Rumo a “sonho americano”, haitianos cruzam MS para alcançar fronteira da Bolívia
Corumbá, agora porta de saída, era a rota de entrada para imigrantes no Brasil
Protagonistas de constantes fluxos migratórios em busca de melhor expectativa de vida, haitianos agora fazem o caminho inverso: desembarcam no Aeroporto Internacional de Campo Grande, viajam 419 km até Corumbá e ingressam na Bolívia almejando um destino ainda mais longínquo: Estados Unidos.
A reportagem verificou que a presença de grupos de haitianos no aeroporto da Capital é constante. Na segunda-feira (dia 5), eram 12 pessoas. Na tarde de quinta-feira (dia 8), o grupo tinha oito integrantes.
- Leia Também
- Haitianos são devolvidos para o Brasil, após cruzarem fronteira ilegalmente
- Embaixada regulariza mais de 90 passaportes de haitianos em Campo Grande
Na manhã de hoje (dia 9), eram 27 haitianos. Do total, cinco são crianças, sendo uma de colo. Em média, a projeção da reportagem é que mais de 150 pessoas cheguem a Campo Grande para alcançar a fronteira com a Bolívia e deixar o Brasil.
Nos últimos anos, Corumbá, agora porta de saída, era a rota de entrada para levas de haitianos que procuravam nova vida no Brasil.
A busca pelo sonho americano é retratada por Jean Fritzer Gilsait, 36 anos. Há oito anos no Brasil, ele conta que a intenção é chegar aos Estados Unidos. Agricultor e pedreiro no Haiti, ele se mostra animado e disposto a “lavar louça” na América do Norte.
“Miami tem trabalho. Lá é mais fácil para o haitiano. Qualquer coisa eu faço, lavar louça”, conta, ainda com pouco domínio da Língua Portuguesa.
Jean afirma que vai até Corumbá, adentra a Bolívia e depois segue viagem por Peru, Colômbia e México. A intenção é chegar a Miami. O viajante não detalha como pretende ingressar nos Estados Unidos.
Ele estava acompanhado por duas irmãs e tem primo em Miami. No Haiti, moram seus três filhos: de 13, nove e sete anos.
No mês de março, reportagem da BBC News Brasil mostrou que haitianos deixavam o País devido à crise financeira brasileira e a fake news de que as fronteiras dos EUA estavam abertas para eles na gestão Biden, principalmente para mulheres grávidas ou com bebês de colo. A reportagem registrou a morte de uma haitiana, que levava duas crianças no ventre, ao tentar a travessia do México para os Estados Unidos.