ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 22º

Capital

Transplantes de coração agora só dependem de doador, diz hospital

Luciana Brazil | 15/02/2013 14:40
Paulo recebeu o novo coração na quarta-feira. Hospital diz que estrutura agora está excelente. (Fotos: Luciano Muta)
Paulo recebeu o novo coração na quarta-feira. Hospital diz que estrutura agora está excelente. (Fotos: Luciano Muta)

Após realizar um transplante de coração na última quarta-feira (13), a equipe da Santa Casa de Campo Grande garantiu na manhã de hoje (15) que a estrutura necessária para fazer uma das cirurgias mais complexas da medicina está pronta para atender. Desde 2011 o hospital está apto a realizar os transplantes, mas por falta de doadores a cirurgia ainda não havia sido feita. O jejum foi quebrado esta semana, com a realização da primeira cirurgia em 8 anos.

O último transplante realizado pelo hospital havia sido em 2005. De acordo com o cirurgião cardíaco Claudio Albernaz Cesar, integrante da equipe de transplantes, o procedimento da última quarta-feira representou uma vitória, “uma grande batalha” para todos.

No Estado, a Santa Casa é o único hospital autorizado a fazer o transplante. O custo do procedimento pode chegar a R$ 50 mil. Na fila da Central Estadual de Transplantes ainda aguardam um novo coração 19 pessoas.

O médico Claudio explicou que antes as cirurgias eram feitas no hospital, apesar de não obedecerem as exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do Ministério da Saúde. “A vigilância exige um box separado, um banheiro próprio, entre outras exigências”. O hospital chegou a ter a autorização para transplantes suspensa em 2008, segundo Claudio. A licença só foi recuperada em 2011.

A falta de estrutura e de leitos impedia a transplantação no hospital. Claudio explica que a dificuldade agora são os doadores. "Precisamos de doadores porque a estrutura está perfeita".

Os 11 CTI's para pacientes de cirurgia cardíaca estão equipados.
Os 11 CTI's para pacientes de cirurgia cardíaca estão equipados.

O chefe da equipe de transplantes cardíacos da Santa Casa o médico João Jazbik Neto, ressalta que a doação de mais de R$2 milhões feita pelo pecuarista Antônio Morais dos Santos, em agosto de 2011, foi a responsável pelo retorno dos transplantes.

O pecuarista, e proprietário de diversos imóveis pelo país, doou, além de material para reforma das instalações, equipamentos (monitores, respiradores) e leitos para os CTI’s (Centro de Tratamento Intensivo) de pós-operatório de cirurgia cardíaca e transplante cardíaco.

A Santa Casa oferecia 13 leitos, sendo que cinco deles já haviam sido desativados pela Anvisa. Com a doação de sete novos leitos feita pelo pecuarista, a Santa Casa dispõe hoje de 12 leitos no total, um deles para os transplantados e o restante para os pacientes de cirurgias cardíacas.

Sobre o protocolo para transplantes, Razbik lembra que os procedimentos seguem normas mundiais. “O protocolo é regido e disciplinado”.

O paciente de 50 anos, Paulo Cesar, que sofria de insuficiência cardíaca isquêmica e recebeu o novo coração nesta semana passa bem, conforme avaliaram os médicos. O doador, um homem de 40 anos, morreu com traumatismo craniano em um acidente de motocicleta, dois dias antes da cirurgia. "Ele teve morte cerebral, mas o coração continuava batendo", disse Razbik.

Razbik lembra que o problema era falta de estrutura e não de pessoal.
Razbik lembra que o problema era falta de estrutura e não de pessoal.
Claudio lembra que a evolução dos pacientes depende do organismo de cada um.
Claudio lembra que a evolução dos pacientes depende do organismo de cada um.

Em um período de até 4 horas é possível constatar se o doador é ou não compatível com o receptor. “Existem vários critérios. É preciso antes de tudo verificar o tipo sanguíneo, e também o peso e altura de quem está doando e de quem irá receber”, explicou Claudio.

O médico disse ainda que o receptor precisa ser avaliado psicologicamente, sócio-culturalmente e clinicamente antes da cirurgia. “Tudo precisa ser considerado. O paciente não pode sofrer de alguma doença mental ou ter algumas doença infectocontagiosa, ter até 65 anos de idade, entre outras coisas”. O doador precisa ter até 55 anos e o coração precisa ainda estar em funcionamento.

O período pós-operatório é o mais crítico da cirurgia, lembra Jazbik, com 40 anos de carreira. “É o período onde pode haver rejeição do órgão. Até 30 dias é possível dizer se o paciente já pode voltar pra casa”.

Doutor Cláudio lembra que a recuperação depende muito do paciente. “Já mandei pessoas com 10 dias de transplante para casa”.

Desde o primeiro transplante feito no hospital, em 1993, já foram realizados 17 transplantes. Em 1993 o paciente morreu logo depois da cirurgia. Só em 1994, ocorreu a cirurgia de sucesso. "O paciente viveu muitos anos depois", recordou Claudio. De acordo com os médicos, 30% dos pacientes que aguardam um transplante morrem esperando na fila.

Nos siga no Google Notícias