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Mulher havia acabado de deixar UPA quando foi estuprada em praça

Companheira tem problemas de memória, epilepsia e estava dopada de remédios, conta Gilberto da Silva, 38

Por Anahi Zurutuza e Antonio Bispo | 15/10/2023 13:23
Mulher havia acabado de deixar UPA quando foi estuprada em praça
Gilberto Oscar da Silva, de 38 anos, se identifica como hippie “no trecho” há 6 anos, dormia ao lado da mulher quando ela foi violentada (Foto: Paulo Francis)

Dopada de remédios após ter duas crises convulsivas e ficar internada por dois dias, a mulher de 43 anos que foi estuprada enquanto dormia na Praça Ary Coelho, em Campo Grande, havia acabado de deixar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) quando sofreu a violência. Quem conta é o companheiro dela, Gilberto Oscar da Silva, de 38 anos, que se identifica como hippie, “no trecho” há 6 anos.

Ele conheceu a companheira há um ano e dois meses, em Torres, no Rio Grande do Sul, quando ela decidiu segui-lo nas viagens que faz pelo país e para fora do Brasil vendendo artesanato. A mulher, porém, tem epilepsia e como toma forte medicação, desenvolveu também problemas de memória. “Ela tem problema no cérebro e não se lembra. Ela não sabe o que passou. Toda vez que ela acorda, eu faço isso. Todos os dias, eu tenho que sentar com ela, conversar, explicar e dizer onde a gente tá, o porquê de estar aqui, o que a gente tem que fazer”, afirma.

Gilberto diz ser o protetor da mulher, embora não tenha acordado, na noite de sexta-feira (13), para defendê-la. Ele diz que os dois vendem artesanato na Praça Ary Coelho, mas não dormem por lá. O casal encontrou, a duas quadras dali, uma marquise onde “monta acampamento”.

“Só que aquele dia, como ela estava muito cansada e sob efeito da medicação, quando fechou o parque, a gente deitou naquele lado [Rua 14 de Julho], porque ali tem gente que passa na sexta-feira entregando marmita. Só que eu e ela estávamos cansados. Ela devido à medicação e eu, porque fazia dois dias que não dormia [cuidando da mulher na UPA]. A gente deitou para descansar e os dois capotaram. Eu fui acordado pelo guarda”, explicou.

Nesta manhã, quando a reportagem encontrou o casal, a vítima também dormia pesado. Depois da violência que sofreu, à lista de medicações que ela já toma foi acrescentado o coquetel contra DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). “Ela está tomando uns 20 comprimidos por dia”, afirma o companheiro.

O hippie conta que os dois estão em Campo Grande há um mês e que não fazia ideia de quem era o homem que abusou da mulher. “O guarda chegou e falou: ‘o senhor tá ciente do que tá acontecendo?’ Eu disse que não, que a gente tava [sic] dormindo. Eles disseram: ‘a gente tá acompanhando vocês pelas câmeras desde que vocês deitaram, e a gente viu uma situação que tá acontecendo’. E ele me falou: ‘o senhor conhece esse cidadão?’ e eu respondi que não. Nunca vi na minha vida, não convive aqui. Ele: ‘pois é, esse homem estava tentando abusar da sua senhora’”, relata Gilberto, acrescentando que ficou bastante revoltado.

O artesão afirma que apesar da falta de segurança, o casal decidiu seguir os planos. “É muito triste. Nunca aconteceu uma situação dessas com a gente. Todo lugar que a gente chega, a gente é bem recebido, bem acolhido, mas vamos seguir. Na quinta-feira, vamos para Aquidauana, depois Corumbá e Minas Gerais. Em dezembro e janeiro, a gente vai ficar no Rio por causa da alta temporada de turistas. Em fevereiro, vamos para a Bahia”.

Mulher havia acabado de deixar UPA quando foi estuprada em praça
Câmera de segurança do monitoramento do Centro filmou estupro (Foto: GCM/Divulgação)

A ocorrência – Homem identificado como Antônio Derivan de Araújo, 59 anos, foi preso na sexta-feira, por estupro de vulnerável. O abuso foi flagrando pela Guarda Civil Metropolitana através das câmeras de segurança que monitoram a região central.

Nas imagens, é possível ver que o abusador se deita ao lado da mulher, que dorme profundamente e a certa altura, ele tira a parte debaixo da roupa da vítima, abaixa a bermuda e faz movimentos como se tivesse mantendo relação sexual com ela. Desacordada, a mulher não esboça reação.

Conforme o registro da ocorrência, a equipe da Guarda abordou Antônio, que negou o crime. Ele, contudo, foi preso em flagrante e levado para a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). A vítima também foi ouvida e passou por atendimento médico.

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