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Capital

Índios vão à Assembleia lembrar que fim de cestas básicas gera desnutrição

Rosana Siqueira e Liniker Ribeiro | 06/03/2020 15:41
Representantes indígenas estiveram no plenário da Assembleia Legislativa de MS durante audiência pública, na tarde desta sexta-feira (Foto: Kísie Ainoã)
Representantes indígenas estiveram no plenário da Assembleia Legislativa de MS durante audiência pública, na tarde desta sexta-feira (Foto: Kísie Ainoã)

O aumento da violência e até a volta da desnutrição ronda as aldeias indígenas com o corte do fornecimento de cestas básicas por parte da Funai. O alerta foi feita hoje por lideranças indígenas que estiveram na Assembleia Legislativa durante a audiência pública “Em Defesa do Direito Humano à Alimentação Adequada das Comunidades Indígenas do Mato Grosso do Sul". O evento foi promovido pela Frente Parlamentar Estadual em Defesa da Segurança Alimentar e Nutricional (FPSAN) - aconteceu no Plenário Deputado Júlio Maia, por proposição do coordenador do grupo, deputado Cabo Almi (PT).

De acordo com Alberto Terena, que é professor e representante da Buriti, em Dois Irmãos do Buriti onde existem 4.500 indígenas, a paralisação do fornecimento de cestas implica em graves problemas para a comunidade. “Desde o fim do ano a entrega foi paralisada. Já temos outras dificuldades como, por exemplo, a luta para ter o território por completo. Agora sem o serviço as famílias não tem como se manter. A falta das cestas deixou a situação ainda mais complicada. Por isso quero aproveitar o momento em que a assembleia está de portas abertas para falar de outras situações que ameaçam os diretos deles”, enfatizou.

Alberto Terena, um dos líderes indígenas e representante da comunidade da região de Caarapó (Foto: Kísie Ainõa)
Alberto Terena, um dos líderes indígenas e representante da comunidade da região de Caarapó (Foto: Kísie Ainõa)

O coordenador do conselho terena também enfatizou a necessidade de ampliar debates sobre a questão fundiária. “Na comunidade temos toda uma geração que precisa sonhar junto com os pais, por isso a questão fundiária é tão importante, assim como a retomada da redistribuição das cestas porque a famílias sofrem muito”, salientou.

Os indígenas querem ter os direitos assegurados, segundo Alberto. “O Governo Federal tem uma dívida e isso deve ser reparado com as famílias”, explicou lembrando que na comunidade, os índios estão sobrevivendo apenas com as produções próprias de pequenas lavouras.

Para a liderança guarani de Caarapó, Otoniel Guarani, na comunidade existem aproximadamente 9 mil indígenas. Ele afirmou que a distribuição das cestas pararam em janeiro. Para ele o maior temor é que este cenário possa prejudicar a saúde da população indígena.“Essa situação prejudica a saúde dos indígenas, que há três anos viveram graves problemas de desnutrição”, alertou.
Ele ainda defendeu que Governo não pode cortar a distribuição de algo que é direito deles. “Além de afetar diretamente a saúde e algo que pode gerar violência”, finalizou.

Para o deputado estadual do PT, Cabo Almi, o tema é de grande importância para o nosso Estado. “A Frente Parlamentar objetiva, em conjunto com outros atores dos movimentos sociais, debater alternativas para a situação imposta”, destacou o parlamentar. A segurança alimentar de comunidades indígenas já foi tema de debate na tribuna da Casa de Leis em 2020, após a interrupção da distribuição de cestas básicas aos assistidos.

Além disso ele explicou que a realização da referida audiência é uma solicitação da Defensoria Pública da União, por conta da grave violação à segurança alimentar de indígenas em Mato Grosso do Sul”, pontuou Almi.

Plenário lotado durante audiência pública para discutir paralisação da distribuição de cestas básicas as comunidades indígenas (Foto: Kísie Ainõa)
Plenário lotado durante audiência pública para discutir paralisação da distribuição de cestas básicas as comunidades indígenas (Foto: Kísie Ainõa)
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