Famílias invadem área e prefeitura desmonta nova favela às margens de córrego
Ao todo, 10 famílias tiveram de deixar a Área de Preservação Permanente localizada no bairro Jardim das Cerejeiras
Fiscais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) e agentes da Guarda Municipal retiraram 10 famílias que levantavam barracos às margens do Córrego Segredo, no bairro Jardim das Cerejeiras, em Campo Grande. Alguns já estavam vivendo naquela área há duas semanas. Para isso, eles desmataram alguns pontos e deram início à construção dos barracos.
A Semadur recebeu denúncias sobre a situação e foi até o local na manhã desta sexta-feira (27).
Um dos responsáveis pela nova ocupação é Reinaldo Rodrigues, de 32 anos, que há duas semanas tinha “fixado residência” na região, acompanhado dos quatro filhos e da esposa. Antes de ir para lá ele morava de favor na casa da sogra.
Ele não aceitou facilmente a informação de que teria de deixar o local em 20 minutos e questionou a existência de outras ocupações como aquela em outras áreas do entorno. A resistência durou pouco tempo. O suficiente para ele perceber que todos estavam indo embora.
Os filhos de Rodrigues o ajudaram a retirar as coisas do barraco. Cada um dos pertences da família foi organizado em sacos de lixo e agora eles não sabem para onde vão. “Ninguém quer fazer favela. Quer apenas um lugar para morar”, declarou.

A autônoma Taina Diulia Nunes da Silva, de 26 anos, tinha ido morar ali há uma semana, na companhia do pai e dos filhos. Antes dali, eles estavam na casa de uma amiga dela, mas a ideia era construir um barraco de madeira para a família.
Quando os fiscais chegaram, ela percebeu que o sonho havia se desmanchado juntamente com o barraco que nem tinha sido concluído. “Até onde a gente sabe não tem dono essa área. Conheço o bairro há mais de dez anos. Está abandonado”, diz se referindo ao espaço onde os barracos estavam sendo levantados. A principal preocupação dela é com a saúde do pai dela, de 52 anos.
A área desmatada pelas famílias é de Preservação Permanente e terá de ser restaurada, conforme explica a Superintendente de Fiscalização da Semadur, Gisseli Ramalho Giraldelli. Segundo ele, a área já havia sido degradada em ocasião anterior e agora o processo de recomposição da vegetação será retomado.
Sobre a queixa das famílias de outras invasões semelhantes nas redondezas, ela explica se tratar de casos antigos e afirma existir inclusive processo de reintegração de posse em andamento.
Em relação a esta última invasão, Gisseli comenta que, além do problema ambiental outra questão preocupante é a saúde das famílias. Isto porque eles despejam o esgoto no córrego e também bebem aquela água.
A superintendente enfatiza que a degradação de APP (Área de Preservação Permanente) pode ser punida no âmbito administrativo, com multa de até R$ 9 mil e na esfera criminal também.
As família foram orientadas a ir para o Cetremi (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante e População de Rua) caso não tenham para onde ir.