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Capital

Vereadores convocam população e especialistas para debater Baleia Azul

Audiência pública no dia 27 vai abordar assuntos de saúde, segurança pública e cidadania para prevenir automutilação e suicídio entre jovens.

Anahi Gurgel | 23/04/2017 17:46
Desenhos e códigos escritos na pele com  objetos cortantes seria um dos desafios do jogo Baleia Azul. (Foto: Internet)
Desenhos e códigos escritos na pele com objetos cortantes seria um dos desafios do jogo Baleia Azul. (Foto: Internet)

Os desafios mortais do jogo “Baleia Azul”, que estão preocupando pais e professores de Mato Grosso do Sul, bem como formas de prevenir a adesão de adolescentes e jovens, serão debatidos em audiência pública na próxima quinta-feira (27), a partir das 14h, na Câmara Municipal de Campo Grande.

O game, que teria origem na Rússia, está sendo mundialmente conhecido como 'jogo do suicídio' porque propõe 50 tarefas para serem cumpridas diariamente, sendo que a última é retirar a própria vida. Os desafio são determinados por curadores, que convocam os participantes, principalmente por adolescentes e jovens, por meio de grupos fechados de facebook e WhatsApp.

Entre as atividades propostas, estão ações macabras, como desenhar códigos nas mãos e braços com objetos cortantes, frequentar locais perigosos de madrugada, como prédios altos e, por fim, cometer suicídio.

Proposta pelo vereador Hederson Fritz (PSD), a audiência pretende reunir a população em geral e especialistas da área da saúde, educação, cidadania, direitos humanos e segurança pública.

O “Baleia Azul”, ou “Blue Whale”, já vem despertando atenção de pais e autoridades do mundo todo desde 2015, e alertou a população de Mato Grosso do Sul depois que professores de Ponta Porã tiveram acesso a uma mensagem com ameça de envenenamento a crianças de três colégios particulares do município. O caso foi parar na na 1ª Delegacia da Polícia Civil, opnde foi registrado boletim de ocorrência no último dia 19.

A suspeita é que o autor do texto estaria participando do “Baleia Azul”, e submetido a atos violentos, de automutilação e comportamento suicida.

O jogo de internet Baleia Azul — que tem despertado a preocupação de pais e professores no mundo todo por incitar adolescentes a cometerem automutilação e suicídio – ganhou espaço para debates também entre parlamentares de Mato Grosso do Sul.

O assunto também foi colocado em pauta durante sessão na Assembléia Legislativa, no dia 20, quando foi apresentada proposta que tem como meta combater fortemente o “game da morte” no estado. De autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB), a proposição sugere a criação do Programa de Prevenção e Combate ao Jogo da Morte – Baleia Azul, com a meta de estabelecer ações de prevenção do suicídio de crianças e adolescentes que aderem aos desafios do game.

No Brasil, dois casos estão sendo investigados com possibilidade de relação ao game da morte. Um deles é no município de Pará de Minas, em Minas gerais, com o falecimento do jovem Gabriel Antônio dos Santos Cabral, de 19 anos, que sofria de depressão. A família informou que ele estava tentando deixar o grupo da internet, mas que vinha sendo muito pressionado.

Outro caso ocorreu em Vila Rica, no Mato Grosso, onde o corpo da adolescente Maria de Fátima da Silva Oliveira, de 16 anos, que também estaria com sintomas de depressão, foi encontrado dentro de uma represa.

Mensagem com ameaça de envenenamento, que chegou ao conhecimento de professores de escolas particulares de Ponta Porã. Autor seria participante do 'jogo da morte". (Foto: Divulgação)
Mensagem com ameaça de envenenamento, que chegou ao conhecimento de professores de escolas particulares de Ponta Porã. Autor seria participante do 'jogo da morte". (Foto: Divulgação)

Mudanças de comportamento - Entrar no desafio da Baleia Azul é um sinal de que o adolescente está passando por um sério problema emocional.

É o que afirma a psicóloga Cláudia Malfatti. "A principal causa das mortes por suicídio está relacionada à depressão. A pessoa que tenta se matar, quer chamar atenção para algo que não consegue resolver. É um pedido de ajuda”, esclarece.

“Quem pensa em tirar a própria vida, na verdade não quer morrer, mas sim se livrar de um sofrimento, e acredita que essa é a única saída. É importante pais, responsáveis, e também professores, estarem atentos aos sinais de alerta de jovens e adolescentes, como alteração de humor, irritabilidade, pensamento de que a vida não vale a pena, desânimo, alteração no sono e apetite e desesperança”, alerta.

A especialista disse ainda que, além de observar o comportamento dos filhos, é fundamental tentar manter diálogo. "Caso perceba que o filho precise de ajuda, não hesite em buscar atendimento psicológico e, quando necessário, psiquiátrico. No caso de transtornos mentais o trabalho desses dois profissionais é fundamental para o tratamento", diz.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 90% das mortes por suicídio estão relacionadas a doenças tratáveis. O suicídio, de acordo com a especialista, é um grave problema de saúde pública. Estudos indicam que de 50% a 60% dos que morrem por suicídio nunca se consultaram com um profissional de saúde mental. 

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