ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, SEXTA  10    CAMPO GRANDE 25º

Capital

Juíza manda investigar prisão de mulher que diz ter sido "jogada em camburão"

Motorista de 58 anos foi presa na sexta-feira e fez reclamação em pedido de liberdade, que foi concedido

Marta Ferreira | 03/05/2021 18:10
Foto anexada ao processo mostra corte no dedo da mulher presa. (Foto: Reprodução de processo)
Foto anexada ao processo mostra corte no dedo da mulher presa. (Foto: Reprodução de processo)

Presa na noite de sexta-feira (30) - enquadrada em seis ilícitos, entre eles dirigir embrigada e resistir a prisão, a funcionária pública Neide Peretto Prado, 58 anos, alegou ter sido vítima de truculência policial em pedido de liberdade provisória, que acabou acatado pela juíza Jaqueline Machado, durante o plantão do fim de semana. A magistrada determinou o envio da denúncia para investigação do órgão do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) responsável por fiscalizar o trabalho policial.

Anexada ao processo, uma fotografia mostra o dedo machucado da mulher. Ela sofreu um corte quando foi colocada na viatura para ser levada presa.

“Algemaram a requerente e a jogaram com toda força no compartimento de transporte lhe causando um ferimento em seu dedo indicador da mão direita”, descreve a petição do advogado Ronaldo Dias.

“Apertaram forte as algemas que os pulsos ficaram com vermelhidão e escoriações”, continua.

Para ele, são “fatos desnecessários por ser uma senhora de 58 anos”.

Não foi assim - Na argumentação do defensor, o episódio não ocorreu conforme narrado pela equipe da Polícia Militar que levou a mulher até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento) do Centro, na Rua Padre João Crippa, onde o flagrante foi homologado pelo delegado Danilo Mansur.

O relato dos PMs é de que foram xingados pela mulher, e que ela os ameaçou, dizendo que ligaria para o superior deles, depois de ser flagrada fazendo zigue-zague com o veículo no qual estava, pela pista da Avenida Julio de Castilhos.

Segundo afirmaram no boletim de ocorrência, a motorista chegou a transitar pela contramão da via. Ao ser abordada, não quis fazer o teste de alcoolemia e, segundo informado, ofendeu a equipe, em tom agressivo.

Acabou presa, algemada e colocada no camburão da viatura, por diririr embriagada, por direção perigosa, resistência, desacato . Como já estava fora do horário do toque de recolher, também foi enquadrada em infração à medida sanitária.

O relato policial diz que toda a confusão começou porque a mulher queria entrar de novo no carro, já depois de ser abordada, o que foi negado. A tentativa era de pegar um cigarro.

A defesa disse à Justiça que ela admitiu ter bebido, mas alega desproporção na reação dos agentes de segurança pública.

Uma senhora com 58 anos de idade, qual seria a tamanha força para se oposuer (sic) a execução de ato legal, ainda mais com violência, sendo que do outro lado estavam 4 (quatro) policiais militares do sexo masculino”, afirma o advogado.

Nas palavras dele, “não tem como se medir as forças nesse caso”.

Neide Peretto Prado teve o flagrante homologado pelo delegado e passaria por audiência de custódia só nesta segunda-feira.

Antes disso,  no dia 1º de maio, a defesa entrou com pedido de liberdade provisória sem fiança. O promotor de plantão, Sílvio Amaral Nogueira Lima, defendeu a liberdade, mas com pagamento de fiança de R$ 5 mil.

A juíza plantonista, Jaqueline Machado, decidiu liberar a servidora sem fiança, impondo a ela medidas restritivas de liberdade. Não pode sair da cidade por mais de 10 dias sem comunicar a Justiça e tem que se apresentar a cada dois meses.

“Em razão da notícia de agressão sofrida por ocasião da prisão (do corte no dedo da flagrada, no momento da entrada no camburão), encaminhe-se cópia dos autos ao Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GACEP), para as providências que reputar cabíveis”, acrescentou a magistrada.

Foi determinado pela autoridade a realização de exame de corpo de delito. A reportagem apurou que seria feito nesta tarde.

Procurada, a Polícia Militar manifestou-se sobre o caso afirmando que, de acordo com os auto, “foi necessário por parte dos policiais militares o uso da força moderada para conter a condutora e encaminhá-la em flagrante por desacato, resistência, desobediência, direção perigosa em via pública e conduzir veículo com capacidade psicomotora alterada”.

Foi tentado contato com Neide, vi advogado, mas ela não respondeu ao pedido da reportagem para falar do assunto.

Nos siga no Google Notícias