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Capital

População sofre nos postos de saúde e prefeitura pede prisão de sindicalista

Flávia Lima e Michel Faustino | 22/05/2015 15:00
Com ferimento grave em um dos dedos, Fernando Rodrigues conseguiu atendimento rápido. (Foto:Marcos Ermínio)
Com ferimento grave em um dos dedos, Fernando Rodrigues conseguiu atendimento rápido. (Foto:Marcos Ermínio)

Com a manutenção da greve dos médicos, a população continua sem atendimento nos postos de saúde de Campo Grande. Ontem, a Prefeitura de Campo Grande solicitiou à Justiça a prisão do presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul, Valdir Siroma, e a elevação da multa de R$ 30 mil para R$ 100 mil por dia. Além disso, os profissionais poderão responder pelo crime de desobediência e omissão de socorro.

De acordo com o procurador geral do município, Fábio Castro Leandro, o pedido protocolado no início da noite de ontem (22) e aguarda decisão do desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte. O procurador alega, que a decisão foi tomada porque a categoria decidiu manter greve, mesmo com liminar contrária a paralisação, e isso tem prejudicado a população, que busca atendimento nas unidades de saúde.

“Eles (Sinmed-MS) foram notificados oficialmente no dia 20 de maio e mesmo assim, decidiram em assembleia manter a greve, prejudicando a população. Por isso, entramos com um pedido também para averiguar o crime de desobediência, o que pode levar o presidentes do sindicato (Valdir Shigueiro Siroma) pra prisão. Além disso, os demais profissionais podem responder por omissão se alguém morrer por ai”, disse.

Conforme Fábio Leandro, apesar da “pressão”, a Prefeitura mantém aberto dialogo e deve se reunir novamente com a categoria às 17h de hoje (22) para chegar à um acordo.

“Sempre estivemos dialogando e infelizmente precisamos garantir que a ordem seja restabelecida. Agora temos esperança que nesta nova conversa a gente possa chegar a um acordo”, finalizou.

Outro lado – No processo, o Sinmed-MS alega que a diretoria do Sindicato e a assessoria jurídica deu parecer pelo fim da greve, mas a categoria decidiu pela manutenção em assembleia.

Os médicos manterão o esquema de 30% de profissionais nosso postos de saúde e nas unidades de pronto atendimento 24 horas e irão assumir o risco de arcar com multa diária de R$ 30 mil. Com a decisão, os pacientes que buscam auxílio médico, principalmente nas UPAs, continuam esperando por até quatro horas pelo atendimento.

A dona de casa Yasmin Bebete não conseguiu passar as filhas pelo pediatra até o final da manhã de sexta-feira. (Foto:Marcos Ermínio)
A dona de casa Yasmin Bebete não conseguiu passar as filhas pelo pediatra até o final da manhã de sexta-feira. (Foto:Marcos Ermínio)

Esta era a situação na UPA do bairro Coronel Antonino, no final da manhã desta sexta-feira (22). Conforme verificado pela reportagem do Campo Grande News, por volta das 11h30 havia médicos cumprindo o plantão, mas com a escala reduzida. Apenas casos de emergência tinham prioridade no atendimento.

Foi o caso do armazenista Fernando Rodrigues, que sofreu um acidente de trabalho na manhã de hoje e teve um dos dedos da mão esquerda esmagado por uma polia. Ele conta que foi atendido logo ao chegar no local. “Fui encaminhado com agilidade”, afirma.

Já não foi o que aconteceu com a desempregada Leci Rodrigues de Oliveira. Com suspeita de dengue, ela chegou a UPA por volta das 8h30 reclamando de dores no corpo todo e febre alta. Como não havia expectativa do horário para ser atendida, ela cogitava retornar para casa e se automedicar. O amigo que a acompanhava, que preferiu ser identificado apenas pelo nome de Eloir, disse que ficaria com ela para garantir o atendimento. “Ela está passando muito mal, não pode voltar sem medicação”, disse.

Na sua opinião, a crise na saúde é de responsabilidade da administração municipal e que os vereadores precisariam intervir mais para solucionar o problema. “O prefeito precisa mostrar de forma clara porque não pode dar reajuste, caso contrário fica uma situação suspeita”, ressaltou.

A dona de casa Irani Moreira Borges, que desde às 9 horas aguardava consulta, reclamava de dor no estômago e decidiu ir para casa, já que não havia previsão de atendimento. “Isso é uma vergonha. Não sei onde o país vai parar com essa falta de respeito ao idoso e às crianças”, protestava em frente a UPA.

A também dona de casa Yasmin Bebete, que buscou atendimento na UPA para as filhas Beatriz, 2 e Natally, 1, também decidiu retornar para casa após esperar por três horas. As crianças apresentavam sintomas de gripe e estavam cansadas de esperar. “Ninguém sabe dizer que horas serei atendida, vou ter que ir embora e voltar mais tarde”, destacou.

Remarcações – Já na Unidade Básica de Saúde 26 de Agosto, no bairro São Francisco, a gerente Rita de Cássia Canale, confirmou que os médicos têm ido ao posto para atender apenas as urgências e trocas de receitas, quando necessário. Ela ressalta que a procura pelo atendimento tem sido fraca e que muitas vezes os próprios pacientes chegam solicitando a remarcação da consulta.

“Como eles já sabem da greve, chegam e pedem uma nova data. Não há confusão aqui”, disse. A unidade lota apenas em horários de pico, devido a campanha de vacinação contra a gripe.

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