"Bailinho" na enfermaria celebra vitória de Elias, de 80 anos, contra covid
Em hospital de Sidrolândia, pacientes curados da doença dançam com funcionários para celebrar cura
Só quem já ficou internado sabe a satisfação do paciente que recebe alta, que vence a doença e pode, enfim, voltar para casa, dormir na própria cama. Se tiver derrotado a covid-19, então, é motivo para, sei lá, dançar, abraçar, celebrar a vida. É exatamente isso que estão fazendo funcionários e pacientes da Sociedade Beneficente Dona Elmíria Silvério Barbosa, de Sidrolândia, a 71 km de Campo Grande.
O hospital por onde já passaram 57 vítimas do novo coronavírus adotou como praxe a alta hospitalar com músicas de louvor, geralmente em tom emocionado, mais solene. Há uma semana, a diretora Vanda Cristina Camilo decidiu acrescentar animação nas canções tocadas na hora da fisioterapia. A dança foi consequência natural.
"Eles ficam mais alegres, mais animados", observa a diretora, que , que levou de casa a caixinha de som para garantir música no ambiente hospitalar.
Foi assim que Elias Guerra, de 80 anos, começou a se preparar para deixar o hospital, depois de 22 dias. Nesta segunda-feira (31), a enfermaria na qual ele estava teve um “bailinho” bem aninado, na hora do exercício de fortalecimento respiratório.
Além de Elias, aparece na cena o paciente Ariosvaldo Alves Reginaldo, 60 anos, indígena de Dois Irmãos do Buriti, que está para completar 23 dias na unidade de saúde.
Elias Guerra, na cena gravada, dança com uma das funcionárias, em celebração à vitória contra uma doença cujos reflexos ainda são incógnita ainda. Ele tem diabetes e hipertensão, além dos 80 anos de idade.
Deixou o hospital hoje, levando para casa um suporte de oxigênio, para o caso de necessidade. A doença tem forte impacto no sistema respiratório e por isso, em casa, o período de convalescença é bastante importante, lembrou a diretora. Elias vai fazer exercícios fisioterápicos até estar recuperado.
Vizinho de quarto de Elias, Ariosvaldo terá alta amanhã e vai vai voltar Dois Irmãos do Buriti, ao lado de Sidrolândia no mapa. A diretora testemunha a emoção dos dois, que não se conheciam e se aproximaram ao ficarem lado a lado na enfermaria. "Eles ficaram amigos", conta.
“Demonstra a resiliência”, resume Vanda, ao ser perguntada sobre o papel da música e da dança neste momento de liberação dos pacientes para a volta ao lar.
Aos 53 anos, ela trabalha há mais de 15 no hospital e diz que a covid-19 trouxe um cenário tão diferente por causa do desconhecido representado pela nova enfermidade.
“Eu, por exemplo, quando positivei, meu chão abriu”, exemplifica com a própria situação. Vanda foi o primeiro caso, segundo ela, diagnosticado no hospital. No meio da pandemia e responsável por cuidar da ampliação das vagas de terapia intensiva, precisou isolar-se por duas semanas.
De lá para cá, a cidade já perdeu para a covid-19 duas dezenas de moradores. Por isso, a cada um que sobrevive, a festa é considerada mais do que válida.