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Capital

PM vai até invasão no Jardim das Hortênsias avisar de prazo para reintegração

Paula Maciulevicius | 06/02/2013 12:05
Às 9h, viaturas da PM chegaram para conversar com moradores e avisar da reintegração nesta 5ª. (Foto: Luciano Muta)
Às 9h, viaturas da PM chegaram para conversar com moradores e avisar da reintegração nesta 5ª. (Foto: Luciano Muta)

A manhã no bairro Jardim das Hortênsias foi de angústia para os moradores que ocupam os cerca de 350 barracos em uma área pública. Por volta das 9h da manhã chegaram viaturas da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) e ainda caminhões e patrolas. E o que veio a cabeça deles era o óbvio naquela situação, o cumprimento do mandado de reintegração de posse. Mas ainda não era isso, alívio momentâneo para quem tem algumas horas para arrumar moradia. A desocupação mesmo só vai acontecer nesta quinta de manhã.

Com cartazes nas mãos, eles só pediam por casa e chamavam a atenção dos políticos eleitos na última votação, dizendo que para pedir voto, eles foram até lá, mas diante da situação de despejo, ninguém apareceu.

Entre os moradores, muitas crianças, mulheres e idosos. A maioria alega que tem inscrição em programas habitacionais há anos, mas que só veem os imóveis passarem para mãos que vendem, revendem e alugam. As famílias foram deixando suas casas alugadas e passando para o acampamento. O aglomerado que começou a se formar no dia 19 de janeiro, já tem centenas de barracos.

“Eu achei que era para tirar todo mundo. Achei que fosse ter tiroteio”, disse Kathleen sobre a chegada da Polícia (Foto: Luciano Muta)
“Eu achei que era para tirar todo mundo. Achei que fosse ter tiroteio”, disse Kathleen sobre a chegada da Polícia (Foto: Luciano Muta)

Kathleen Gomes Lima da Silva, tem 9 anos, está com a mãe, grávida, a tia e a avó na região. Ao ver a Polícia hoje de manhã, ela conta com calma, o quanto ficou aflita. “Eu achei que era para tirar todo mundo. Achei que fosse ter tiroteio”, disse.

A menina morava em uma casa de aluguel na região mesmo e está com a família desde o início da ocupação. O desejo dela em meio a um local que não se pode nem guardar brinquedos. “Queria ter uma casa e qualquer coisinha que a minha mãe pudesse comprar por aí”.

Dona Adélia Fernandes, 68 anos, está entre as mais velhas. Alega que espera casa há 32 anos, desde que se inscreveu pela primeira vez em programas habitacionais. Hoje já estava pensando no que fazer amanhã, quando o limite para sair expirar. “Vamos para debaixo da ponte, não tenho outro lugar. Vou ficar atrapalhando parente? A gente vira um estorvo depois que fica velha”.

Equipes da prefeitura estavam com caminhões retirando entulhos e fazendo a limpeza do local. (Foto: Luciano Muta)
Equipes da prefeitura estavam com caminhões retirando entulhos e fazendo a limpeza do local. (Foto: Luciano Muta)

Segundo a moradora, a Polícia chegou comunicando que todos têm até hoje a noite para sair. “Que eles vão passar derrubando tudo amanhã. Porque tem que vir com tropa de choque? Vai dar tiro de borracha com o tanto de criança que tem aqui?” questiona.

O comandante da Cigcoe, major Marcos Paulo, falou da existência da determinação para reintegração de posse e o planejamento para amanhã. “Hoje viemos para conversar com os invasores, dizer que eles estão na ilegalidade. Tem caminhão aqui para que se alguém quiser retirar os barracos pacificamente, para que amanhã a gente não tenha que empregar a força”, explicou. Os dois caminhões e as duas patrolas da Prefeitura estavam acompanhando a ação a pedido da Polícia Militar.

Uma equipe de oito funcionários da Secretaria de Assistência Social estavam cadastrando os invasores e passando informações sobre os programas habitacionais. O grupo foi para alertar sobre os direitos deles e também de que para ser beneficiado com uma casa, eles não podem estar ocupando áreas do município ilegalmente.

O cumprimento de reintegração de posse está marcado para começar às 6h desta quinta-feira. Além da área do Jardim das Hortênsias, invasores ocupam também um terreno no bairro Dom Antônio Barbosa, próximo ao lixão.

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