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Cidades

Cortes põem em risco pesquisas nas áreas de saúde e agricultura em MS

Redução de orçamento da Capes e do CNPq podem atingir mais de 2 mil bolsistas de Mato Grosso do Sul

Izabela Sanchez | 09/08/2018 17:14
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em Campo Grande (Marina Pacheco)
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul em Campo Grande (Marina Pacheco)

Na última semana a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) alarmou o meio científico com o anúncio de um possível corte no orçamento. Agora, o anúncio é da CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

A Capes afirma que a redução de recursos anunciada poderia atingir 93 mil estudantes e bolsistas do ensino superior. O MEC (Ministério da Educação) reagiu e afirmou que não haverá comprometimento de bolsistas.

Presidente do CNPq, Mário Neto Borges, afirma que o orçamento para 2019 deve sofrer um corte de R$ 400 milhões. De R$ 1,2 bilhão, os recursos caem para R$ 800 milhões. Segundo o presidente, o corte pode suspender as pesquisas financiadas pelo Conselho. 

"Isso significa uma ameaça aos programas do CNPq, porque só de bolsas o nosso compromisso é de R$ 900 milhões de reais, além do fomento de R$ 300 milhões, então com o corte de R$ 400, nós vamos ter que parar pesquisa e destinar o máximo de recursos para a questão das bolsas que é uma prioridade em função da sua importância estratégica", comentou.

O orçamento da Capes já registra queda desde 2016. De R$ 5.034.440.884 em 2016, os recursos dotados diminuíram para R$ 3.193.536.523. Em Mato Grosso do Sul, pesquisas importantes na área da saúde e agricultura podem sofrer paralisação. Isso porque, no Estado, entre a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), há mais de 2 mil bolsistas da Capes e CNPq.

Coordenadora de Pós-Graduação da UFMS, a professora Márcia Maria dos Santos Bortolocci afirma ter recebido a notícia com preocupação. “Nós nos preocupamos por conta dos alunos, da continuidade das pesquisas. Hoje as bolsas estão sendo pagas normalmente e nós sabemos da importância da bolsa na vida do pós-graduando”, comenta.

“Na vida tudo que se planta, colhe, então a gente precisa desse tempo para que o pós-graduando esteja aqui. Muitos trabalham com experimento dentro dos laboratórios, então as bolsas são uma forma de financiamento de pesquisas científicas que vão retornar em benefícios da sociedade brasileira. Então o impacto do corte dessas bolsas, o impacto social para o Brasil ele é imenso”, conta.

O CRIE-MS (Conselho de Reitores das Instituições de Ensino Superior de Mato Grosso do Sul) divulgou nota em apoio a manutenção do orçamento da Capes. Presidente do Conselho e reitor da UEMS, Fábio Edir dos Santos Costa, afirma que 30% das pesquisas no Estado podem ser atingidas com os cortes nas duas instituições.

“Praticamente todas as pesquisas da Embrapa, da UEMS, UFMS, das 6 instituições que representamos, de uma hora para outra, 30% de todas as pesquisas de Mato Grosso do Sul e a formação de pesquisadores param. Nós já temos uma deficiência em relação a outros Estados, o Brasil já tem uma deficiência grande em relação a outros países, de uma hora pra outra isso é interrompido, isso é uma engrenagem, uma máquina que está andando, você mantém ela funcionando é uma coisa, quando aquela máquina para, para você fazer trabalhar de novo, a energia gasta vai ser muito maior”.

Saúde e Agricultura

Mato Grosso do Sul se destaca com relação a pesquisa para vacina contra as doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti. É uma das investigações científicas do Instituto Fiocruz em Mato Grosso do Sul, conforme explica a coordenadora e pesquisadora Jislaine de Fátima Guilhermino.

“O prejuízo é imenso. A pesquisa sofre, quem atua nessa área já tem dificuldades com os recursos, com esse corte enorme ficaria muito difícil pra gente comandar as pesquisas de importância para o nosso país, para o nosso estado. Não só nas bolsas, mas na manutenção do nosso parque instrumental, na manutenção dos equipamentos. Então, teríamos uma diminuição na formação de recursos humanos. Muitas das pesquisas são conduzidas por bolsistas na pós-graduação, então os prejuízos são enormes”.

O que os especialistas explicam é relação direta entre a pesquisa científica e o desenvolvimento social. Pesquisas na área de agricultura, por exemplo, fizeram com que variedades de alimentos específicos para o cerrado pudessem ser cultivados aqui. É o que preocupa a coordenadora do PPGA ( Programa de Pós-Graduação em Agronomia), Charline Zaratin Alves.

“Na verdade nós estamos todos apreensivos, porque aqui só temos Mestrado, mas os alunos que estão terminando o mestrado já estão apreensivos quanto ao Doutorado. Se realmente houver, com certeza vai ter vários danos com relação ao desenvolvimento agrícola, porque vamos ter interrupção de projetos. A maior parte da produção do Brasil é produzida pela agricultura no cerrado, que depende fortemente da ciência”, afirma.

“A área plantada aqui triplicou, graças à ciência, nós somos muito dependentes em relação a área de ciências, principalmente em função da alta demanda de alimentos. Nós temos várias pesquisa com melhoramentos genéticos, buscando variedade mais adaptadas à região, há 50 anos atrás praticamente não tinha agricultura no Cerrado, buscando variedades melhoradas adaptada às condições climáticas. Envolve 10, 15 anos de pesquisa”.

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