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Capital

Lixo em terrenos é força extra para fogo em época de seca e queimadas

Quantidade de entulhos, restos de árvores e embalagens dificultam trabalho de equipes do Corpo de Bombeiros

Liniker Ribeiro | 18/06/2019 06:17
Restos de comida, embalagens e diversos outros lixos em terreno às margens de rua no Vilas Boas (Foto: Liniker Ribeiro)
Restos de comida, embalagens e diversos outros lixos em terreno às margens de rua no Vilas Boas (Foto: Liniker Ribeiro)

O tempo seco, associado às altas temperaturas e o descaso da população em fazer o descarte errado de entulhos, restos de poda de árvore e até comida ou embalagens, tem provocado o aumento de incêndios em terrenos baldios, na Capital. A presença de lixo nesses locais, inclusive, tem contribuído para o agravamento dos casos e dificultado o combate ao fogo.

“O lixo interfere no trabalho, acaba gerando uma combustão maior, principalmente se no meio de tudo tiver plástico. Dependendo da forma como as chamas e fumaças se espalham, podem chegar à vizinhança e agravar casos de doenças respiratórias” ressalta o tenente do Corpo de Bombeiros, Paulo Cordeiro.

Outra situação que contribui para o aumento na demanda de ocorrência de incêndio, conforme o militar, é o fato de proprietários e até mesmo vizinhos de terrenos baldios optarem por fazer a limpeza da sujeira da forma inapropriada. “É um problema cultural da cidade, onde, na maioria das vezes, a pessoa opta por limpar os terrenos colocando fogo”, afirma.

Quantidade de garrafas impressiona em terreno de outro ponto do Vilas Boas (Foto: Liniker Ribeiro)
Quantidade de garrafas impressiona em terreno de outro ponto do Vilas Boas (Foto: Liniker Ribeiro)
Tenente Paulo Cordeiro, do Corpo de Bombeiros (Foto: Liniker Ribeiro)
Tenente Paulo Cordeiro, do Corpo de Bombeiros (Foto: Liniker Ribeiro)

Em alguns casos, a dificuldade em combater o princípio de incêndio é tanta, que faz com que equipes do Corpo de Bombeiros sejam acionadas por mais de uma vez, em pouco tempo, para atuar em um mesmo local. Na última sexta-feira (14), por exemplo, duas viaturas estiveram no período da manhã em um terreno da Rua Marquês de Herval e, na parte da tarde, uma outra teve de voltar ao local para novamente controlar o fogo.

A estimativa é de que pelo menos 5 hectares tenham sido consumidos pelo incêndio. Para o tenente Cordeiro, além da dificuldade, a alta demanda também afeta em outros setores. “Além de tirar o bombeiro que poderia estar atuando no resgate de pessoas e no atendimento a acidentes, mobiliza viaturas ABT (Auto Bomba Tanque), que atuam no combate de incêndios em prédios e residências, para combater o fogo no mato”, ressalta.

Ainda segundo o militar, a fumaça que resulta dos incêndios também tem aumentado as ocorrências por doenças e dificuldades respiratórias. Isso acaba aumentando a demanda até do transporte de pessoas para unidades de saúde.

Exemplos – E não é preciso perder muito tempo procurando por terrenos com muita sujeira. Só no Vilas Boas, região oeste da Capital, são mais de três casos.

Na Rua Antônio Francisco Lisboa, a fumaça ainda era visível. No local, restos de um coqueiro, garrafas e entulhos são alguns dos lixos que foram queimados junto com o mato. Perto dali, na Rua Nicomedes Vieira de Rezende, a quantidade de garradas acumuladas impressiona.

No local, é possível percorrer metros de distância por onde objetos e restos de lixo foram despejados. Marcas indicam que um incêndio queimou parte de um terreno, mesmo assim, ainda é grande a quantidade de sujeira.

A dona de casa Elizabete Simões, de 49 anos, mora na Rua Miguel Sutil e também sofre com as ocorrências. “Tempo seco, muita tosse, hoje de manhã mesmo eu tive falta de ar. A fumaça incomoda muito e as crianças sofrem ainda mais. Normalmente são pessoas que trabalham com jardinagem que despejam lixo aqui”, revelou.

Restos de bananeira em terreno baldio que recentemente pegou fogo (Foto: Liniker Ribeiro)
Restos de bananeira em terreno baldio que recentemente pegou fogo (Foto: Liniker Ribeiro)

Estatísticas – Conforme o Corpo de Bombeiros, só nas primeiras duas semanas de junho, foram registrados 487 atendimentos a incêndios em terrenos baldios. O número é muito maior do que em 2018, quando foram 43 ocorrências. Apesar disso, as condições climáticas eram diferentes.

“Temos que levar em consideração que o período de estiagem, ano passado, começou mais tarde. Tanto que nossas equipes ainda estão em fase de preparação”, afirmou o tenente Cordeiro.

Segundo ele, até o fim do mês, de 2 a 3 viaturas devem atender exclusivamente casos de incêndio em terrenos. “Uma ficará no Comando Geral, outra na unidade Costa e Silva e uma no Parque dos Poderes”, declarou. Com isso, cerca de 12 militares atenderão as ocorrência diariamente.

Cordeiro lembra que é crime previsto na legislação municipal, que prevê multa de até 5 salários mínimos, assim como federal, multa aplicada pelo juiz e até 2 anos de prisão. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 156.

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