Juiz diz que ‘brincadeira’ em lava jato é homicídio e manda caso para colega
Atitude foi ‘imbecilidade oceânica’, destacou magistrado; pedidos de prisão de agressores serão analisados por juiz de uma das varas de crimes dolosos contra a vida

O juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande, declinou da responsabilidade de julgar os pedidos de prisão contra Thiago Giovanni Demarco Sena, 20 anos, e Willian Henrique Larrea, 30, por considerar que a agressão no lava jato deve ser julgado como homicídio doloso (quando há a intenção de matar). Ele remeteu os processos para as varas do Tribunal do Júri.
Até então, a morte de Wesner Moreira da Silva, 17 anos, agredido com mangueira de alta pressão, era investigado como lesão corporal seguida de morte.
- Leia Também
- Juiz diz que ‘brincadeira’ em lava jato é homicídio e manda caso para colega
- MPE diz que há elementos fortes de crime sobre caso de lava jato
Por isso, os pedidos de prisão preventiva dos acusados foram encaminhados à 7ª Vara Criminal, onde Marcelo Ivo atua como titular. No entanto, o magistrado entendeu que “a situação se trata de um homicídio inicialmente na forma tentada e agora consumado, em razão da morte da vítima”, conforme divulgou no fim de tarde desta quarta-feira (16) a assessoria de imprensa do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).
“Além do ato praticado pelos indiciados ser revestido de uma imbecilidade oceânica, não há como alegarem que o ato por eles praticado não poderia causar a morte de uma pessoa”, destacou o juiz no despacho.
“Assim, quando alguém direciona uma mangueira de ar comprimido contra o corpo de outrem, pode até dizer que não se está tentando matar o outro, mas qualquer pessoa minimamente sana sabe que injetar uma mangueira de ar comprimido em alguém, provavelmente causará a sua morte ou, ao menos, sérias lesões”, acrescentou.
Para Marcelo Ivo de Oliveira o crime deve ser tratado como homicídio com dolo eventual, pois os indiciados assumiram o risco de matar Wesner durante a “brincadeira”.
Os pedidos de prisão tramitam em sigilo por envolver vítima adolescente.
Crime – Quem fez a denúncia contra a dupla foi o primo da vítima, de 28 anos, na sexta-feira (3), mesmo dia do crime. No relato à delegacia, o rapaz disse que o adolescente “brincava com os colegas de trabalho”, quando um dos homens o agarrou e o dono do estabelecimento inseriu a mangueira de ar comprimido no ânus do garoto.
Wesner teve hemorragia grave e uma parada cardiorespiratória na Santa Casa nesta terça-feira (14). Segundo a assessoria de imprensa do hospital, onde o adolescente de 17 anos estava internado há 11 dias, ele morreu às 13h35 desta terça-feira (14) depois que médicos tentaram reanimá-lo por 45 minutos.