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Capital

Uber considera novas regras retrógradas e prejudiciais a passageiro

Priscilla Peres | 30/05/2017 14:53
Uber começou a atuar em Campo Grande em setembro de 2016. (Foto: Marcos Ermínio)
Uber começou a atuar em Campo Grande em setembro de 2016. (Foto: Marcos Ermínio)

Nesta terça-feira (30), duas semanas após a prefeitura estabelecer as novas regras para os sistemas de carona paga, como a Uber, operarem em Campo Grande, a empresa, principal do setor, se manifestou classificando o decreto como "retrógrado". Para o aplicativo, a população não foi ouvida e será a principal prejudicada se as exigências entrarem em vigor.

Em entrevista ao Campo Grande News, o diretor de comunicação da Uber da Brasil Fábio Sabba, disse que a comissão formada para debater o assunto não pôs em prática as discussões sérias sobre o acesso ao transporte. "Em vez de ter uma debate amplo e ouvir a população,foi criado um decreto retrógrado".

Conforme o decreto publicado no dia 16 de maio, a Uber terá que fornecer dados à Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito). Os motoristas terão que fazer cursos de formação semelhantes aos exigidos de taxistas, estarem inscritos no INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e ter CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica).

Empresa afirma que conceito é ampliar acesso ao transporte. (Foto: André Bittar)
Empresa afirma que conceito é ampliar acesso ao transporte. (Foto: André Bittar)

Acesso - Fábio explica que o conceito da Uber é oferecer transporte para todas as pessoas, com preço acessível, dando o poder de ir e vir para a população. Ele ainda afirma que o serviço pode e deve ser aliado de outros meios de transporte, como ônibus e bicicletas.

"O decreto tira o acesso ao transporte e estabelece um novo pacto, burocratizando a tecnologia. O que foi feito é que resolveram não usar a tecnologia para o bem", ressaltou o representante do aplicativo.

A prefeitura também quer que a empresa pague 7% por quilômetro rodado a título de outorga - autorização para explorar o serviço, e que haja uma filial física em Campo Grande, além de um SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor).

A pena para quem não se adequar as regras municipais incluem multa, apreensão do veículo e cassação da licença dos motoristas, que também serão considerados clandestinos. O decreto prevê prazo de 120 dias para motoristas e 60 dias para a empresa se adequarem, a partir de 15 de maio.

Único no país - De acordo com a Uber, as regras impostas pela prefeitura de Campo Grande vão na contramão de tudo o que é feito no Brasil. Em todo o país apenas quatro empresas regulamentaram o serviço, sendo São Paulo, Porto Alegre, Distrito Federal e Vitória.

"As quatro cidades regulamentaram, mas têm menos burocracia e o sistema mais eficiente do que o de Campo Grande", diz Fabio ao citar o exemplo de São Paulo, que não exige placas específicas e nem um único motorista para o carro.

"Quando você coloca regras específicas com uma placa e detalhes que impedem que outras pessoas possam dirigir, a pessoa acaba não fazendo a regulamentação e desiste da empresa", diz.

Empresa participou de reuniões sobre a regulamentação com a prefeitura. (Foto: Marcos Ermínio)
Empresa participou de reuniões sobre a regulamentação com a prefeitura. (Foto: Marcos Ermínio)

Consequências - Para a Uber o principal prejudicado será o povo, que perderá o poder de ir e vim. "A Uber é um sistema que funciona com mais motoristas, mais chamadas, preço baixo, pessoas que deixam o carro em casa, compartilham carona e por ai vai. Se você burocratiza, você quebra o ciclo".

A consequência, conforma Fabio, é que menos pessoas terão acesso ao serviço, principalmente as que moram em bairros mais distantes. A lógica funciona pois se tiverem menos motoristas, maior será o preço e a prioridade será o atendimento central.

"As pessoas tem o direito de escolher como andar pela cidade e não querem abrir mão disso", termina o representante dizendo que a empresa está aberta para discussões.

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