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Capital

Episódio em brinquedoteca traz à tona os cuidados que pais e donos devem terer

Paula Maciulevicius | 07/05/2012 17:53

E como forma de segurança para os dois lados, pais e direção, oficinas têm buscado instalação de câmeras

O caso do jovem de 21 anos preso em abril por estuprar uma menina de 4, em uma brinquedoteca em Campo Grande, traz à tona a preocupação do setor. Quem trabalha com a filosofia de que cuidar dos filhos dos outros exige maior atenção do que com os próprios, sente a pressão quando casos assim ganham repercussão.

E não é para menos. Envolvem crianças e instituições que tem a confiança dos pais que deixam os pequenos quase que diariamente sob os cuidados destas pessoas.

A brinquedoteca mais antiga de Campo Grande tem oito anos. Fica na região nobre da cidade. Foi a pioneira e segundo a dona, nunca protagonizou algum episódio de constrangimento ou violência para com as crianças e mesmo assim já pensa em adotar o sistema de monitoramento de câmeras online, de modo que os pais possam acompanhar passo-a-passo pela internet.

A empresária Adriana Okogusiku Vilanova, 40 anos, explica que o caso, mesmo não tendo nada a ver com o local onde administra, chegou a deixar os pais desconfiados. “Houve uma queda pelo desconforto e clientes que nunca tinham entrado, quiseram entrar para conhecer”, comenta.

A confusão na brinquedoteca em abril foi com um funcionário

que tinha, até então, um comportamento exemplar, segundo informou o advogado da empresa. Para quem trabalha na área, a contratação de funcionários é a chave da tranquilidade para os dois lados, pais e direção.

Na brinquedoteca pioneira, as monitoras são todas formadas ou ainda acadêmicas na área de educação infantil e a explicação é clara. “Porque são pessoas que já sabem como lidar, tem formação específica para isso”, reforça Adriana.

No local a contagem é uma monitora para cada 10 crianças, com a capacidade de atender até 50 pequenos. “Quando ultrapassa, nós já colocamos um aviso na porta de lotado”, completa.

Episódios de maus-tratos e violência marcam oficinas e abrem os olhos. (Foto: João Garrigó)
Episódios de maus-tratos e violência marcam oficinas e abrem os olhos. (Foto: João Garrigó)

Entre as orientações para os pais, Adriana não poupa e manda o recado. “Sempre deixo aberto, quem não conhece eu peço para entrar e olhar todo ambiente. Se quiser ficar, pode ficar, estamos sempre à disposição”.

Os episódios em oficinas de brinquedos marcam e quem já viveu isso na pele sabe a proporção. A dona da brinquedoteca, palco de um caso de maus-tratos em setembro do ano passado, que o diga. Ela ainda prefere não ser identificada, no local sob a sua responsabilidade, uma funcionária armou para a outra uma situação, para que a colega fosse demitida, gravou imagens e fez fotos de uma criança sendo amordaçada com uma fita crepe.

As imagens chegaram primeiro à imprensa, depois à Polícia e terminou em inquérito. A brinquedoteca ficou fechada por dois dias e as monitoras foram todas demitidas. Experiência ruim, mas que abriu os olhos da proprietária.

“Antes não tinha rigor de pedir, hoje as monitoras tem que ter formação em educação infantil, não apenas jeito com crianças. Não que eu não tomasse os cuidados antes”, relata.

Segundo a dona que já trabalha há mais de 20 anos na área, o episódio fez com que ela mudasse radicalmente. “Passei a pegar criança a partir da idade em que já conta tudo, como se sente. No princípio pensei em fechar, eu me culpo muito”, lembra.

De 1 ano, ela passou a admitir crianças apenas acima de 2 anos e meio e adotou câmeras de monitoramento. “É mais um meio de prevenir”, ressalta.

O cenário de maus-tratos vivenciados trouxe uma preocupação além. “Até de olho nas manifestações de carinho eu estou. Eu não proíbo, mas fico atenta”, finaliza.

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