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Interior

Após fumaça esconder horizonte, quem cruza fronteira recupera visibilidade

Frente fria contribuiu para diminuição da cortina de fumaça provocada por incêndios no Brasil e na Bolívia

Izabela Sanchez e Maressa Mendonça, enviada especial a Corumbá | 13/09/2019 11:04
Céu azul guarda o posto da receita federal na fronteira, em Corumbá, entre Brasil e Bolívia (Foto: Paulo Francis)
Céu azul guarda o posto da receita federal na fronteira, em Corumbá, entre Brasil e Bolívia (Foto: Paulo Francis)

Entre a Bolívia e o Brasil, no Pantanal, há fronteira, mas também há muita troca de fumaça há mais de um mês. Os dois países compartilham crise de incêndios florestais, que deixaram o céu fechado com cortina cinzenta nos últimos dias em Corumbá e em várias cidades bolivianas. Nesta sexta-feira (13), a cortina abriu e mostrou o céu que não se via desde o início da semana, motivo de alegria para quem cruza a fronteira todos os dias.

Taxista entre os dois países, João Cardozo, 76, diz que a semana começou “horrível”. “Hoje está mais ou menos limpo, o tempo estava aberto, no início da semana estava horrível. Nunca vi tanta queimada assim. Tinha no pantanal, próximo ao Rio Paraguai e agora é no mundo inteiro”, disse. “Tinha dia que eu saía de casa e não via nada pela fumaceira. A goela seca bastante”, brinca.

Auxiliar de motorista de carreta, Enzo Rocca, 21, relata que na última semana teve de ficar preso, no meio da estrada em território boliviano, porque não conseguia enxergar o caminho, fechado pela fumaça. Ele vinha de Santa Cruz de La Sierra para Corumbá. Hoje, o jovem está a caminho da Bolívia sem preocupação.

Enzo agora vai para a Bolívia mais tranquilizado (Foto: Paulo Francis)
Enzo agora vai para a Bolívia mais tranquilizado (Foto: Paulo Francis)

O motorista Agnaldo Silva Santos, 52, vive em Corumbá e viaja “entre duas e três vezes por semana” para a Bolívia. “O percurso é curto então não senti tanto, mas lembro que quarta-feira da semana passado estava tudo cinza”, relatou.

Até os servidores da Receita Federal sentiram a fumaça entrando pelos cantos fechados das salas onde trabalham. Hermano Toscano, 33, afirma ter acha que a fumaça “era neblina”. “Terça e quarta, logo cedo, eu achei que era neblina, era fumaça. Por trabalhar na região sofremos pelo tráfego de veículos, aqui está passando carro o tempo todo”, disse.

“Apesar de ficar na sala, o cheiro da fumaça era muito forte. Nesse mesmo dia, acordei e parecia que estava pegando fogo dentro do quarto por causa da fumaça”, disse o colega, Arthur Wamberth.

Hermano trabalha na receita federal e também comemora poder ver o céu (Foto: Paulo Francis)
Hermano trabalha na receita federal e também comemora poder ver o céu (Foto: Paulo Francis)

Incêndios - Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais) registram 88 focos de incêndios entre ontem e hoje na região do Pantanal. A maior parte, em Aquidauana, 47 focos. Somente no mês de setembro, foram 1.678 focos, sendo liderado pelas ocorrências em Corumbá, 676.

Há dois dias o município pantaneiro foi líder em queimadas no Brasil. Com mais 253 focos de incêndios florestais registrados na terça-feira (10), Corumbá chegou a 3.137 pontos este ano e ultrapassou Altamira (PA), com 3.081.

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