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Capital

Recusa familiar ainda é obstáculo para realização de transplantes de órgãos

Somente neste ano, de 31 pacientes com morte encefálica, familiares de apenas 6 autorizaram o procedimento.

Anahi Gurgel | 19/05/2017 18:17
Equipe médica realiza transplante de órgão na Santa Casa de Campo Grande. "Recusa familiar é grande obstáculo. (Foto: Divulgação/ Santa Casa)
Equipe médica realiza transplante de órgão na Santa Casa de Campo Grande. "Recusa familiar é grande obstáculo. (Foto: Divulgação/ Santa Casa)

Mais do que estrutura, a recusa de familiares é um dos principais empecilhos para a doação de órgãos no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, por falta de conhecimento da decisão do ente falecido, cerca de 40% dos parentes não autorizam a doação dos órgãos. 

Em Campo Grande não é diferente. De acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (19) pela Santa Casa, somente neste ano, de 31 pacientes diagnosticados com morte encefálica no hospital, apenas 6 tiveram autorização da família para doação de órgãos.

Nesse período, 11 casos tiveram recusas médicas por conta de alterações em exames clínicos e 20 famílias foram entrevistadas. Um dos procedimentos, um transplante de rim, foi realizado nesta tarde.

Dados da CIHDOOT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes), indicam que, somente no mês de maio, de 7 pacientes que tiveram morte cerebral na unidade, a família de apenas 1 autorizou a doação de órgãos. Em 19 dias, 6 famílias foram entrevistadas pela comissão.

Em janeiro, foram registradas 4 mortes encefálicas, com 2 recusas médicas, 2 entrevistas e nenhuma doação. Já em fevereiro, foram 8 mortes, 3 recusas médicas, 5 entrevistas e apenas 3 doações. No mês seguinte, foram 7 casos de morte encefálica, 3 recusas, 4 famílias entrevistadas e 2 doações. Em abril, 3 famílias foram entrevistadas, de um total de 5 mortes encefálicas com 2 recusas médicas, mas nenhuma autorizou a doação.

“Uma das tarefas mais difíceis para se efetivar uma doação de órgãos é a recusa dos familiares, que, normalmente, fundam sua decisão na alegação de não saber qual desejo do ente falecido”, explica Ana Paula das Neves, coordenadora da CIHDOOT.

O quadro de morte encefálica só pode ser confirmado após a realização de exames padronizados pela resolução 1.480/97, do Conselho Federal de Medicina. São realizados testes com intervalo de algumas horas para comprovar a inatividade elétrica e metabólica irreversíveis no sistema nervoso central do paciente, como ausência de reflexos cerebrais e imcapacidade de respirar por si próprio.

Estatísticas - De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados no mês de março, a taxa de doadores de órgãos efetivos aumentou 5% no Brasil em 2016 em relação a 2015, porém cerca de 40% das famílias não autorizam a doação dos órgão de parentes falecidos.

Com isso, segundo as estatísticas, em algumas modalidades de transplante, a fila de espera chega a 5 anos. Nas regiões Sul e Sudeste, a taxa de recusa é de cerca de 30%; nas regiões Norte e Nordeste, o percentual chega a 40%. Ao todo, 2.983 pessoas foram doadoras de órgãos no ano passado. Em relação à fila de espera, cerca de 41 mil pessoas aguardavam por um transplante em 2016, a maioria de rim (24.914).

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