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Capital

Quatro anos após perder os filhos, mães fazem dor virar ajuda ao próximo

Amanda Bogo | 21/08/2016 11:52
Missa campal em memória aos quatro anos da morte de Breno e Leonardo (Foto: Alcides Neto)
Missa campal em memória aos quatro anos da morte de Breno e Leonardo (Foto: Alcides Neto)

Assim como após a forte chuva que atingiu a Capital neste fim de semana e o sol voltou a aparecer, foi depois de enfrentar o grande sofrimento de perder os filhos que Lilian Silvestrin e Ângela Fernandes, mães de Breno e Leonardo, mortos em 2012, encontraram a luz para seguir em frente. Neste domingo (21), na praça que leva o nome dos jovens, foi realizada uma missa campal em memória aos quatro anos do crime. 

Centenas de tsurus, pássaros da cultura japonesa que simbolizam a paz e são feitos com arte oriental de dobradura de papel, decoravam o espaço onde acontecia a celebração. Em um desabafo emocionado, Angela relembrou os momentos de tristeza que lhe abatem desde aquele dia 30 de agosto. "Naquele dia meu coração se partiu e eu sou grata por isso, porque só com o coração machucado eu pude ver que o amor supremo fortalece. Embora tenha sangrado muito e a saudade seja grande, o ganho de amadurecimento e crescimento é muito grande. A palavra de hoje é gratidão", afirmou. 

Ângela (esq) e Lílian durante celebração (Foto: Alcides Neto)
Ângela (esq) e Lílian durante celebração (Foto: Alcides Neto)

Compartilhando o mesmo sentimento e para suportar o momento de dor, Lilan também decidiu dedicar seus esforços para trabalhar para o próximo ."A morte dos meninos, através de muita dor, fez com que a gente vivesse mais o amor, fazer mais ações pelo próximo, a viver intensamente por amor a eles e por um mundo melhor".

Além da missa, essa é a primeira vez que acontece a Feira Amigos da Fronteira, realizada pela instituição que Lilian e Angela formaram após a morte dos filhos, e que acontecerá todo terceiro domingo de cada mês.

Tsurus decoravam praça onde acontece a feira (Foto: Alcides Neto)
Tsurus decoravam praça onde acontece a feira (Foto: Alcides Neto)

O objetivo é transformar a praça em um espaço familiar e de confraternização. "Conseguimos colocar o nome dos meninos nesse espaço, que eles usavam com frequência, e ficamos com o compromisso de transformar o lugar. Visitamos a praça da Bolívia e surgiu a ideia da feira. As pessoas se convidaram e abraçaram a causa, foi adesão em massa. O intuito é ser algo fraterno", explicou Angela.

Ao todo, 80 artesãos, 30 comerciantes e 80 voluntários da associação participam da feira, que acontece até às 17 horas e terá apresentações com grupo de dança árabe, boliviana, cigana, dança de rua, além de shows com o grupo Acaba, Pedro Espíndola, Chicão Castro e Guga Barbosa.

"É muita emoção, primeiro por conseguirmos colocar o nome do espaço, que é lindo, com o nome dos meninos. E a feira vem através desse espaço a busca da paz, do que congrega as pessoas. Somos seres humanos e essa é a nossa intenção", disse Lílian. 

Mães da Fronteira – A associação foi fundada por Lilian e Ângela um ano após a morte de Breno e Leonardo. Hoje, 200 associados  trabalham com o objetivo de buscar a paz na fronteira com o Paraguai. “É um trabalho político, de assunto de competência de segurança pública. Nós cobramos as autoridades, cobramos até a presidência da república, passamos por todas as instâncias buscando mais fiscalização para a fronteira, cobrando mais postos de controle “, finalizou Lílian.

Leonardo, à esquerda, e Breno, foram sequestrados quando deixavam bar em Campo Grande (Foto: arquivo)
Leonardo, à esquerda, e Breno, foram sequestrados quando deixavam bar em Campo Grande (Foto: arquivo)

Caso - Os rapazes deixavam o Bar 21 quando foram sequestrados na noite de 30 de agosto de 2012. Seis pessoas foram condenadas pelo crime em agosto de 2013, somando pena de 209 anos de prisão.

Os dois estavam em uma Pajero. O veículo foi encontrado abandonado em Corumbá pelo DOF (Departamento de Operações da Fronteira). 

Os corpos dos estudantes foram encontrados na entrada de uma galeria de água pluvial, no anel viário entre as saídas de Aquidauana e Rochedo. Cada um deles tinha um tiro na cabeça e lesões nos joelhos e nas mãos.

Cerca de 250 pessoas compareceram a missa (Foto: Alcides Neto)
Cerca de 250 pessoas compareceram a missa (Foto: Alcides Neto)
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