“Nunca imaginei isso na minha vida”, diz guarda suspeito de estuprar sobrinha
Servidor chorou durante depoimento e afirmou estar sendo injustiçado
“Nunca imaginei isso na minha vida”. A declaração foi feita pelo guarda civil metropolitano, preso em flagrante na madrugada de 25 de dezembro, suspeito de estuprar a própria sobrinha, de 4 anos, durante uma reunião familiar de Natal em Campo Grande. O servidor negou as acusações, teve a arma funcional recolhida e foi afastado das funções até o fim das investigações.
RESUMO
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Um guarda civil metropolitano de Campo Grande foi preso em flagrante no Natal, acusado de estuprar a sobrinha de 4 anos durante uma reunião familiar. O servidor negou as acusações, afirmando se sentir injustiçado e destacando a pouca convivência com a criança. A família estava reunida após a morte do pai do suspeito, e a mãe da vítima relatou o abuso após constatar sangramento na menina. O guarda foi afastado das funções e teve a arma recolhida. A Polícia Civil investiga o caso, enquanto a Corregedoria instaurou procedimento interno. A criança apontou o tio como autor do abuso, mas o acusado insiste em sua inocência, alegando que nunca ficou sozinho com a menina. O caso chocou a família e segue em apuração.
O servidor optou por não permanecer em silêncio, chorou ao longo do interrogatório e em um dos trechos, afirmou: “Me sinto injustiçado. Já conduzi várias pessoas por crimes e agora estou sendo conduzido por algo que não cometi”.
O guarda afirmou que quase não tem convivência com a sobrinha. “É a quarta vez que vejo ela desde que nasceu. A mãe dela mora em outro estado e eu moro em Campo Grande há 13 anos”, declarou.
Segundo o depoimento, a reunião familiar ocorreu após a morte do pai do suspeito, em outubro. A mãe dele, que mora no Pará, decidiu passar o fim do ano na cidade e ficou hospedada na casa do filho, acompanhada da neta. Dias depois, a irmã do guarda chegou com outro filho, de três meses.
“Depois de 11 anos sem passar o Natal com a minha mãe, ela decidiu vir para cá. Minha irmã também veio porque fazia muito tempo que não nos víamos”, disse. Ele relatou ainda que a última vez que havia visto a sobrinha foi quando ela tinha dois anos, durante a conclusão do curso de formação.
A noite de Natal - A confraternização aconteceu na casa da avó da esposa do suspeito e reuniu cerca de 15 pessoas. Segundo o guarda, a família chegou por volta das 16h. Ele afirmou que chegou mais cedo para preparar um costelão e ajudar nos preparativos. Houve troca de presentes e chegada de outros parentes ao longo da noite.
Por volta das 23h, conforme o depoimento, a irmã chamou a mãe em desespero dizendo que a filha estava sangrando. “Eu entrei em choque. Era uma festa com muitas pessoas, pelo menos quatro ou cinco homens. Fiquei sem reação”, afirmou.
Ele disse que a irmã queria ir embora imediatamente, mas sugeriu atendimento médico.
“Falei: vamos ao médico. Então levei minha irmã, minha mãe, meu sobrinho e minha sobrinha até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon”.
Questionado pelo delegado, o guarda confirmou que houve uma brincadeira de esconde-esconde, citada pela mãe da criança. Segundo ele, participaram da brincadeira a própria criança, a mãe dela, um afilhado de 8 anos perto de outros familiares.
“Era um esconde-esconde normal. Um contava até dez, os outros se escondiam. Em momento algum fiquei sozinho com ela”, disse. Ele detalhou que a brincadeira ocorreu em diferentes cômodos da casa e que sempre havia adultos por perto.
O suspeito também afirmou que a criança não gosta de contato físico. “Se você tentar abraçar, ela entra em pânico. Se ela quiser abraçar, ela chega. Nem no Natal eu abracei ela”, declarou.
Atendimento e prisão - Na UPA, o guarda afirmou que aguardou do lado de fora com a mãe e o sobrinho bebê, enquanto a criança era atendida com a mãe. Ele disse que só percebeu que algo estava errado quando viu a chegada de uma viatura.
Mais tarde, foi chamado por uma assistente social e informado de que a criança teria apontado “o tio” como autor do abuso. “Questionei porque uma criança dessa idade chama qualquer adulto de tio. Eu sou tio de sangue e virei o suspeito”, afirmou.
Em outro trecho, negou as acusações: “Se o senhor quiser saber, nem no Natal eu abracei ela. Quem deu o presente foi minha esposa”.
Ao final do depoimento, visivelmente abalado, voltou a chorar ao mencionar a prisão.
“Depois de tanto tempo sem ver minha mãe, eu estou passando por isso. Nunca imaginei”, disse.
O caso segue sob investigação da Polícia Civil. O servidor permanece afastado das funções enquanto o inquérito apura as circunstâncias e os laudos médicos relacionados à denúncia.
O caso - O Campo Grande News apurou que a família mora em Alta Floresta (MT) e o guarda reside em Campo Grande há 13 anos. A irmã, a mãe do guarda e outros familiares vieram até a Capital de Mato Grosso do Sul para as comemorações de fim de ano e, inclusive, estavam hospedados na casa do servidor público.
De acordo com boletim de ocorrência no qual a reportagem teve acesso, a mãe levou a filha ao banheiro, momento em que constatou sangramento nas partes íntimas dela. Então, a menina relatou que o tio havia "mexido em sua florzinha" enquanto brincavam de esconde-esconde.
A irmã questionou o guarda, que negou as acusações. Mesmo assim, a menina foi levada ao hospital e a Guarda Civil Metropolitana acionada. Ele acabou preso pelos colegas de farda e levado à delegacia.
Questionada, a Sesdes (Secretaria Especial de Segurança Pública e Defesa Social) informou que, diante dos fatos ocorridos, já estão sendo adotadas todas as medidas cabíveis, "com a imediata abertura de procedimento interno pela Corregedoria, em acompanhamento com a Polícia Civil, responsável pela apuração do caso".
Ainda, afirmou que o servidor em questão foi afastado das atividades operacionais, "com recolhimento da arma e do porte funcional, além da instauração de procedimento administrativo para apuração dos fatos".
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