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Capital

Lacen deve começar a realizar exames da Chikungunya dentro de dois meses

Flávia Lima | 09/04/2015 15:52
oordenador do Programa Nacional de Dengue e Chikungunya, Giovanini Coelho diz que o Ministério da Saúde agilizou verbas e compra de material para produção de kits. (Foto:Alcides Neto)
oordenador do Programa Nacional de Dengue e Chikungunya, Giovanini Coelho diz que o Ministério da Saúde agilizou verbas e compra de material para produção de kits. (Foto:Alcides Neto)

O Laboratório Central de Campo Grande deve entrar, nos próximos dois meses, na lista de locais que já realizam o exame que atesta a febre Chikungunya. Segundo o diretor do Lacen, Luiz Henrique Ferraz Demarchi, em outubro uma bióloga do laboratório participou de uma capacitação que reuniu profissionais de todos os Lacens do país, habilitando esses especialistas a realizarem os exames.

Para concluir o processo, basta receber do Ministério da Saúde os kits com os insumos utilizados no diagnóstico da doença. Com isso, o tempo de espera dos resultados cairia de cinco meses para cinco dias. A informação foi dada durante a abertura do 1º Seminário do Centro-Oeste de Chikungunya, realizado até esta sexta-feira (10), na universidade Uniderp-Anhanguera.

O evento reúne profissionais do SUS, representantes de instituições que integram a rede pública e privada de saúde, estudantes de graduação e pós-graduação, docentes e pesquisadores de diversas regiões do Brasil. Entre os temas discutidos estão ações de manejo clínico; ações de controle; de vigilância e ações para o controle e manejo da dengue.

O coordenador do Programa Nacional de Dengue e Chikungunya, Giovanini Coelho afirma que um acordo entre o governo brasileiro e dos Estados Unidos possibilitou a doação da matéria prima para a produção de insumos antígenos, garantindo a produção local. “Paralelo a essa iniciativa estamos comprando kits que podem oferecer 200 mil reações para serem distribuídos em toda a rede”, diz Giovanini. Ele também destaca que desde a chegada do vírus, ano passado, o governo federal já liberou mais de R$ 150 milhões para os estados e municípios combaterem a doença.

Como o Laboratório Central da Capital ainda não faz os exames, os pedidos são encaminhados ao Instituto Evandro Chagas, no Pará, o único laboratório da América Latina a possuir o vírus Chikungunya para produção de antígeno e anticorpos utilizados no diagnóstico da patologia. Devido a demanda, os resultados demoram, em média, seis meses, o que dificulta o tratamento dos sintomas, já que sem uma comprovação os médicos ficam restritos aos tipos de medicamentos que podem ser administrados.

Essa demora prolonga o sofrimento do paciente, já que a febre Chikungunya causa dores nas articulações tão severas que em alguns casos o paciente não consegue, sequer, fechar a mão para segurar no volante do carro, sem mencionar que essas dores podem prolongar até mais de um ano. “Existem pessoas que ficam impossibilitadas até de teclar no celular”, afirma o coordenador da Fiocruz no Estado, Rivaldo Venâncio da Cunha, que participa

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul notificou, desde 2014, 108 casos de febre Chikungunya no Estado. Desse total, 83 aguardam confirmação e 24 já foram descartados ano passado. Apenas um caso foi confirmado em 2014, em Campo Grande.

Sobre a demora em obter os resultados, Giovanini Coelho afirma que o Instituto Evandro Chagas é referência internacional, por isso recebe solicitações de exames de todos os estados, no entanto o coordenador enfatiza que outros laboratórios estaduais também realizam os testes, como no Distrito Federal, Ceará, Bahia e Paraná.

Outra opção

Outra alternativa que pode agilizar ainda mais os exames, é o trabalho de pesquisa, que já dura três anos, da equipe liderada pela virologista Claudia Nunes Duarte dos Santos, coordenadora do laboratório de virologia molecular do Instituto Carlos Chagas, no Paraná. Os especialistas conseguiram isolar o vírus causador da febre chikungunya em amostras humanas originárias de Feira de Santana, na Bahia.

O gene do vírus foi sintetizado quimicamente e a partir dele foi produzida uma proteína recombinante. Era possível realizar os insumos antígenos recombinantes para fazer o diagnóstico, mas não havia amostras de soro de pacientes. A intenção é que esse kit desenvolvido pela equipe do ICC do Paraná posa apresentar o resultado do exame em 15 minutos.

O coordenador da Fiocruz em Mato Grosso do Sul, Rivaldo Venâncio explica que a demora atual em conseguir os resultados, se explica, além da demanda, pelo caráter artesanal de produção do kit utilizado para testes. “O sangue suspeito é inoculado no cérebro do camundongo, que às vezes morre antes da equipe obter o resultado”, detalha.
Devido a lentidão, na maioria das vezes, o diagnóstico é obtido através da combinação de informações sobre uma região onde o vírus está circulando, com os sintomas de febre e dores articulares.

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