Mudanças no trânsito que causam mais confusão e acidentes na Capital
Com o objetivo de desafogar o fluxo de veículos, a mudança de sentido em vias de Campo Grande, que de mão dupla passam a ser contramão, e vice-versa, confunde e pega muitos motoristas de surpresa. O resultado, contam moradores que acompanham de perto as alterações, são muitas trapalhadas no trânsito e graves acidentes.

No Jardim Imá, o transtorno é para quem trafega pela rua Brasília. Para quem está na avenida Duque de Caxias e entra na rua, sentido bairro, a via é mão dupla. Porém, no cruzamento com a rua Curitiba, passa a ter sentido único.
“A maioria não percebe e passa direto. Esses dias mesmo, um motoqueiro estava na contramão, provavelmente sem saber, e uma motorista desavisada chegou a subir no meio-fio para desviar dele, depois veio até nós, muito abalada”, conta José Carlos Nunes, 45 anos, que há dois e meio é dono de um mercado no local.
A sinalização alertando o motorista existe – no cruzamento, uma placa indica que não é permitido seguir em frente, além da cor das faixas que dividem as pistas, que de brancas passam a ser amarelas.
Mas a mão única no trecho desagradou tanto os moradores que eles organizam um abaixo-assinado. “O fato é que a Brasília é a rota mais curta que liga a avenida Julio de Castilhos com a Duque, e o fluxo é muito grande por ser um atalho para o aeroporto. A mudança ainda gera muita confusão, até para que mora por aqui, imagine para quem não conhece a região”, afirma o aposentado José Ferreira, 57 anos.

Via Morena – Outro cruzamento que faz a cabeça dos motoristas entrarem “em parafuso” é o da avenida Fábio Zahran, a Via Morena, com a rua Bernardo Franco Baís, na Vila Carvalho.
“Se o motorista não conhecer, não vai saber mesmo o que tem que fazer”. As palavras do professor Artur Bezerra, 26 anos, resumem o que acontece na esquina.
Para quem está na Bernardo Franco, é proibido cruzar a Fábio Zahran, sentido Centro. A alternativa é fazer uma conversão à direita na Via Morena, fazer o retorno cerca de 100 metros à frente, pegar a avenida no sentido oposto e, então, virar à direita na Bernardo Franco.
“Uns não querem ter o trabalho de fazer essa volta e seguem direto, outros se confundem mesmo”, acrescenta Bezerra, que mora há dez anos no bairro.
O caos é maior na hora do rush, porque quem sobe a Bernardo Franco, sentido bairro, pode virar à esquerda na Fábio Zahran, mas corre o risco de colidir com o motorista que desrespeita a placa que informa sobre o sentido único.

Agetran – Diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), o engenheiro Jean Saliba afirma estar ciente do “descontentamento” dos moradores da região do Jardim Imá. Ele explica que a origem do problema da rua Brasília está na forma como o projeto de revitalização da Júlio de Castilhos foi concebido e, por ora, a administração não pode fazer mudanças.
“Temos vínculo contratual com a empreiteira contratada para implantar o projeto e, enquanto não for concluído, não podemos atender à solicitação para que a via volte a ser mão dupla”, justifica, sem descartar que, ao fim do contrato, a mudança seja possível.
Sobre o cruzamento da Via Morena, Saliba afirma que enviará uma equipe do órgão para verificar o problema, mas reforça que, como a via é sinalizada, o motorista deve estar atento.