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Interior

Besouros se multiplicam e causam queimaduras em moradores de Corumbá

Segundo pesquisador, a espécie tem aparecido em Dourados e Campo Grande também

Por Cassia Modena e Silvio de Andrade, de Corumbá | 05/12/2025 09:05
Besouros se multiplicam e causam queimaduras em moradores de Corumbá
Inseto e queimadura causada por ele em morador de Corumbá (Fotos: Reprodução/Redes sociais)

Um besouro que pode causar queimaduras de primeiro e segundo graus em humanos e animais domésticos está se multiplicando em Corumbá. A infestação é observada desde a semana passada e tem levado pessoas que sofreram o ferimento a procurar atendimento médico, segundo confirmou a Secretaria Municipal de Saúde.

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Moradores de Corumbá enfrentam uma infestação de besouros conhecidos como bombardeiros, que podem causar queimaduras de primeiro e segundo graus em humanos e animais. O inseto, de nome científico Neoaulacoryssus speciosus, tem cerca de 2 centímetros e libera ácido fórmico quando se sente ameaçado. Segundo especialistas da UFMS, o surto populacional está relacionado a alterações ambientais, como desmatamento e mudanças climáticas. O besouro é atraído pela luz artificial das cidades e, embora cause desconforto, não transmite doenças. A recomendação é lavar a área afetada com água e sabão e buscar atendimento médico apenas em casos mais graves.

Como a notificação dos casos não é obrigatória nas unidades de saúde, não há dados sobre a quantidade de feridos. A maioria dos relatos é de incômodos leves que não precisam virar motivo de preocupação, pois o inseto não causa danos mais sérios, frisa a pasta.

A recomendação da médica da Estratégia de Saúde da Família de Corumbá, Silvia Ruiz, é procurar ajuda só quando houver um ferimento mais profundo. “A primeira orientação é lavar bem a área afetada com água e sabão. Isso ajuda a reduzir os efeitos do ácido liberado pelo besouro. Caso seja constatado que a queimadura não é superficial, é indicado procurar atendimento médico”, ela explica.

Besouros se multiplicam e causam queimaduras em moradores de Corumbá
"Tapete" formado por mosquitos na área urbana de Corumbá (Foto: Ivana Rissato)

O inseto é conhecido como bombardeiro, potó ou carocha, e seu nome científico é Neoaulacoryssus speciosus. Ele pode atingir cerca de 2 centímetros de comprimento. É endêmico em Mato Grosso do Sul e em outros estados que possuem climas marcados por períodos de muita chuva e temperaturas elevadas, como explicam pesquisadores do Núcleo de Pesquisas de Invertebrados da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em Corumbá.

Surto - Professor do curso de Biologia da UFMS e membro do núcleo, Fabiano Abreu confirma que ocorre um surto populacional da espécie em toda a área urbana da cidade e que, inclusive, já ouviu relatos do aparecimento dos insetos em Dourados e Campo Grande.

Ele explica que a grande quantidade pode ser relacionada a diversas alterações ambientais. "Desmatamento e fragmentação de florestas, monoculturas com cultivo de soja e de milho que perturbam o ambiente natural e a variação de temperaturas nesse contexto de mudanças climáticas que estamos vivendo", cita.

Outro fator é a redução de seus predadores naturais. "Sapos e lagartixas, por exemplo, se alimentam dele", acrescenta o professor.

O bombardeiro vive na mata, mas é atraído para as cidades pela luz artificial. "Eles se desenvolvem na floresta nativa, no interior do solo. Depois que sofrem metamorfose, aguardam condições propícias do meio ambiente para emergir, se alimentar e se acasalar. Essas condições envolvem o início do período chuvoso, alta umidade e temperatura elevada", detalha o professor.

Ele tem se escondido em frestas úmidas e escuras de dia e entra nas casas à noite. O ideal não é usar inseticidas para afastá-los das residências, mas sim criar barreiras naturais, diz a estudante do último ano do curso, Ivana Rissato, que já pesquisou o besouro no núcleo. "Desligar as luzes externas, colocar panos nas portas e colocar telas nas janelas ajudam", recomenda.

Ácido - As queimaduras podem ocorrer quando o bombardeiro se sente ameaçado e lança um jato contendo ácido fórmico.

Esse ácido não é venenoso e não transmite doenças. "É o mesmo emitido por formigas e que está presente no ferrão de abelhas. A sensação é que a pessoa levou uma ferroada. No máximo, vai causar a queimadura mesmo", reforça Ivana.

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