policiais revistarem o estabelecimento, mas logo avisou que era usuário de drogas e entregou um dichavador. A insistência do homem em confessar que usava drogas, no entanto, chamou atenção da equipe, que começou as buscas.

Durante revista no comércio, a filha do proprietário chegou em um Vectra, passou por dentro do bar e foi para uma casa aos fundos do terreno, sem perceber a presença dos policiais. Um dos investigadores a chamou para acompanhar as fiscalizações. Os dois voltaram para frente do estabelecimento e neste momento, uma caixa com 15 porções de maconha foi encontrada no balcão.

O homem negou que a droga era sua, mas foi preso em flagrante. Neste momento, a jovem – identificada como Grazielly Batista de Jesus, de 20 anos – ficou transtornada, xingou os policiais e também recebeu voz de prisão. Um dos investigadores tentou algemar a suspeita, mas ela reagiu. Esperneou, chutou e tentou morder os policiais. Ainda caiu e se machucou.

A confusão chamou a atenção de moradores e os investigadores precisaram pedir reforço. Com a chegada de uma nova equipe, as buscas pela casa continuaram. Dentro do sofá, foi encontrado um revólver calibre 38, municiado e outras nove munições soltas. Na cama da mulher, foram apreendidas mais 14 porções de cocaína.

Na delegacia, a jovem confessou que as porções de cocaína e maconha encontradas eram dela. Afirmou que vende há um e meio, quando descobriu que estava grávida e precisou parar de trabalhar como cuidadora de idosos. Detalhou ainda que compra um quilo de cada droga e fracciona em porções. Pela maconha, cobra R$ 10 e pela cocaína R$ 20.

Ela revelou ainda que sempre compra do mesmo traficante e que de tempo em tempo, ele leva a mercadoria até sua casa. Grazielly afirmou que o pai sabia sobre a venda em seu bar e que ele é, inclusive, um de seus clientes. Em depoimento, confessou também que mantinha a arma por “segurança” e que ficou nervosa com a prisão do pai, por isso, xingou os policiais.

Nesta quinta-feira (11), foi a vez das equipes da 7ª Delegacia de Polícia Civil irem às ruas em busca de bancas do jogo do bicho. No Jardim Zé Pereira, foram até o bar de um homem de 54 anos. Assim que abordado pelos policiais, o comerciante contou que vendia os jogos ilegais e explicou que usava um celular e uma máquina impressora para registrar as apostas, além de guardar os canhotos de jogo.

Ele foi levado para a delegacia e vai responder pela contravenção penal. Poucos metros do estabelecimento, os policiais encontraram uma mesa abandonada com canhotos semelhantes ao do jogo do bicho. Se aproximaram e confirmaram as suspeitas. No local, ainda havia uma prancheta com cartaz plastificado dos números e fotos de bichos. O autor não foi encontrado.

A Operação Deu Zebra acontece na cidade desde 3 de setembro e entra em sua sétima fase e já levou diversos vendedores do jogo do bicho para a delegacia. O número total não foi divulgado pela polícia.

Os bicheiros, como são chamados, cometem contravenção penal, que tem pena prevista de, no máximo, um ano de prisão. Normalmente, ela é convertida em prestação de serviços à comunidade.

No centro do furacão – Em menos de 24 horas, dois pedidos de investigação contra o delegado-geral da Polícia Civil Adriano Geraldo Garcia foram registrados no Ministério Público de Mato Grosso do Sul. O primeiro pede a investigação da ligação do chefe da instituição com o jogo do bicho e o segundo cobra o afastamento dele do cargo.

O primeiro foi feito a Ouvidoria do Ministério Público, na terça-feira (9), para apuração sobre o envolvimento de policiais civis, incluindo o próprio delegado-geral, no esquema de favorecimento a um grupo que tenta dominar as apostas em Campo Grande.

Uma ala da polícia critica ações que classificam como “enxugar gelo” contra o jogo do bicho, porque não focam em investigar quem lidera a jogatina e retira efetivo das unidades que deveriam estar à frente de investigações de outros crimes: roubos, homicídios e furtos.

Na tarde de ontem, vereador Tiago Vargas distribuiu nota à imprensa informando que também procurou o Ministério Público e a própria Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), para pedir o afastamento de Adriano do cargo de delegado-geral.

As denúncias surgem após o vazamento de uma discussão entre Adriano e a delegada Daniela Kades, durante reunião interna. Na ocasião, ela se recusou a revelar ao chefe a identidade de criminosos investigados pela Operação Omertà, sob justificativa de que “não confiava na polícia”.

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