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Capital

Polícia intensifica rondas em escolas para evitar brigas e uso de drogas

Alan Diógenes | 07/03/2015 21:59
Rua que dá acesso à escola na Vila Bordon foi palco da tragédia que envolveu a morte da estudante Luana. (Foto: Marcelo Calazans)
Rua que dá acesso à escola na Vila Bordon foi palco da tragédia que envolveu a morte da estudante Luana. (Foto: Marcelo Calazans)

A Polícia Militar intensificou a fiscalização em frente às escolas de Campo Grande com o começo do ano letivo. O objetivo é evitar brigas entre “gangues” de alunos e o uso de drogas que tem se tornado cada vez mais comum entre os jovens causa da impunidade e das leis flexíveis para adolescentes e crianças infratores.

Conforme o tenente da 5ª Companhia Independente da Polícia Militar, Andrew Nascimento, as rondas se tornaram mais comuns após a morte de Luana Viera Gregório, 15 anos, que foi esfaqueada por uma adolescente na saída da Escola Estadual José Ferreira Barbosa, na Vila Bordon, em Campo Grande, no dia 11 de setembro de 2013. “Depois isso percebemos a necessidade de ter um acompanhamento com esses jovens realizando medidas preventivas para evitar que o pior aconteça, como aconteceu com Luana”, explicou.

Segundo o tenente no cotidiano é possível encontrar diversas situações em que expõem os estudantes em riscos, tanto em frente das escolas como em suas proximidades. “Principalmente nas escolas da área central é possível ver adolescentes usando entorpecentes e se reunindo para brigar. Outros são abordados em posse de facas já com o intuito de machucar alguém. No centro eles preferem ficas nas praças como a do Radio Clube e Ary Coelho. Lá eles fazem uso de drogas e bebidas alcoólicas que são uma armadilha para que as agressões aconteçam. A presença dos policiais perto das escolas veio exatamente para combater esse tipo de situação”, comentou.

Para Andrew, vem crescendo o número de menores envolvidos com crimes. Por isso a PM realiza o Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas) em todas as escolas para conscientizar os jovens sobre o perigo que os entorpecentes podem trazer. “O objetivo é mostrar que as drogas são um porta para o mundo criminoso. Durante todas atividades há uma interação com lições de cidadania para estes menores”, destacou.

O diretor da E.E. José Ferreira Barbosa, Mariomar Rezende Diniz, 6 anos, onde Luana e sua assassina estudavam, contou que após o crime foi muito difícil voltar a rotina no centro de ensino. “Demorou e muito para voltarmos a ter aquele clima harmonioso que tínhamos na escola. Muitos alunos, colegas de Luana, se sentiram desmotivados com a morte dela. Para mudarmos essa realidade tivemos que fazer um acompanhamento com todos os estudantes”, mencionou.

O diretor estava falando do o Pajur (Programa de Atendimento da Justiça Restaurativa) implantado há cinco anos na Capital visando conscientizar e oferecer instrumentos que permitam a criação de ambientes seguros nas escolas para crianças e adolescentes. O trabalho é feito por meio de encontros com a comunidade, realizados nas escolas, para promoção de atividades de orientação e apoio às famílias e ao protagonismo juvenil.

De acordo com Maria Cecília da Costa, analista de medidas socioeducativas da Coordenadoria da Infância e Juventude de Mato Grosso do Sul, os resultados obtidos após a implantação da propostas são muito bons, principalmente em razão de não haver reincidência em nenhum dos casos atendidos até agora. “Atendemos casos de adolescentes de 13 a 19 anos envolvidos com furtos, ameaça contra pessoas, lesão corporal leve, entre outro crimes. O interessante é que depois do programa, eles não voltam mais a cometer tais atos”, informou.

Mãe de aluna, Ildene acredita que presença de PM faz intimar alunos infratores. (Foto: Marcelo Calazans)
Mãe de aluna, Ildene acredita que presença de PM faz intimar alunos infratores. (Foto: Marcelo Calazans)
Camila disse que jovens fazem algazarras em frente à escola do Centro. (Foto: Marcelo Calazans)
Camila disse que jovens fazem algazarras em frente à escola do Centro. (Foto: Marcelo Calazans)

O diretor Mariomar disse que o que aconteceu em sua escola serviu de lição para professores, funcionários, pais e também até os alunos ficaram de alerta de como uma simples desavença pode terminar em tragédia. “O que devemos saber é que esse fato poderia ter acontecido em qualquer escola. Na época, o clima era de tranquilidade e jamais achamos que o desfecho do caso seria a morte de Luana. Acredito que o poder legislativo tem que criar leis mais rigorosas para crimes entre menores para pode evitar que eles aconteçam”, apontou.

Camila Neves, 13 anos, estudante da E.E. Joaquim Murtinho localizada no Centro da Capital falou que brigas são constantes tanto dentro como fora do recinto escolar. “O pessoal fica bebendo e fumando do lado de fora e é depois que entram que tudo acontece. Acredito que a presença da PM vai coibir algumas coisas, ma não acabar de vez, por que acho que cada um deve ter dentro de si o que é certo ou errado”, afirmou.

A dona de casa Camila Gonsalves, 27, que sempre leva o filho ao Centro Municipal Pediátrico, ao lado do Joaquim Murtinho, também falou que as brigas são constantes no local. "Sempre vejo eles reunidos em frente ou nas proximidades da escola fazendo algazarras. O sino toca e eles não entram pra escola, ficam do lado de fora caçando rolo com alunos de outras escolas que também matam aula", salientou.

A técnica em seguro social Ildene de Lima, 46 anos, mãe da aluna Sarah de Lima, 17, concorda que a iniciativa da PM vai evitar crimes envolvendo menores. “Para mim é excelente por que a presença da polícia vai intimidar quem estiver mal intencionado. Ainda mais aqui no Centro, onde as escolas são mais visadas e mais cheias também. Vou me sentir mais segura sabendo que vai haver alguém zelando pela segurança da minha filha”, finalizou.

Caso Luana– Luana morreu na Santa Casa depois de levar uma facada no abdômen. Uma colega de sala, de 16 anos, é acusada de cometer o crime. Conforme a Polícia Militar, Luana foi morta porque borrifou um perfume dentro da sala de aula. A agressora, de 16 anos, teria se irritado, porque é alérgica, e decidiu se vingar no final do expediente escolar.

As duas brigaram e Luana acabou esfaqueada. A perfuração atingiu o fígado da adolescente, que chegou a ser socorrida, deu entrada no hospital, mas morreu após duas paradas cardíacas. Duas jovens foram acusadas pelo crime, mas respondem o processo em liberdade.

Ações serão realizadas na entrada e saída de alunos das escolas, principalmente as do Centro. (Foto: Marcelo Calazans)
Ações serão realizadas na entrada e saída de alunos das escolas, principalmente as do Centro. (Foto: Marcelo Calazans)
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