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Capital

Entenda a doação de medula, ato de solidariedade que pode salvar vidas

Viviane Oliveira | 06/08/2012 18:06
Lucéia disse que após as campanhas de Victor Hugo, a procura para o cadastro de medula óssea aumentou. Fotos: Minamar Júnior).
Lucéia disse que após as campanhas de Victor Hugo, a procura para o cadastro de medula óssea aumentou. Fotos: Minamar Júnior).

Foi no começo desde ano que o aposentado Wilson Roberto Montiel Machado, de 57 anos, descobriu que estava com leucemia aguda. De lá para cá, ele e a esposa Maria Inês Fernandes Machado, também de 57 anos, correm contra o tempo para conseguir um doador de medula óssea.

Debilitado por causa da doença, Maria Inês conta que Wilson já ficou internado durante 30 dias, fez várias quimioterapias e precisa urgente de um transplante. Como o esposo não tem irmãos, a solução é tentar encontrar um doador compatível com os familiares mais próximos ou no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), gerenciado pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) no Rio de Janeiro.

Juntos há 37 anos, o casal tem dois filhos, uma jovem de 31 anos, que nasceu com paralisia cerebral, e um rapaz de 27 anos. Há 10 anos, relata, perdeu um filho, de 16 anos, em um acidente de trânsito na avenida Afonso Pena, em Campo Grande. “Já passamos por muita coisa juntos, agora vamos lutar mais uma vez contra esta doença”, afirma.

Segundo Maria Inês, o maior desafio é conseguir o transplante de medula óssea. Primeiro a pesquisa para localizar se um doador é compatível é iniciado na família. Se não encontrar o paciente recorre ao Redome, onde a chance de compatibilidade é de uma a cada 100 mil doadores.

“Muita gente ainda tem medo de se cadastrar para fazer a doção. A maioria, assim como eu achava, pensa que precisa de cirurgia e na verdade é mais simples do que imaginamos”, pontua.

A responsável pelo setor de medula óssea do Hemosul (Centro de Hemoterapia e Hematologia de Mato Grosso do Sul), Lucéia Fernandes, explica que o transplante pode ser feito de duas formas: por pulsão óssea ou por filtração sanguínea. O médico responsável avalia qual melhor método para fazer a retirada.

No transplante por pulsão o paciente recebe uma anestesia e a medula óssea - retirada do osso da bacia - é aspirada com uma agulha.

Quero fazer o bem, se me chamassem não pensaria duas vezes”, disse Neuri.
Quero fazer o bem, se me chamassem não pensaria duas vezes”, disse Neuri.

Já por filtração sanguínea o paciente toma um medicamento um dia antes para estimular as células a entrar na corrente sanguínea. Neste caso o procedimento é parecido com a doação de sangue. “Uma máquina vai identificar o que é medula óssea ou não. O que não for é devolvido para o corpo.

De acordo com Lucéia, para fazer o cadastro no Redome o doador tem que ter idade superior de 18 anos e máxima de 55 anos, não ter tido hepatite B ou C e não ter doença infectocontagiosa ou crônica.

Como é feito - Os doadores preenchem um formulário com dados pessoais e é coletada uma amostra de sangue com 5ml para testes que determinam as características genéticas necessárias para compatibilidade entre doador e paciente.

Os dados pessoais e os resultados dos testes são armazenados em um sistema informatizado que realiza o cruzamento com dados dos pacientes que necessitam de um transplante. Em caso de compatibilidade, o doador é chamado para exames complementares e para doação. Se for preciso viajar para realizar a doação, todas as despesas, do doador e um acompanhante, são pagos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Luta - Na última quinta-feira (2) Victor Hugo Coelho Pereira, de 14 anos, morreu após lutar por quase quatro anos contra a leucemia. A mãe dele, Dirce Coelho, ficou conhecida em Campo Grande por encabeçar campanhas para conseguir doadores de medula óssea para o garoto, desde dezembro do ano passado.

Apesar de Victor Hugo não ter conseguido doador compatível, Lucéia disse que após as campanhas da mãe o número de pessoas procurando para fazer o cadastro aumentou de 5 a 10 pessoas por dia. “Antes eram 10 por mês”, afirma.

Há 6 anos doador de sangue e há 2 doador de medula óssea, Neuri Modesto de Oliveira, de 54 anos, disse que ficaria muito feliz se fosse convocado para fazer a doação. “Quero fazer o bem, se me chamassem não pensaria duas vezes”.

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