Quem teve casa derrubada vai ao local para 'cuidar do lote' no Montevideu

“Não sabemos o que vai acontecer. Por via das dúvidas é melhor estar sempre por aqui”, diz o autônomo Márcio Roberto de Oliveira , 43 anos. A família dele é uma das 60 que invadiram área pública no Jardim Montevideu, região norte de Campo Grande, e que teve a casa derrubada pela Prefeitura no dia 18 de janeiro.
Ele contou que estava construindo uma peça, onde pretendia morar com a esposa mais três filhos e que o trabalho estava pela metade no dia da derrubada. “Foi um dia muito triste. Mas agora, mesmo morando na casa da minha mãe, eu venho aqui de duas a três vezes por semana para cuidar do lote”, contou.
A preocupação dele é que outras pessoas vendo o lote vazio queiram se aproveitar e montar barraco no local. “Ouvi comentários sobre isso e fiquei com medo”, disse. Apontado como coordenador do grupo, Rodrigo Karrapixo, 34 anos, disse que os moradores que estão no local estão desde o início da invasão, “não tem famílias novas no local”, disse.
Moradores – A dona de casa Roselene dos Santos, 38 anos, contou que está desempregada e que fica em casa todos os dias. “Não saio porque não sou de sair. Fico em casa e oro muito. No dia da derrubada eu fiquei dentro de casa em oração”, contou.
O servente José Antônio Dias da Silva, 20 anos, também continua morando no local com a esposa e dois filhos. “ Eu já tinha terminado a minha casa e não deixei derrubar. Minha expectativa é que as coisas se resolvam o quanto antes, porque ninguém mais apareceu por aqui”, disse.
Procurada, a Prefeitura de Campo Grande informou, via assessoria de imprensa, que após a constatação das áreas públicas invadidas, notificações foram expedidas e encaminhadas à Procuradoria Geral do Município.
A Emha (Empresa Municipal de Habitação), segundo a assessoria, aguarda os trâmites referentes a essa situação. Neste caso, conforme a legislação que estabelece as diretrizes das Políticas de Habitação de Campo Grande, invasores de áreas públicas ficam inabilitados de participar dos projetos de interesse social por quatro anos.