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Capital

No vai e vem dos ônibus, Pit Stop pela Vida fala de depressão e suicídio

Equipe da Semed madrugou numa das mais movimentadas plataformas de passageiros do transporte coletivo para conversar e panfletar

Anahi Zurutuza e Clayton Neves | 10/09/2019 07:53
No vai e vem dos ônibus, Pit Stop pela Vida fala de depressão e suicídio
No Morenão, estudantes a caminho da escola são alvos de ação de conscientização (Foto: Henrique Kawaminami)

Equipe da Semed (Secretaria Municipal de Educação) madrugou no Terminal Morenão, por onde embarcam e desembarcam milhares de passageiros diariamente, para conscientizar sobre sintomas da depressão, casos de automutilação e outros sofrimentos mentais que levam ao suicídio. A plataforma é frequentada por centenas de estudantes a caminho da escola e também pelos pais desses adolescentes e por isso foi escolhida como ponto de partida para mais uma ação do Setembro Amarelo.

Desde maio do ano passado, a secretaria passou a registrar estatisticamente casos de depressão e de automutilação identificados entre os alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino). Os números são alarmantes, segundo Alélis Gomes, Superintendente de Gestão e Normas da Semed.

De janeiro até agora, foram 4,8 mil casos de depressão identificados e encaminhados para tratamento. Setenta e oito estudantes foram flagrados com marcas de automutilação.
Entre janeiro e maio deste ano, 180 crianças e jovens, de 10 a 19 anos, tentaram deixar de existir.

“A principal maneira de ajudar é com a escuta, muitas vezes essas pessoas só precisam ser ouvidas. Estamos dando a oportunidade para que as pessoas falem e ensinando que depressão não é drama e nem frescura. As pessoas não gostam de falar, então a nossa intenção é provocar essa fala. Nos colocamos à disposição”, afirma Alélis.

No terminal, duas cartilhas são entregues aos passageiros, uma da Semed que explica sobre a adolescência e suas questões comportamentais e outra, elaborada pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), sobre os sinais e frases de alerta que antecedem o suicídio, a importante de não ignorar, saber escutar e onde procurar ajuda, nos CAPs (Centros de Atenção Psicossocial), por exemplo.

No vai e vem dos ônibus, Pit Stop pela Vida fala de depressão e suicídio
Equipe da Semed também aborda passageiros (Foto: Henrique Kawaminami)
No vai e vem dos ônibus, Pit Stop pela Vida fala de depressão e suicídio
Panfletos entregues passa estudantes e trabalhadores (Foto: Henrique Kawaminami)

Não é só rebeldia – Cristiane Valdez Albuquerque, psicóloga da Semed, explica que apatia, tristeza, agressividade e até euforia são sinais de que o estudante precisa de ajuda. “Nem tudo é má educação”.

A equipe visitou no primeiro semestre deste ano 29 escolas para capacitar servidores e conversar com alunos. “O servidor precisa estar bem para poder ouvir o outro”.

Todo mundo conhece alguém que vive com depressão. Sobre a ação no Morenão, o estudante Vinícius da Silva Recaldes, de 22 anos, é prova de que a máxima é verdadeira. Há seis anos, ele perdeu um amigo para a tristeza profunda. “O assunto não era tão comentado como é hoje, ninguém sabia o que fazer, foi muito sofrido. A mãe do garoto o encontrou morto dentro de casa, foi um choque muito grande. Acho importante que este tema seja debatido”.

No vai e vem dos ônibus, Pit Stop pela Vida fala de depressão e suicídio
Vinícius da Silva Recaldes, de 22 anos, conta que perdeu amigo, que se suicidou com 17 anos (Foto: Henrique Kawaminami)

Mais ações - No fim da manhã, o Pit Stop pela Vida será em frente à Escola Municipal Bernardo Franco Baís.

O calendário do Setembro Amarelo segue com o lançamento da resolução que dispõe sobre normas e procedimentos para implantação do Projeto Valorização da Vida nas escolas da Reme. O evento será no Centro de Formação da Semed e contará com palestra do psiquiatra Fábio Paes Barreto, que irá abordar o tema “Depressão e automutilação no contexto escolar”, a partir das 8h30.

“Essa resolução dá norte para que as escolas possam trabalhar com o tema. É um trabalho que sempre foi feito, mas agora tem um documento, professores terão mais base para trabalhar”, comenta Alélis.

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