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Capital

Moradores de rua lotam Orla Ferroviária e moradores reclamam de ameaças

Local é novo foco de concentração para quem vivia na antiga rodoviária

Aletheya Alves | 28/05/2020 09:08

Moradores e comerciantes do entorno da Orla Morena reclamam de "abordagens ameaçadoras" de moradores de rua. Leitora diz que contato "mais violento" tem se tornado comum na região da Orla Ferroviária.

Estacionar o carro perto da Orla era prática rotineira para Márcia Caldeiras, de 42 anos. Ela diz que precisou mudar os hábitos nos últimos meses por não saber como reagir. “Fui abordada por um morador querendo dinheiro. Ele estava vindo para cima de mim, fiquei nervosa e acabei sendo acalmada por outro que estava por perto”. conta.

Em outra ocasião, a situação foi ainda mais tensa, garante.  “Estava com meu filho no carro, aí o morador disse que não ia sair da frente se eu não desse dinheiro. Começou a gritar e só saiu quando encontrei uma moeda. A gente sabe que é um problema complexo. Mas todo mundo fica refém ali”.

Proprietária de lanchonete há mais de dez anos, que preferiu não se identificar, diz que o aumento de moradores de rua na Orla Ferroviária tem sido visível nos últimos meses, apesar de operação da prefeitura em abril, que retirou pessoas na região por conta da covid-19 e encaminhou para escolas públicas.

“Como eles não podem ficar na antiga rodoviária, vieram para cá. O problema é o nervosismo quando a gente não dá comida ou dinheiro que pedem”.

Moradores de rua migraram para região da Orla Ferroviária. (Foto: Paulo Francis)
Moradores de rua migraram para região da Orla Ferroviária. (Foto: Paulo Francis)

Também em abril, a Polícia Militar também resolveu intensificar as rondas na região e instalou uma base móvel na antiga rodoviária por tempo indeterminado. O resultado foi a migração dessa população para outras partes da cidade.

A comerciante conta que rondas policiais também são frequentes no local, mas que não resolvem muita coisa. "Eles somem quando a polícia aparece. Algumas situações também prejudicam. Eles tentam cortar os cabos de energia para vender e ficar sem luz, aí conseguem fazer as coisas mais escondidas”.

 “É um problema social mesmo, tem muita gente com outras doenças aqui, que não se trata porque é viciado em droga".

Ela diz que a violência geralmente acontece quando os moradores estão sob efeito de drogas, mas que diminuição de circulação de pessoas nas ruas e, consequentemente, das esmolas, pode ser um fator de piora.

Para verificar, a reportagem foi até o local e observou um pouco da rotina. Os moradores e usuários de drogas migram de um lado para o outro conforme algo diferente acontece. A chegada de viatura da Guarda Civil Metropolitana foi o que mais interrompeu as atividades. O veículo chega e todos se dispersam, avisando que a polícia está pelo local.

Presença da Guarda dispersa quem acabou transformando a Orla em casa. (Foto: Paulo Francis)
Presença da Guarda dispersa quem acabou transformando a Orla em casa. (Foto: Paulo Francis)

Assistência Social - Não saber o que fazer e como resolver o problema nas bases é depoimento geral de quem convive com os moradores. Sobre os programas realizados, a Secretaria Municipal de Assistêncial Social informou que a população que vivia nos entornos da antiga rodoviária recebeu proposta dos acolhimentos emergenciais para o período da pandemia.

Quem aceitou está acolhido em duas escolas da rede municipal. Além desse programa em específico, o Serviço Especializado de Abordagem também trabalha na região central e bairros da Capital. As equipes vão até os locais e oferecem os serviços sociais do Centro Pop e acolhimentos.

A Secretaria reforça que os moradores só são encaminhados caso haja aceite do usuário dos serviços, conforme a Constituição Federal de 1988 e os Diretos Inerentes a Pessoa Humana.

Para denúncias, a população pode entrar em contato pelos números (67) 97404-7529 e (67) 98471-8149. 

Rondas - Questionada sobre ações tomadas, equipe da Guarda Civil Metropolitana que atende a região informou que várias pessoas, que aceitam, são levadas diariamente para programas de assistência social.

Ao Campo Grande News, a assessoria da Guarda informou que só age em último caso. "A questão desses moradores de rua e dependentes químicos é um problema de saúde pública e de assistência social, a segurança aparece em último lugar, atuando somente quando a situação já saiu de controle".

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