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Interior

Chefes de quadrilha na Câmara, vereadores tentaram eliminar provas

Pedro Pepa, Idenor Machado e Pastor Cirilo Ramão estão presos há cinco dias; outras sete pessoas também estão presas

Helio de Freitas, de Dourados | 10/12/2018 08:50
Idenor Machado e ex-vereador Dirceu Longhi são levados para penitenciária (Foto: Adilson Domingos)
Idenor Machado e ex-vereador Dirceu Longhi são levados para penitenciária (Foto: Adilson Domingos)

Presos há cinco dias pela Operação Cifra Negra, do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, os vereadores Idenor Machado (PSDSB), Pedro Pepa (DEM) e Pastor Cirilo Ramão (MDB) são acusados de liderar uma organização criminosa instalada na Câmara de Dourados, cidade 233 km de Campo Grande.

Alvos da investigação, iniciada após duas operações anteriores, os três vinham, segundo a denúncia do MP, tentando destruir provas do esquema que envolve empresas de Campo Grande.

Contratadas para atender o Legislativo douradense através de licitações fraudulentas no período em que Idenor presidiu a Câmara (2011 a 2016), as empresas pagavam “mesadas” a vereadores e servidores da Câmara para se manter no negócio. Estima-se que só Idenor recebia pelo menos R$ 20 mil por mês.

Na quarta-feira (5), Idenor, Pepa e Cirilo foram presos em Dourados, assim como o ex-vereador Dirceu Longhi (PT) e o ex-servidor da Câmara Amilton Salina.

Em Campo Grande foram presos Alexandro Oliveira de Souza, que trabalhou na Câmara de Dourados, e os empresários campo-grandenses Denis da Maia, Karina Alves de Almeida, Franciele Aparecida Vasun e Jailson Coutinho. Elas estão em prisão domiciliar e todos os demais estão na PED (Penitenciária Estadual de Dourados).

As prisões dos políticos douradenses, servidores e empresários da Capital foram decretadas pelo juiz Luiz Alberto de Moura Filho, da 1ª Vara Criminal de Dourados.

No fim de outubro, o magistrado já tinha mandado para a cadeia o então secretário de Fazenda de Dourados João Fava Neto, o então diretor de licitação da prefeitura Anilton Garcia de Souza, a vereadora Denize Portolann (PR) e o empresário Messias José da Silva. Acusados de esquema de desvio de dinheiro público também através de licitação fraudulenta, todos continuam presos.

Cirilo Ramão também foi preso na Operação Cifra Negra (Foto: Divulgação)
Cirilo Ramão também foi preso na Operação Cifra Negra (Foto: Divulgação)

Empresas – Os empresários campo-grandenses presos no escândalo em Dourados são donos da Quality Sistemas, KMD Assessoria Contábil e Planejamento a Municípios e Vasum, contratadas pela Câmara nos últimos seis anos para prestar serviços de TI (tecnologia da informação).

Em abril de 2011, a Quality Sistemas, de propriedade de Denis da Maia, já tinha sido alvo da Operação Câmara Secreta, que investigou fraudes em empréstimos consignados no Legislativo douradense. Na época, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da empresa, na Rua 13 de junho, região central de Campo Grande.

Outras cidades – O relatório enviado ao Poder Judiciário para embasar o pedido de prisão preventiva dos envolvidos na Cifra Negra cita que as empresas denunciadas atuam em pelo menos 30 Câmaras Municipais e pagavam propina para no mínimo 100 vereadores em Mato Grosso do Sul e outros Estados.

Além da prisão preventiva, o juiz Luiz Alberto de Moura Filho determinou a quebra de sigilo bancário e fiscal dos dez acusados e de Edna Lúcia Pereira Salina, esposa de Amilton. A Polícia Civil queria a prisão dela, mas o juiz indeferiu o pedido.

Líderes - No despacho em que mandou para a cadeia os vereadores, empresários e ex-assessores da Câmara, Moura Filho cita Pepa, Idenor e Cirilo como chefes da organização criminosa encarregada de fraudar licitações para receber propina. Eles são acusados de peculato, formação de quadrilha, corrupção ativa e corrupção passiva.

Todos os meses, segundo a investigação, os três vereadores dividiam entre R$ 20 mil e R$ 23 mil. Idenor ainda é acusado de ter usado as três empresas para comprar os votos que lhe garantiram a reeleição na presidência da Câmara, em 2015.

Após deixar a presidência, Idenor teria, segundo o relatório enviado ao juiz Moura Filho, deixado para Pedro Pepa e Cirilo Ramão a missão de defender na Câmara os interesses das três empresas da Capital. Em contrapartida, eles também recebiam propina, supostamente intermediada pelo então assessor Alexandro Oliveira de Souza.

Testemunhas – De acordo com a investigação, esse esquema de propina aos vereadores douradenses começou a ser desvendado após denúncia da então vereadora Virginia Magrini.

A denúncia foi reforçada depois pelo depoimento do ex-servidor Rodrigo Ribas Terra, condenado na Operação Câmara Secreta. Segundo Rodrigo, somente a Quality repassava pelo menos R$ 20 mil ao então presidente Idenor Machado. Até agora a defesa dos vereadores não se manifestou sobre as denúncias.

Pedro Pepa chega à delegacia no dia em que foi preso (Foto: Adilson Domingos)
Pedro Pepa chega à delegacia no dia em que foi preso (Foto: Adilson Domingos)
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