ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Plano para explodir muro da Máxima foi combinado por preso via SMS

Aline dos Santos | 08/02/2012 14:19

Grades e muralhas não são barreiras para celulares, que viram o principal instrumento dos presos para comandar crimes

Plano para fugir da Máxima foi ordenado por meio de celular. (Foto: João Garrigó)
Plano para fugir da Máxima foi ordenado por meio de celular. (Foto: João Garrigó)

O plano para explodir a muralha do presídio Jair Ferreira de Carvalho, a Máxima, foi combinado via SMS. As mensagens de texto sobre o plano de fuga foram enviadas por meio de celular pelo preso Mauri Siqueira para a irmã, presa na última segunda-feira, e um comparsa.

De acordo com o promotor do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Marcos Alex Vera de Oliveira, a intenção era colocar duas bananas de explosivos na parte de trás do muro que circunda a Máxima.

Também foi encomendada uma caminhonete com 200 quilos de areia, que seria utilizada para derrubar o que restasse da explosão. O preso ainda pediu uma pistola 9 mm para ser usada na fuga. Nos contatos via SMS, ele usou dois números de celular.

Na segunda-feira, agentes penitenciários encontraram um túnel que interligavam sete celas no pavilhão 1 do presídio. “Há possibilidade de ter relação com o plano, mas precisa ser melhor investigado”, afirma o promotor. Foi a segunda tentativa neste ano. Em janeiro, os presos abriram um túnel de 3 metros.

A fuga, que seria concretizada na madrugada do último sábado, acabou frustrada pela descoberta das mensagens e pelo fato de o motorista da caminhonete ter desistido. Ainda é investigado de que forma o explosivo seria obtido.

Entretanto, há dois caminhos para conseguir o gel explosivo, utilizado na mineração. “Os explosivos são controlados pelo Exército. Não se descarta roubos ou que entre de forma ilegal, vindo do Paraguai”, afirma Marcos Vera.

Túnel encontrado na 2ª feira tinha sete metros.
Túnel encontrado na 2ª feira tinha sete metros.

Crime em família - Preso por tráfico de drogas, associação para o tráfico, roubo e formação de quadrilha, Mauri Siqueira foi transferido hoje para a PHAC (Penitenciária Harry Amorim Costa), em Dourados. O interno é ligado à facção criminosa.

Em 2006, ele foi flagrado ao tentar fugir da Máxima, usando cordas. Na ocasião, doze presos conseguiram escapar do presídio. Mauri e outros cinco foram contidos por policiais. Na fuga, um preso foi morto.

Conforme o Gaeco, Mauri já passou, inclusive, pelo presídio federal de Campo Grande. Investigado há um ano, também há suspeita de que o preso tenha ordenado explosão de caixas eletrônicos.

A irmã de Mauri foi presa na segunda-feira no bairro Aero Rancho. Mari Lurdes de Carmen Siqueira, de 32 anos, tinha mandado de prisão em aberto por tráfico de drogas. Inicialmente, a mulher apresentou o nome falso de Mariana Cristina Rodrigues da Costa.

Depois, confessou que era fugitiva e escondia uma pistola em casa, no bairro Morada Verde. Foram apreendidos a pistola 9 mm, quatro carregadores, 89 munições, uma balança de precisão e R$ 500.

Na carteira de Mari Lurdes, havia documentos pessoais e cartões com o nome falso. Não há registro de que o preso tenha recebido visita de uma mulher de nome Mari Lurde ou Mariana Cristina.

"É preciso encontrar um meio de sufocar essa comunicação com o meio externo”, diz promotor. (Foto: João Garrigó)
"É preciso encontrar um meio de sufocar essa comunicação com o meio externo”, diz promotor. (Foto: João Garrigó)

Corrupção, dinheiro e crimes – As grades e muralhas não são barreiras para que celulares entrem nos presídios e virem o principal instrumento dos presos para comandar crimes.

De dentro das celas, são ordenados roubos de veículos, indicadas vítimas para assaltos e explosão de caixas eletrônicos. “O roubo é o meio mais rápido de auferir recursos, levanta dinheiro rápido”, salienta o promotor do Gaeco.

No caso de roubo de veículos, as vítimas ficam horas reféns dos bandidos, até que parte do grupo chegue ao Paraguai ou Bolívia. Nos países vizinhos, os veículos são trocados por entorpecente. De volta ao Brasil, a droga é revendida e o dinheiro financia a prática de novos crimes.

Parte do esquema que irriga as organizações criminosas passa por cooptação e corrupção de agentes penitenciários. “A Máxima tem uns mil detentos. Há dificuldade para fiscalização, mas é preciso encontrar um meio de sufocar essa comunicação com o meio externo”, afirma o promotor. Em novembro, um agente penitenciário foi preso acusado de receber propina para permitir a entrada de celular. Por cada aparelho, eram pagos R$ 150.

Para o promotor é preciso voltar a discutir o bloqueio do sinal de celular no complexo penitenciário. “É preciso unir esforços”. Em 2006, a Justiça chegou a determinar o bloqueio do sinal após rebelião no Dia das Mães, ordenada pelo PCC.

Nos siga no Google Notícias