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Capital

Treinador de escolinha reencontra filha universitária após 19 anos

Renan Nucci | 29/01/2015 11:44
Abraço longo marcou reencontro entre pai e filha após 19 anos. (Foto: Marcelo Calazans)
Abraço longo marcou reencontro entre pai e filha após 19 anos. (Foto: Marcelo Calazans)
Pai, mãe e filha conversam pela primeira juntos. (Foto: Marcelo Calazans)
Pai, mãe e filha conversam pela primeira juntos. (Foto: Marcelo Calazans)

O caloroso abraço de quase um minuto não foi suficiente para matar a saudade de pai e filha que não se viam há 19 anos. Emocionados, mal sabiam o que dizer um ao outro até que, em gesto de respeito, Prisciane Araújo da Silva, 19 anos, pediu bênção ao pai Antônio José da Silva, 62 anos. Ele, por sua vez, a observou fixamente por alguns instantes e disse humildemente: “Não mereço uma filha maravilhosa assim”.

Estas foram as primeiras palavras trocadas entre ambos após a separação. Apesar de todo o tempo, a investigadora Maria Campos, da 5º Delegacia de Polícia de Campo Grande, não levou mais do que 30 minutos para localizá-los. Ela contou com a ajuda da dona de casa Maria Pereira Cordeiro, 56 anos, amiga de José de longa data e que o orientou a procurar as autoridades.

Pai e filha se encontraram pela primeira vez na manhã desta quinta-feira (29), na 5ª DP, Vila Piratininga. José é solteiro, trabalha como treinador de uma escolinha de futebol no Jardim Santa Emília e vive no Rancho Alegre II. A jovem é estudante de fisioterapia e mora no Jardim Itamaracá com a mãe Tereza Rodrigues Araújo de Souza, 47 anos, e o padrasto Jorge Rosa de Sousa, 51, pastor. A partir de agora, pretendem estreitar a relação comprometida pela ausência. “Não vamos mais nos desencontrar”, disse o pai. “Estou muito feliz”, completou a filha.

Desencontro - Intimidado com a situação, José se recusou a explicar os motivos que o levaram a se distanciar da ex-esposa ainda grávida. Tereza por sua vez, disse que era muito jovem na época, e limitou-se a dizer que preferiu escolher “outra vida”. Prisciane recebeu o nome de registro do pai e aos seis meses de vida recebeu visita dele, a última até então.

Investigadora Maria Campos disse que caso foi solucionado com agilidade. (Foto: Marcelo Calazans)
Investigadora Maria Campos disse que caso foi solucionado com agilidade. (Foto: Marcelo Calazans)

De acordo com Maria Campos, o casal teve um relacionamento rápido e não soube assimilar a gestação. “José fez uma viagem e quando voltou, a casa onde morava com Tereza não existia mais. Depois disso ele a viu só mais uma vez”, explicou a investigadora, lembrando que, com base na experiência que possui em promover reencontros, não teve dificuldades para reaproximar a família. “Toda a operação levou cerca de 30 minutos. Depois que encontramos os envolvidos, buscamos saber se eles queriam se ver e, felizmente, todos disseram sim”.

Em 2007, José descobriu que a garota estudava em uma escola no Itamaracá, mas mesmo com muitas tentativas não teve chance de vê-la.

O atual marido de Tereza, Jorge, conheceu Prisciane quando ela tinha dois anos, e foi uma das pessoas, assim como a dona de casa Maria, que incentivaram a jovem na busca pelo pai. O empenho do pastor tem um motivo. “Eu tenho uma filha que não vejo há muito tempo. Tive contato com ela pela internet, mas infelizmente ainda não pude vê-la”, alegou, reforçando que gostaria que a enteada tivesse melhor sorte. “Eles mereciam esse reencontro, em nome de Deus”.

Desaparecidos – Segundo Campos, casos assim são simples de serem elucidados, desde que as partes envolvidas tenham o mesmo interesse. Atuando nesta área desde 1993, ela já participou de inúmeros reencontros, contabilizando cerca de 1.400 só em Mato Grosso do Sul, e aproximadamente 2 mil se somadas ocorrências em estados vizinhos. “Recentemente, em único dia fiz 16 reencontros em Naviraí. No ano passado, só em uma tarde foram 22 na Capital”.

Tida como referência, ela já deveria estar aposentada há um ano, mas entrou com recurso para continuar atuando. “Não consigo ficar longe do trabalho. Concluir tarefas assim e poder ver a felicidade no rosto das famílias é muito gratificante”, comentou Campos, também especialista na busca desaparecidos.

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