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Capital

Gaeco denuncia guarda municipal à Justiça por posse de arsenal de guerra

Relatório destaca que três execuções foram com fuzis calibre 762, um dos modelos apreendidos

Aline dos Santos | 08/06/2019 08:57
Marcelo Rios (ao fundo) chegando ao Centro de Triagem, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)
Marcelo Rios (ao fundo) chegando ao Centro de Triagem, em Campo Grande. (Foto: Henrique Kawaminami)

O guarda municipal Marcelo Rios foi denunciado à Justiça pela posse de arsenal, receptação e adulteração de veículo roubado. No documento, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), braço do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), aponta que “não passa despercebido que várias das execuções ocorridas recentemente em Campo Grande foram perpetradas com fuzis calibre .762, que é uns dos apreendidos em poder do denunciado”.

No rodapé do relatório, a promotoria cita, a título de exemplo, três mortes com essa arma de guerra: Ilson Martins de Figueiredo (policial militar reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e universitário Matheus Coutinho Xavier (a suspeita é de que o alvo fosse seu pai, um policial militar reformado).

O guarda municipal foi preso no dia 19 de maio, em Campo Grande, após o Garras (Delegacia Especializada de Repressão e Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros) receber denúncia de que ele tinha grande quantidade de armas de fogo, relacionadas às execuções. O Garras integra força-tarefa criada há seis meses pela Polícia Civil para investigar as mortes.

Junto com o Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar), os policiais localizaram Marcelo Rios. Na picape Saveiro que conduzia, foi encontrado um carregador de pistola 9 milímetros, de uso restrito, além de 39 pen-drives e dois celulares.

Preso em flagrante, os policiais foram a três imóveis ligados a Marcelo, nos bairros Rouxinóis, Portal Caiobá e Monte Líbano. Nesses locais, apreenderam munições, armas, boné com câmera oculta e arreador, dispositivo que libera descarga elétrica para manejo de bovino e é usado por organizações criminosas para torturas.

O arsenal estava em imóvel no Monte Líbano e incluía seis fuzis, um revólver, 17 pistolas e duas espingardas. Todas sem autorização e em desacordo com determinação legal. Também foram encontradas munições, carregadores, luneta e silenciadores.

O guarda municipal foi denunciado por crimes previstos no Estatuto do Desarmamento (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, posse irregular de arma de fogo de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e no Código Penal (receptação e adulteração de sinal identificador de veículo).

A força-tarefa encontrou com o guarda um veículo Uno com placas trocadas. O carro tem registro de roubo em fevereiro de 2017, na cidade de Várzea Grande, no Mato Grosso. A denúncia do Gaeco foi protocolada na 1ª Vara Criminal de Campo Grande.

Execuções – Ainda sobre as execuções na Capital, o relatório lembra que veículos usados nos crimes são encontrados incendiados. Conforme o documento, a estratégia do grupo de extermínio é utilizar carros furtados ou roubados.

“Diante das circunstâncias objetivas acima mencionadas, pode-se concluir que o descomunal arsenal bélico sob comento foi e/ou seria utilizado para o cometimento de crimes graves, notadamente os de homicídios dolosos, nesta Capital”.

A investigação aguarda o resultado de exames. O armamento e as munições foram remetidos à Polícia Federal para exames de eficiência, coleta de material genético, levantamento de impressão papiloscópica e confronto com os estojos e projéteis recolhidos nos locais das execuções.

Milícia – Dias após a prisão de Marcelo Rios, mais dois guardas municipais foram presos por ameaça a testemunhas. Além da profissão, os três eram colegas em outra função: segurança de empresário de Campo Grande. Os dois guardas já estão em liberdade, mas foram afastados da função.

Arsenal bélico foi apreendido em 19 de maio. (Foto: Divulgação)
Arsenal bélico foi apreendido em 19 de maio. (Foto: Divulgação)
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