Traficante diz que comprou pistola israelense para se defender de facção
Ele foi flagrado com uma arma de fabricação israelense, que foi negociada dentro do Instituto Penal
A Justiça decretou prisão preventiva do traficante Vitor Manoel Souza de Amaral, de 21 anos, apontado como mandante do espancamento de um homem no Bairro Parque do Sol. O suspeito foi flagrado na quarta-feira (12) com uma pistola de fabricação israelense, porções de maconha e munições. Em depoimento ele confessou ter negociado a arma importada dentro do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) porque “problemas de convívio” com integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Vitor Manoel passou por audiência de custódia ontem e teve a prisão preventiva decretada pela justiça. Além do flagrante por tráfico de drogas e pelo porte de arma, o rapaz estava foragido da justiça por envolvimento em um roubo. Até o mês passado ele cumpria pena em regime semiaberto pelo crime, mas parou de ir ao presídio após ser vítima de uma tentativa de homicídio no local.
No dia 27 de abril deste ano, pouco depois das 6h, Vitor foi alvo de pelo menos 19 tiros quando saia do presídio para trabalhar. Ele foi atingido de raspão do lado esquerdo do corpo, mas recusou atendimento e embarcou em ônibus que leva os detentos para os locais de serviço. Sequer registrou boletim do fato, mas depois disso, não voltou mais.
Foragido, comandava o tráfico de drogas na região do Parque do Sol. No dia 5 deste mês recebeu reclamações de que um homem de 30 anos estava furtando casas do bairro e mandou dois comparsas buscarem o suspeito para “dar uma lição” nele. A dupla, no entanto, espancou o homem e com ele já caído usaram pedras para tentar matá-lo.
Foram as investigações desse crime que levaram os policiais até a casa de Vitor na manhã de segunda-feira. Em depoimento, afirmou que estava na casa de um amigo quando percebeu a presença dos policiais. Ele conta que chegou a tentar pegar a arma para reagir, imaginando que eram os desafetos que o ameaçavam de morte, mas antes disso foi rendido pelos policiais.
Com ele os investigadores do SIG (Setor de Investigações Gerais) da 5ª Delegacia de Polícia Civil encontraram a arma calibre 9 milímetros, completamente carregada com 13 munições. O que chamou atenção dos policiais foi a marca da pistola, que é israelense e por isso rara no Brasil. Além disso, outras 53 munições de outros calibres e um carregador de pistola 380 foram encontrados escondidos de baixo de um colchão.
Porções de maconha prontas para a venda também foram encontradas na casa. Vitor assumiu a propriedade da arma, detalhou que há cerca de nove meses, quando ainda cumpria pena por tráfico no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), decidiu comprar uma nova arma para se defender das ameaças de morte que vinha sofrendo.
Dentro da cadeia negociou a arma israelense com outro preso, conhecido por ele apenas pelo apelido. A entrega, no entanto, foi feita quando ele saiu para o regime semiaberto, por uma terceira pessoa. Explicou ainda que antes da pistola 9 mm tinha um revólver calibre 38, por isso os policiais encontraram tantas munições na casa. A arma, diz, foi vendida meses antes.
Quanto as porções de maconha, o caderno de contabilidade e os petrechos para preparar a droga, afirmou que não eram seus e sim do amigo que mora na casa em que estava. A versão, no entanto, é contrária as denúncias recebidas pela polícia e ao próprio histórico criminal de Vitor, que até agosto do ano passado também cumpria pena por tráfico de drogas, mas recebeu liberdade condicional pelo crime.
No ano passado foi flagrado pela Polícia Militar com porções de maconha no Bairro Dom Antônio. Na época, ainda usou o nome do primo, mas foi descoberto e preso por tráfico e falsa identidade. Antes disso, protagonizou uma perseguição de Parque do Sol. Em novembro de 2019 foi filmado fugindo a pé de policiais.
Na audiência de custódia desta quinta-feira (13) Vitor revelou que faz uso abusivo de maconha e que está em tratamento para tuberculose. Contou ainda que nos anos presos teve “problemas de convívio” com integrantes do PCC (Primeiro Comanda da Capital) e por isso está sendo ameaçado.
Ele também passou por atendimento psicológico que orientou o acompanhamento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) caso fosse colocado em liberdade para “minimizar as vulnerabilidades” constatadas.