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Capital

Guarda vira réu e Gaeco vê irresponsabilidade na libertação de comparsas

A Justiça aceitou denúncia contra Marcelo Rios, que virou réu por posse de arsenal

Aline dos Santos | 11/06/2019 11:01
Guardas municipais em 28 de maio, quando chegaram ao Centro de Triagem. A liberdade foi concedida em 31 de maio. (Foto: Kisie Ainoã)
Guardas municipais em 28 de maio, quando chegaram ao Centro de Triagem. A liberdade foi concedida em 31 de maio. (Foto: Kisie Ainoã)

A Justiça aceitou denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e o guarda municipal Marcelo Rios virou réu pelos crimes de posse de arsenal, receptação e adulteração de veículo roubado. Há suspeita de que as armas estejam ligadas a uma série de execuções em Campo Grande.

Em outra frente, o Ministério Público pede que dois guardas municipais, colegas de Rios na profissão e na segurança particular de um empresário, voltem para a prisão. O recurso apresentado por quatro promotores critica que a liberdade chega “às raias da irresponsabilidade”.

O juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, em substituição legal na 1ª Vara Criminal de Campo Grande, aceitou a denúncia contra Marcelo Rios e estabeleceu prazo de dez dias para apresentação da defesa.

O guarda municipal foi denunciado por crimes previstos no Estatuto do Desarmamento (posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, posse irregular de arma de fogo de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e no Código Penal (receptação e adulteração de sinal identificador de veículo).

A polícia encontrou com o guarda um veículo Uno de placas trocadas. O carro tem registro de roubo em fevereiro de 2017, na cidade de Várzea Grande, no Mato Grosso.

O guarda municipal foi preso no dia 19 de maio, em Campo Grande, após o Garras (Delegacia Especializada de Repressão e Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros) receber denúncia de que ele tinha grande quantidade de armas de fogo, relacionadas às execuções. O Garras integra força-tarefa criada há seis meses pela Polícia Civil para investigar as mortes.

Junto com o Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar), os policiais localizaram Marcelo Rios. Na picape Saveiro que conduzia, foi encontrado um carregador de pistola 9 milímetros, de uso restrito, além de 39 pen-drives e dois celulares.

Preso em flagrante, os policiais foram a três imóveis ligados a Marcelo, nos bairros Rouxinóis, Portal Caiobá e Monte Líbano. Nesses locais, apreenderam munições, armas, boné com câmera oculta e arreador, dispositivo que libera descarga elétrica para manejo de bovino e é usado por organizações criminosas para torturas.

O arsenal estava em imóvel no Monte Líbano e incluía seis fuzis, um revólver, 17 pistolas e duas espingardas. Todas sem autorização e em desacordo com determinação legal. Também foram encontradas munições, carregadores, luneta e silenciadores.

Arsenal, incluindo fuzis, foi apreendido com Marcelo Rios em 19 de maio. (Foto: Clayton Neves)
Arsenal, incluindo fuzis, foi apreendido com Marcelo Rios em 19 de maio. (Foto: Clayton Neves)

Milícia – Em 22 de maio, os guardas municipais Robert Vitor Kopetski e Rafael Antunes Vieira foram presos por ameaça a testemunhas. A liberdade foi concedida dias depois, em 31 de maio. A juíza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, Eucélia Moreira Cassal, impôs medidas cautelares em substituição à prisão preventiva, como o comparecimento mensal em juízo, proibição de deixar a cidade no decorrer da investigação e manter distância de 300 metros da testemunha.

No recurso, os promotores Cristiane Mourão, coordenadora do Gaeco, Marcelo Ely, Tiago Di Giuli Freire, Gerson Eduardo de Araújo pedem a revogação das medidas cautelares e a expedição de mandados de prisão dos guardas e também do segurança Flávio Narciso Morais Silva.

“Conceder-lhes liberdade provisória sob o pífio argumento de que a prisão por 10 dias foi o suficiente para restabelecer a ordem pública chega às raias da irresponsabilidade para com a vida de terceiros que, mesmo diante de um quadro criminoso extremamente grave, se dispuseram a dizer o que sabem perante a autoridade policial”, afirma o pedido do Gaeco. Os guardas foram afastados da função.

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