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Capital

Transexual é sequestrada, agredida e abusada por dois homens na Capital

Após ser encapuzada na rua, vítima foi espancada e obrigada a praticar relações sexuais com um cachorro

Adriano Fernandes | 25/06/2021 22:56
Vítima em observação no Hospital Universitário da Capital. (Foto: Direto das Ruas)
Vítima em observação no Hospital Universitário da Capital. (Foto: Direto das Ruas)

Mulher transexual, de 54 anos, afirma ter sido sequestrada, feita refém e violentada sexualmente por dois homens, em Campo Grande. A vítima foi agredida e ainda teria sido obrigada a praticar relações sexuais com um cachorro, durante o ataque. O caso veio à tona nesta quinta-feira (24), quando ela precisou ser internada por conta de uma infecção nas partes íntimas.

De acordo com um servidor público, de 60 anos, amigo e quem socorreu a vítima, a violência na última sexta-feira (18), na região da Vila Sobrinho, mas por vergonha a vítima ficou em silêncio.

Só que ontem ela não aguentou mais e passou mal”, conta.

Conforme apurado pela reportagem, a transexual seguia a pé pela Rua Tietê, quando foi abordada por dois homens e colocada dentro de um veículo vermelho, possivelmente um Gol. Ela foi encapuzada e levada até uma residência. No local, ela foi espancada e, segundo a própria vítima, obrigada a praticar relações com um cachorro. Depois do abuso, ela teria sido deixada próximo ao Cemitério Santo Amaro.  O crime teria ocorrido pela manhã.

Os amigos da vítima só souberam do caso nesta quinta-feira (24), quando ela foi procurada para ir a um aniversário. “Ele falou para uma amiga que estava em casa, mas não estava conseguindo nem levantar as pernas. Então essa amiga foi lá e levou ela para casa, mas ela continuou deitada até que revelou o que havia acontecido”, detalha.

O servidor levou a transexual para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Almeida, por volta das 22h de ontem, onde ela foi diagnosticada com uma infecção. Devido a gravidade do quadro clínico a transexual foi encaminhada às 17h30 desta sexta-feira (25), para o Hospital Universitário de Campo Grande, onde deve passar por um cirurgia, ainda esta noite. Ela está consciente, mas bastante abalada emocionalmente.

Segundo o hospital, a mulher está em observação na enfermaria da clínica cirúrgica. Serão realizado exames e será avaliada por uma equipe de infectologistas amanhã (26). "Como ela foi agredida também será avaliada por ortopedistas e equipe de bucomaxilos", completou a unidade de saúde, via assessoria de imprensa.

Amigos da vítima acreditam que a motivação do crime seja transfobia, que é quando transexuais são gratuitamente agredidos, por serem quem são.  “Provavelmente era alguém que a conhecia. Estamos rezando para que ao menos uma câmera tenha flagrado o ataque”, conta o amigo. A mulher transexual é corumbaense, trabalha em uma academia e é bastante conhecida na Capital, não só pela simpatia, mas pelo envolvimento de anos na organização do Carnaval das escolas de samba da cidade.

“Sou amigo dela, ela é uma pessoa muito humilde, muito bacana, sempre que eu posso eu ajudo ela. Ela é uma pessoa muito querida entre todos”, completa. Nas redes sociais os amigos mais próximos também se dividem entre pedidos de justiça e mensagens de solidariedade. “Uma mulher trans, íntegra, ligada à cultura, sempre parceira. Foi violentamente agredida por ser quem é. Meu coração dói de imaginar o horror, o sofrimento, a violência causada a ela”, comentou uma seguidora.

A DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) está investigando o caso e colheu o depoimento da vítima, ainda esta noite no hospital. A Subsecretaria de Políticas Públicas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travesti/Transexuais) do Estado de Mato Grosso do Sul também está acompanhando o caso.

“Lamentamos mais uma vítima da LGBTFobia e estamos tomando as medidas legais cabíveis ao mesmo tempo que oferecendo suporte integral a mesma”, informou através de nota. Agradecemos a preocupação e registramos mais uma vez que LGBTFobia é crime!”, informou o órgão em nota.

Não é apenas orgulho - A violência contra a transexual na Capital ocorre em pleno mês de junho, o mês do Orgulho LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travesti/Transexuais, Quer, Intersexo +). No mundo todo este período é marcado por manifestações a favor dos direitos da comunidade e contra o preconceito, e tem um peso ainda mais urgente no Brasil, país que mais mata travestis e transexuais em todo o planeta.

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