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Cidades

Dia sem tabaco: de 8,8 mil casos de câncer este ano, 360 são de pulmão

João Humberto | 31/05/2016 15:55
No Dia Mundial sem Tabaco, população pôde aferir pressão e fazer testes pulmonares no Shopping Norte Sul Plaza (Fotos: Ana Oshiro)
No Dia Mundial sem Tabaco, população pôde aferir pressão e fazer testes pulmonares no Shopping Norte Sul Plaza (Fotos: Ana Oshiro)

Segundo estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer), em Mato Grosso do Sul foram registrados 8,8 mil casos de câncer neste ano, a maioria em decorrência de um inimigo em comum: o cigarro. Desse total, 220 homens foram diagnosticados com cânceres de pulmão, traqueia e brônquio, enquanto no universo feminino o número atinge 140 casos.

Nesta terça-feira (31) é comemorado o Dia Mundial sem Tabaco e Mato Grosso do Sul tem muito para comemorar, de acordo com o médico cardiologista Delcio Gonçalves da Silva Junior, presidente da SBC/MS (Sociedade de Cardiologia de MS). Ele ressalta que nas décadas de 60 e 70, no Estado (ainda Mato Grosso), a prevalência do tabagismo era de 60% da população, inclusive com muitos adolescentes fumando por influência dos pais. Hoje, o percentual está em torno de 13% a 15%, segundo ele.

Durante tarde de orientações em alusão ao Dia Mundial sem Tabaco, hoje no Shopping Norte Sul Plaza, a SBC/MS, em parceria com estudantes de medicina, enfermagem e educação física da Uniderp, promoveu a conscientização da população sobre os riscos do tabagismo. No local, Delcio explicou que num universo de quase dois milhões de habitantes, Mato Grosso do Sul possui atualmente, cerca de 260 mil fumantes (quase uma cidade).

A cabeleireira Marli fumou por 19 anos e abandonou o cigarro há 12 anos; vida ficou mais leve
A cabeleireira Marli fumou por 19 anos e abandonou o cigarro há 12 anos; vida ficou mais leve

Considerando esse número, o médico supõe que caso essa população fume regularmente durante os próximos dez anos, certamente será diagnosticada com doenças cardíacas, respiratórias, vasculares e neoplásicas (deformidades). Várias delas podem apresentar úlceras e outros problemas gástricos que podem até levá-las a óbito.

Para não integrar essa parcela da população, a cabeleireira Marli Salles, 48 anos, foi até o Norte Sul para aferir a pressão e conferir as orientações. Ela começou a fumar aos 19 quando casou por influência do marido, que também fumava. Há 12 anos deu basta ao cigarro.

“Eu tava com raiva de alguma coisa, ou com fome, e descontava no cigarro. Depois que parei de fumar consigo caminhar melhor, como e durmo muito bem. O viciado deixa de comprar pão, mas não deixa de comprar cigarro, eu era assim", ressalta Marli. “Decidi parar de fumar depois de sentir náuseas e ficar com medo de ser algo mais grave. Hoje eu não sinto mais cansaço, ando bastante a pé, é outra vida”, completa a cabeleireira.

Honorato e a esposa Sandra fumaram por muito tempo e abandonaram o cigarro; disposição ficou melhor
Honorato e a esposa Sandra fumaram por muito tempo e abandonaram o cigarro; disposição ficou melhor

Propagandas e leis – Delcio Gonçalves enfatiza que as fotos obrigatórias nas embalagens de cigarros, retratando sobre os perigos do fumo, causaram e ainda causam muito impacto na diminuição do consumo do cigarro. O alerta também será estendido a produtos relacionados com o tabaco como narguiles.

Leis que proibiram fumantes de acenderem cigarros em bares, locais de trabalho, também fortaleceram a diminuição na compra de maços. “As pessoas acabam não fumando. Acredito que o Brasil foi um dos países mais beneficiados com a campanha”, ressalta o presidente da Sociedade de Cardiologia de Mato Grosso do Sul.

As pessoas que fumam vêm sendo bombardeadas com informações a respeito, então o conceito de que cigarro faz mal, todos sabem, de acordo com Delcio. Ele argumenta que um dos principais incentivos ao hábito de fumar continua sendo a convivência social.

Juntos sem cigarro – A aposentada Sandra Nacer, 64 anos, é casada há três anos com o também aposentado Honorato Sousa, 71. Ela começou a fumar aos 15 e parou de fumar há três anos porque se sentia muito fraca e com falta de ar. Ele começou aos 18 e parou de fumar graças às broncas da esposa.

Sandra confessa que fumava de 40 a 50 cigarros diariamente e quando parou foi para nunca mais. “Comecei a descontar a falta do cigarro na comida e engordei dezenove quilos, mas já consegui emagrecer oito. O melhor é nem começar, me sinto mal só de chegar perto de algém que fuma”.

O casal foi até a ação no Shopping Norte Sul Plaza e aferiu a pressão, aprendeu a fazer exercícios específicos para auxiliar na manutenção do bom hábito e ainda fizeram testes pulmonares. Tudo disponibilizado gratuitamente.

Quem é fumante possui dez vezes mais chances de adoecer de câncer de pulmão e cinco vezes mais chances de sofrer um infarto (Foto: Marcos Ermínio)
Quem é fumante possui dez vezes mais chances de adoecer de câncer de pulmão e cinco vezes mais chances de sofrer um infarto (Foto: Marcos Ermínio)

Números - De acordo com a SBC/MS, quem é fumante possui dez vezes mais chances de adoecer de câncer de pulmão e cinco vezes mais chances de sofrer um infarto. Mulheres que fumam e usam anticoncepcionais correm risco de enfartar ou sofrer um derrame aumentado em dez vezes.

Ainda conforme a sociedade, mulheres fumantes que engravidam podem ter 70% mais chances de ter um aborto espontâneo e 40% mais chances da dar à luz prematuramente. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o tabagismo é a causa de aproximadamente 50 doenças, muitas delas incapacitantes e fatais, como câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia disponibiliza em seu site um teste para calcular quanto dinheiro um fumante já gastou durante sua vida. Se uma pessoa, por exemplo, começou a fumar aos 11 anos, aproximadamente 1 maço por dia, considerando que essa pessoa tenha hoje 21 anos, ela teve um gasto de R$ 27.375,00 por conta do vício.

Para realizar o teste, clique aqui.

(Colaborou a jornalista Ana Oshiro)

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