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Capital

Sob tensão, duas famílias são despejadas no Santa Emília

Mariana Lopes | 20/02/2013 15:44
Grávida de 8 meses, Maria Inês, o marido e as filhas vão ficar abrigados no Centro Comunitário do bairro (Fotos: Luciano Muta)
Grávida de 8 meses, Maria Inês, o marido e as filhas vão ficar abrigados no Centro Comunitário do bairro (Fotos: Luciano Muta)

Com o mandado do juiz da 1ª Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos de Campo Grande, Nélio Stábile, duas famílias foram despejadas na manhã de hoje (20), de uma área de comodato localizada na rua Edno Machado, no bairro Santa Emília.

Sob um clima tenso, o oficial de Justiça responsável por cumprir a determinação, Ricardo Januário da Silva, precisou de jogo de cintura para convencer os moradores a arrumar a mudança e esvaziar as casas. A revolta maior das pessoas é por causa de uma promessa feita pela Emha (Agência Municipal de Habitação) que não foi cumprida.

O pintor Amilton Ales de Freitas, 29 anos, tinha em mãos dois documentos que lhe davam todo o direito de estar inconformado com a situação. Um era o Título de Comodato da área e o outro era o acordo feito com a Emha que garantia um lar à família dele assim que fosse despejada da área.

Porém, o oficial de Justiça afirmou que o juiz analisou o título e entendeu que ele não tinha mais validade. Ainda segundo Ricardo, a Prefeitura entrou com pedido de Reintegração de Posse da área em 2008, e desde então o processo corre na Justiça. “No ano passado o juiz concedeu a desapropriação, mas os moradores entraram com recurso e ganharam. No final de janeiro saiu nova determinação”, explica o oficial de Justiça.

No último dia 22 de janeiro, de acordo com Ricardo, ele mesmo conversou com as famílias e disse que teriam que desocupar a área imediatamente. “Não demos um prazo, falei que a qualquer momento poderíamos vir cumprir a desocupação”, conta.

Placa fixada na ávore da casa de Amilton e Maria Inês
Placa fixada na ávore da casa de Amilton e Maria Inês
Silol diz que a área é da Prefeitura, mas que esperava pela casa que lhe prometeram
Silol diz que a área é da Prefeitura, mas que esperava pela casa que lhe prometeram

As famílias têm até o final da tarde de hoje para retirar todos os bens das casas e deixar a área. Segundo o assessor técnico da Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação), Alcindo de Macedo, a Prefeitura está à disposição com funcionários e caminhão para carregar a mudança. A ação contou com 20 guardas minicipais para garantirem a ordem do local.

Para aonde ir? – Confiando na promessa da Emha, os moradores não arrumaram para aonde ir. A dona de casa Maria Inês Santos Castro, 37 anos, esposa de Amilton, conta que mora na área há 30 anos, praticamente cresceu naquela casa. “Foram meus pais que ergueram isso daqui, a gente tem documento que prova que não invadimos”, justifica.

Grávida de 8 meses, ela, o marido e as duas filhas ficarão abrigados no Centro Comunitário do bairro, a poucas quadras de onde ela foi despejada hoje. “Não temos para aonde ir, foi o que conseguiram para a gente no momento”, diz, com um ar até de conformismo.

O pedreiro Silol Segóvia, 40 anos, também foi despejado com a esposa e o filho de 4 anos. “A área é da Prefeitura, a gente tem que sair mesmo, mas cadê a casa que nos prometeram? Aqui não é invadido, é área de comodato, temos nossos direitos também”, argumenta.

O casal mora na área há 8 anos e hoje cada um vai para a casa de sua mãe. “Vamos nos ajeitar assim até encontrar um lugar definitivo para morar”, conta Silol.

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