Terça de Carnaval livra trabalhador da chuva, mas amanhã ninguém escapa da lama
Com mais de três décadas e uma via asfaltada, Itamaracá vive dias de lamaçal na temporada de chuva
“Nessa terça-feira de Carnaval não vou trabalhar e escapei da chuva. Geralmente, chego todo ensopado no trabalho e volto para a casa sujo de lama”. A rotina de Clenil Aparecido da Silva, 58 anos, retrata a realidade de quem anda a pé no Jardim Itamaracá, região do Rita Vieira, em Campo Grande.
Com mais de três décadas e uma via asfaltada, a Padre Mussa Tuma, o bairro vive dias de lamaçal na temporada de chuva ou sofre com a poeira na estiagem. “Acordo às 5h30 da manhã para poder ir ao ponto de ônibus, pegar o busão e ir para o trabalho”, conta Clenil, que faz alinhamento automotivo.
A aposentada Sebastiana Jesus Gonçalves, 73 anos, conta que hoje saiu para levar exame ao médico. “Até gosto da chuva porque não tem poeira. Mas aí o problema é o barro. Chego com os sapatos molhados, sujos. É terrível. Toda vez tenho que fazer uma volta e passar por onde tem menos barro”. A moradora enfrenta essa realidade há 30 anos, desde que se mudou para o Itamaracá.

A lama exige limpeza constante em empresas e lojas. “Devido à empresa ficar em rua sem asfalto, precisa ficar limpando toda hora para os clientes entrarem”, afirma o engenheiro civil Willian Nogueira, 27 anos.
Morador no Itamaracá há 28 anos, o pedreiro Celso Batista da Silva, 58 anos, enfrentou o barro nas ruas na caminhada até ao mercado. “É o dilema da lama, só por Deus. Eu estou afastado do trabalho, me recuperando, e fui fazer compra para a patroa [esposa]”, diz.
A chuva marca o Carnaval em Campo Grande. O tempo chuvoso chegou no domingo à noite. Desde então, conforme dados dos Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), foram 56 milímetros de chuva até hoje na Capital.