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Capital

Quadrilha buscava "ladrão ficha limpa" e ordem era não matar sequestrados

Grupo de 13 pessoas roubou seis veículos em 30 dias e última vítima foi advogada, no Jardim dos Estados

Tainá Jara e Liniker Ribeiro | 01/08/2019 16:01
Quadrilha era composta por 13 pessoas; 8 foram apresentadas hoje (Foto: Kisie Ainoã)
Quadrilha era composta por 13 pessoas; 8 foram apresentadas hoje (Foto: Kisie Ainoã)

Comandada de dentro do presídio, a quadrilha de 13 pessoas responsável por roubar carros e fazer sequestros relâmpagos em Campo Grande prezava pela ficha limpa dos integrantes e a ordem era não matar vítimas. Os detalhes foram repassados pela titular da Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos), Aline Sinotti, na tarde desta quinta-feira, durante coletiva de imprensa. Grupo roubou seis veículos em 30 dias.

O primeiro caso aconteceu no final de junho, mas precisamente no dia 25, quando uma caminhonete Hilux foi roubada no bairro Coophatrabalho, na Capital. Já nesse primeiro caso, a vítima foi mantida em cárcere. A partir daí, a polícia deu início às investigações que duraram cerca de 30 dias. Nesse período, seis veículos foram roubados e em todas as situações houve sequestro.

O último caso ocorreu nesta semana, com a morte de dois envolvidos durante o sequestro de uma advogada, na noite da última terça-feira. A abordagem ocorreu no Jardim dos Estados, quando ela esperava a saída do marido de um restaurante. Outros dois integrantes foram presos com o veículo da vítima na Avenida Duque de Caxias. Os mortos eram Abraão Ferrarezi Lima, 18 anos e Davi Vitor Mendes, 21 anos, e os detidos Michael Vera Cruz de Assis e Ronaldo de Andrade Costa, 23 anos.

A polícia já investigava o caso há mais de um mês. Conforme a delegada, o grupo atuava de maneira muito organizada. Toda ação partiu de dentro do presídio. Os dois mandantes identificados são internos do sistema prisional. O crime era encomendado da Bolívia. Eles escolhiam quem participaria da ação, desde a pessoa que daria voz ao assalto até quem desempenharia funções administrativas, inclusive os motoristas de aplicativos que participavam dando auxílio logístico aos criminosos.

Os motoristas, contratados para atuar por fora do aplicativo, eram responsáveis por pegar os membros da quadrilha na residência, levar até o ponto do roubo. Após subtraíram os carros, o motorista de aplicativo seguia o veículo até o cativeiro.

Conforme a delegada, chamou a atenção da polícia, além da organização, a preferência dos mandantes por pessoas sem passagem policial para participar dos roubos. “Quem tem passagem pela polícia já é conhecido”, afirmou. Os escolhidos aceitavam participar do crime por conta de dívidas com agiotas ou até mesmo por serem usuárias de drogas.

Foram seis veículos adquiridos com sequestros, porém, felizmente, nenhuma das vítimas foi morta. “Eles tomavam cuidado, porque sabiam que se matassem a pena seria maior. Uma qualificadora a mais. Tinha todo um cuidado para não piorar a situação”, explicou a delegada. As investigações ainda continuam na tentativa de identificar outros envolvidos.

A maioria das prisões foi feita ontem e alguns dos membros foram detidos em flagrante tentando levar os veículos roubados para a fronteira, na madrugada do dia 25 para 26 de julho. Quem fez a prisão foi a PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Miranda, em direção a Bolívia.

Conforme a polícia, metade da quadrilha já tinha sido identificada. Duas mulheres que atuavam com o grupo foram presas nesta quarta-feira. Gislaine Chevalier Ribeiro de Almeida, 32 anos, e Jessyka Midyan Delgado Manoel, 27 anos, eram melhores amigas de David, um dos mortos na ação do Batalhão de Choque, foram até o Imol (Instituto Médico de Odontologia Legal), antes mesmo da divulgação da informação, o que chamou a atenção dos investigadores.

Titular da Defurv, Aline Sinotti, investiga o caso há 30 dias (Foto: Kisie Ainoã)
Titular da Defurv, Aline Sinotti, investiga o caso há 30 dias (Foto: Kisie Ainoã)
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