Estudante de 15 anos é atropelado por carro em marcha contra corrupção
Um estudante de 15 anos foi atropelado por um carro de passeio na tarde desta sexta-feira (7), por volta das 15h20, na avenida Afonso Pena, em Campo Grande, durante a “Marcha do dia do Basta à Corrupção”.
O adolescente atravessava a avenida quando foi colhido por um Celta branco que era conduzido por Dione Pinheiro de Souza, de 22 anos. O estudante foi arremessado ao parabrisa do veículo.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que atendeu a ocorrência, informou que o garoto não apresentava suspeita de fratura ou traumatismo, mas queixava-se de dores na cabeça. Ele foi encaminhado à Santa Casa de Campo Grande.
Além do motorista, estavam no carro a esposa dele, Thauany Fontebasse Gonçalves, de 20 anos, e a filha de 1 ano, que não se feriram. À reportagem, Dione disse que entrou na Afonso Pena após sair da rua Padre João Crippa. “Ele estava no meio da rua e o sinal estava aberto para mim”, afirmou, se referindo ao garoto atropelado que foi sozinho ao protesto.
Luiz Eduardo Camargo, de 17 anos, que participou da marcha, presenciou o acidente. “Eu estava de costas e ouvi o barulho da freada. Quando virei, o garoto estava sendo atropelado”, disse. “Pela marca de freada ele não estava tão devagar”, supôs.
Falta de segurança - O atropelamento provocou revolta entre os manifestantes. Eles alegam que a Ciptran (Companhia Independente de Policiamento de Trânsito) acompanhou apenas o início do protesto e os “abandonou” no restante do trajeto, ao contrário do que havia sido acordado por meio de documento.
Com o ofício em mãos, a estudante do ensino médio Thainá Espindola Miranda, de 19 anos, afirma que primeiro procurou a Agetran (Agência Municipal de Trânsito), mas o órgão informou que não disponibilizaria agentes por conta de outro evento.
No segunda-feira (3), Thainá foi até a Ciptran, que se disponibilizou a fazer a segurança dos manifestantes durante a passeata, com acompanhamento da saída da Prefeitura - onde foi realizada a concentração - passando pelas ruas 25 de dezembro, 15 de novembro até a Padre João Crippa, na Praça do Rádio Clube, onde o protesto terminou.
“Eu achei que estava tudo bem, que eles estavam nos acompanhando desde lá de trás”, disse. “Mas eles foram só até o início da 15 de novembro”, acrescentou.
O técnico de enfermagem Antônio Sando, de 40 anos, que participou da manifestação, confirma a situação relatada pela estudante. “A Ciptran só fechou a saída, não deu cobertura. Nós viemos sozinhos enquanto o combinado era a polícia apoiar o evento”, disse.
O Campo Grande News tentou, sem sucesso, contato com a Ciptran até o fechamento desta reportagem.
Protesto – Em Campo Grande, a “Marcha do dia do Basta à Corrupção” foi tímida e reuniu, no máximo, 150 pessoas, diferente da última manifestação que levou aproximadamente 400 envolvidos ao centro da cidade.
De máscaras, segurando faixas e com os rostos pintados nas cores da bandeira, os manifestantes pediram um basta na corrupção.
Parados no cruzamento da Afonso Pena com a rua Padre João Crippa eles gritaram em coro: “Você aí parado também já foi roubado”. A situação revoltou alguns motoristas que, sem se importar como evento, aceleravam e buzinavam a todo instante.
Faixas e cartazes exibiam mensagens de alerta, de indignação com a situação vigente no país. “A maior arma da corrupção é sua indiferença”, anunciava um dos textos.
De máscara e com o rosto pintado, a acadêmica de direito, Rose Martins, de 22 anos, afirma que a corrupção revolta qualquer um, mas é preciso atitude para mudar a realidade. “Eu tenho uma filha de 3 anos quero que ela tenha uma boa educação”, afirmou, acrescentando que, desta vez, nenhum órgão público apoiou a passeata.
Para Marco Aurelio Costa Beckr Barbosa, de 18 anos, a população é omissa porque foi condicionada, “por vários meios de alienação”, a aceitar qualquer coisa sem questionar. Mas o estudante de direito acredita em mudança e por isso resolveu participar do evento. “Acho que a curto prazo não vai mudar, mas é preciso engajamento”, enfatizou.
Segurando uma vassoura, o aposentando Antonio Alberto, de 66 anos, foi pronto para “varrer a roubalheira”. “No interior do país faltam recursos, mas em Brasília sobra corrupção”, disse.