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Cidades

Eleições e Enem dividem atenção e estudantes tentam driblar nervosismo

Ano é atípico para estudantes que encaram a primeira eleição da vida e tentam se preparar na reta final do Enem

Izabela Sanchez | 03/10/2018 06:34
Nervosismo é ainda maior porque une estudos e preocupação com as eleições (Izabela Sanchez)
Nervosismo é ainda maior porque une estudos e preocupação com as eleições (Izabela Sanchez)

O ano de 2018 já chega ao fim e guarda para os últimos meses dois acontecimentos importantes: as eleições que vão decidir o próximo chefe de Estado no país e o maior exame para quem quer ingressar em uma universidade pública, o Enem. Encarando pela primeira vez as eleições, estudantes do ensino médio e do cursinho estão com a atenção dividida, e tentam driblar o nervosismo e manter agenda de estudos.

Fernanda Barros Oliveira, 17, concorre pela vaga mais acirrada dos vestibulares, o curso de medicina. Para ela, as eleições afetam a rotina e dividem a atenção. “Estão afetando, estou com atenção dividida. Vestibular é mais importante, só que às vezes eu fico tão assim, é muita informação chegando, as pessoas me chamam: ‘você viu isso’. Aí eu fico: ‘gente que que eu presto atenção? Então me afeta”, comenta.

“Eu me preocupo bastante com a situação política, porque é algo que me afeta bastante, e eu penso nas pessoas também, mas às vezes eu tenho que deixar de lado e falar: agora eu vou estudar”, explica. O nervosismo é tanto que a estudante até desenvolveu técnicas para relaxar: controla a respiração e tenta ouvir alguma música quando se sente nervosa para continuar estudando.

Alunos do colégio Referencial discutem escolha de candidatos (Izabela Sanchez)
Alunos do colégio Referencial discutem escolha de candidatos (Izabela Sanchez)

Rafaela Oliveira Cochito, 18, também estuda no cursinho, mas afirma que, apesar das eleições, a atenção é toda dirigida ao Enem. “Para mim é o Enem. As eleições eu sei que são importantes, eu acho muito importante votar e ter a possibilidade de votar, mas priorizo vestibular do que problemas políticos”, conta.

Para ela, a reta final antes do exame, que acontece em novembro, faz com que o período de estudos se intensifique. “Agora está mais complicado, no ano inteiro é mais de boa, porque a gente vai se preparando, vai estudando, está mais no gás, mas aí chega um mês antes, parece que você fala: ‘cara, será que eu sei tudo?’ E tem coisa para você estudar de matéria nova, tem coisa pra revisar e você não sabe se você estuda ou se você revisa”.

Ela relata, no entanto, que as discussões políticas não ficam de fora e muitas vezes os humores ficam alterados. “A gente tem algumas discussões, até pode conversar com os professores, aí a gente conversa. Tem briga entre os alunos, estão divididos entre os candidatos”.

A estudante Julia Liberatti Catalani, 17, também vai prestar vestibular para medicina. Ela afirma que este ano “as coisas se misturam muito” e deixam o ano “totalmente diferente”.

“As coisas se misturam muito. Eu me sinto bem confiante, a gente está se preparando há 3 anos, com o cursinho 4, espero esse ano passar, mas com eleição é totalmente diferente, porque querendo ou não acaba desfocando um pouco. Tem que pesquisar os candidatos, tem que ir atrás de proposta, ver campanha, debate e ter uma argumentação, saber em quem votar”.

Até os momentos “perdidos” para assistir a um debate deixam um sentimento de culpa em quem deveria estar estudando. “Mas você fica: poxa vou perder 40 minutos vendo aquele debate sendo que eu podia estar estudando. Não consigo ficar alheia. Mas esse é o momento de acelerar, agora eu vou no gás”, relata.

Ruam, à direita, sente a pressão da família na hora da escolha de um candidato à presidência (Izabela Sanchez)
Ruam, à direita, sente a pressão da família na hora da escolha de um candidato à presidência (Izabela Sanchez)

Ruam Dias, 17, está no terceiro ano do ensino médio e planeja carreira militar. Ele se prepara para prestar o exame da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras). Além de dividir a atenção, ele conta que as eleições criam discussões junto à família e muitas vezes a pressão aumenta.

“A maior parte do nervosismo realmente é por causa do concurso, mas as eleições atrapalham, principalmente na parte da família. Na minha família, principalmente, acaba forçando: ‘ah tens que votar nesse, tens que votar naquele’”.

Na sala de aula, comenta, o aprendizado às vezes cede espaço às discussões políticas. “É complicado, principalmente na sala de aula, tem uns que são menos focados. E sempre tem aquele dizendo: eu vi aquele candidato fazer isso, foi atrás disso, daquilo e sempre acaba tendo uma discussão. Tem um pessoal que gosta de parar e no meio do nada perguntar em quem a pessoa vai votar, o que acha de tal candidato, aí vai perdendo o foco”.

“E um negócio é que por mais que a gente esteja em uma idade jovem, a gente tem que se preocupar com isso, então por ser importante a gente tenta conciliar. A gente sempre fica perdendo um tempo vendo proposta de tal candidato, proposta do outro, só que ainda tem aquela de ah, a gente vai muito pelo que o pessoal fala”, declara.

Na reta final, “é estudo direto”. O estudante fica até 15h estudando. Métodos para relaxa? Nenhum, conta, já que “tiram” tempo que pode ser usado para estudar.

As eleições ocorrem no dia 7 de outubro em todo país. O Enem acontece em novembro, no dia 4 e no dia 11.

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