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Capital

Sucessor de “Minotauro” foi preso com 4,2 mil dólares dentro de mala

Edson Barbosa Salinas foi flagrado com arma durante uma briga de trânsito em Ponta Porã

Geisy Garnes | 21/01/2020 17:45
Salinas estava com uma pistola calibre 380 quando foi preso (Foto: Divulgação)
Salinas estava com uma pistola calibre 380 quando foi preso (Foto: Divulgação)

A prisão de Edson Barbosa Salinas, apontado pela polícia como o sucessor do narcotraficante Sérgio de Arruda Quintiliano Netto, o “Minotauro”, deixou a polícia em alerta para uma possível tentativa de resgate. Conhecido como “Salinas Riguaçu”, o suspeito foi preso com arma durante briga de trânsito, em Ponta Porã – a 323 quilômetros de Campo Grande - e foi transferido para Dourados nesta tarde. 

Edson, que tem 32 anos, foi preso na noite de domingo – 19 de janeiro – por policiais do Garras (Delegacia Especializada Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) e da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), que participam das buscas pelos foragidos do Presídio de Pedro Juan Caballero na fronteira de Mato Grosso do Sul.

As duas equipes realizavam rondas pelo centro da cidade quando se depararam com a briga entre Salinas e o motorista de um Volkswagen Gol, de 23 anos. Conforme o boletim de ocorrência, os dois estavam armados e foram rendidos. Além deles, o cunhado de Edson, que dirigia um Toyota SW4 visivelmente embriagado, também foi preso.

Na delegacia, cada um dos envolvidos contou uma versão diferente da confusão. Edson e o cunhado, Rodrigo Antunes Flores, de 28 anos, afirmaram que andavam de carro pela cidade quando o motorista do Gol emparelhou com a SW4, apontou uma arma para eles e fugiu. Após perseguição, a briga evoluiu para ameaças, mas foi interrompida pela polícia.

Já o condutor do Gol e a esposa dele, que estava no carro com os dois filhos – de 2 e 3 anos – alegam que foram perseguidos após foçarem uma ultrapassagem na SW4. Pouco antes da polícia chegar, a família foi ameaçada por Edson. Testemunhas relataram Salinas gritava que “eles não sabiam com quem estavam mexendo” e chegou a mostrar uma foto no próprio celular para provar ter matado gente importante.

Com ele os policiais apreenderam uma pilota 380, com dez munições, uma mala de roupas e dinheiro – um total de 4.250 reais e 4.200 dólares. O outro motorista carregava uma pistola 9 milímetros.

Buracos causados por tiros de fuzil dentro da casa de Chico Gimenez (Foto: Divulgação)
Buracos causados por tiros de fuzil dentro da casa de Chico Gimenez (Foto: Divulgação)

Assassinatos – No relatório da prisão, a Polícia Civil de Ponta Porã reforça que Salinas é considerado o sucessor de Minotauro, hoje preso em Santa Catarina, e o responsável por ordenar pelo menos dois assassinatos na fronteira: o da advogada Laura Marcela Casuso e do empresário e ex-candidato a prefeito Chico Gimenez.

Os dois foram mortos durante uma guerra declarada entre o narcotraficante do PCC e o clã de Jarvis Gimenes Pavão pelo controle do tráfico de drogas na região de fronteira do Brasil com o Paraguai.

Chico Gimenez era tio de Pavão e foi assassinado no ano passado após ter a casa fuzilada por pelo menos 16 pessoas. No local foram encontradas 190 cápsulas calibres 5.56 e 7,62. Laura Marcela trabalhava na defesa do narcotraficante e foi morta em 2018. Ela foi atingida por pelo menos 10 tiros de pistola 9 milímetros.

Risco de fuga – Conforme as investigações, Edson contou com a ajuda de Danilo Gimenez Lopez para liderar os dois ataques. Assim como o comparsa brasileiro, o paraguaio tem cargo de liderança dentro do PCC e é apontado como o “braço armado” da facção, além do responsável por executar rivais e guardar as armas do grupo criminoso.

Danilo está foragido da justiça, mas continua atuando no crime. Em 2009 foi preso pela Polícia Federal pelo envolvimento com o tráfico de cocaína. O flagrante aconteceu depois que um avisão com 93 quilos da droga pousou em uma fazenda do então vereador Joanir Subtil Viana, em Aral Moreira. 

Para a polícia Danilo é, junto com Edson e com Rodrigo, o suporte material e financeiro para os 68 internos que continuam foragido do Presídio de Pedro Juan. Seria ele também o “possível mentor do resgate” de Salinas.

“Demanda estado de alerta quanto à custódia de Edson Barbosa Salinas, já que vários criminosos (fugitivos e outros que já estavam soltos) podem estar tramando eventual arrebatamento do preso”, escreve a polícia do relatório.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, as equipes policiais da fronteira chegaram a receber denúncias sobre o plano de resgate e por isso Edson e Rodrigo foram transferidos de helicóptero de Ponta Porã. Os dois foram levados para a Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), em Dourados, onde passaram audiência de custódia. O resultado ainda não foi divulgado. 

Os dois foram transferidos para Dourados de helicóptero (Foto: Dourados News)
Os dois foram transferidos para Dourados de helicóptero (Foto: Dourados News)

De volta a rua - Ainda conforme as investigações, o risco do resgate de fato acontecer é ainda maior após dos 74 internos presídio paraguaio, já que pelo menos oito pistoleiro de Minotauro voltaram as ruas neste domingo. Todos eles foram presos em fevereiro de 2019 durante uma força-tarefa contra o crime. No total foram 12 detidos na época.

Salinas eram o responsável pelas cinco casas em que os criminosos estavam. Nos endereços foram apreendidos fuzis, pistolas, várias munições, celulares e documentos.

Escaparam da penitenciária os brasileiros Ailton Botelho dos Santos, 34, Rodrigo Rocha de Araújo, 22, Renan Canteiro, 29, Wilson Carlos Torres Quadros, 37, Rafael de Souza, 24, Felipe Diogo Fernandes Dias, 24, Julio Cesar Gomes, 28 e Luciano De Souza Martinez, 25. A polícia investiga o envolvimento de Salinas e do cunhado na fuga.

O que dizem as defesas – Antes mesmo da audiência de custódia, as defesas de Edson e do cunhado dele entraram na justiça com pedidos de liberdade. O advogado contratado por Rodrigo alega que o cliente não estava com nenhuma das armas e como o crime de embriaguez ao volante possui pena inferior a 4 anos, pode responder em liberdade.

Já a defesa de Edson alega que ele trabalha como agricultor, é “pessoa conhecida, jamais envolvido com ilícitos e possuidor de residência fixa”, para tentar a liberdade provisória do cliente.

Pistoleiros sendo levados pela polícia durante operação que desarticulou parte da quadrilha do narcotraficante Minotauro (Foto: 780AM)
Pistoleiros sendo levados pela polícia durante operação que desarticulou parte da quadrilha do narcotraficante Minotauro (Foto: 780AM)
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