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Capital

Polícia apura se atestados de óbito comprados esconderam assassinatos

Dentista e agente funerário foram presos em flagrante nesta terça-feira por falsificar as declarações; conforme a investigação, famílias pagavam até R$ 500 pelo documento

Anahi Zurutuza e Bruna Kaspary | 18/10/2017 12:10
Um dos presos durante coletiva na Depac da Vila Piratininga (Foto: Marina Pacheco)
Um dos presos durante coletiva na Depac da Vila Piratininga (Foto: Marina Pacheco)

A Polícia Civil vai investigar se os atestados de óbitos emitidos por um dentista de Campo Grande que se passava por médico foram usados para encobrir assassinatos. Foi o que declarou o delegado Hoffman D’Avila Candido de Souza, da 5ª DP (Delegacia de Polícia), durante entrevista coletiva concedida à imprensa no fim da manhã desta quarta-feira (18).

Ele afirmou que o caso será repassado à Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Defraudações e Falsificações). “Vai ser investigado se houve delitos encobertos pela ação”.

O delegado disse ainda que não é possível dar a dimensão do esquema. “Há chance de haver outras funerárias envolvidas no caso e essa quadrilha pode estar atuando desta forma há anos”.

As famílias que compraram os atestados também estão na mira da polícia, que quer saber quem agiu de má-fé e quem foi enganado.

Esquema - O dentista Marco Aurélio Dorsa, 52 anos, e Anderson Ferreira de Souza, 35 anos, da funerária Anjos da Paz, foram presos em flagrante na noite desta terça-feira (17) e levados à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga.

O esquema foi descoberto depois que uma funcionária do SVO (Serviço de Verificação de Óbito), órgão público responsável pelos atestados e que também emite o documento de forma gratuita, encontrou irregularidade no preenchimento da declaração de óbito de uma pessoa que morreu por causas naturais.

Ela informou o médico Arino Faria da Silva, de 47 anos, sobre o problema e foi quando ele descobriu que o carimbo e a assinatura dele eram usados para a fraude. O profissional procurou a polícia na tarde de ontem.

Segundo Hoffman, a família da pessoa que teve o atestado emitido pelo falso médico admitiu ter pagado R$ 300 para a funerária e um funcionário da Anjos da Paz também declarou que a pedido do patrão, repassava dinheiro ao dentista.

A polícia, contudo, trabalha com a hipótese dos atestados custarem até R$ 500.

Marco Aurélio e Anderson foram presos e vão responder por falsidade ideológica de documento público. O dentista foi autuado ainda por exercício ilegal da profissão.

Durante a coletiva na Depac, os dois esconderam a face dos repórteres e preferiram não dar entrevista.

Procedimento - Quando uma pessoa morre naturalmente – doença e causas que não por acidente ou homicídio – o médico responsável por atestar o óbito é o que assiste ao paciente.

A família também pode contratar um profissional para emitir um atestado particular, embora a Coordenadoria-Geral de Perícias preste o serviço gratuitamente, por meio do SVO.

No esquema descoberto pela polícia, o dentista sequer examinava as pessoas que haviam morrido, por isso, a polícia investiga a possibilidade dos atestados terem acobertado homicídios.

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