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Interior

Família e PM aposentado sequestram idoso e exigem transferência de terras

A ação foi presenciado por vizinhos da vítima, que avisaram a família e a polícia; os quatro foram presos

Geisy Garnes e Sidney Assis, de Coxim | 19/10/2021 12:29
Momento em que policiais prendiam sequestradores. (Foto: Edição MS)
Momento em que policiais prendiam sequestradores. (Foto: Edição MS)

Família de proprietários rurais – pai, mãe e filho – e um policial militar aposentado foram presos por sequestrarem um fazendeiro de 65 anos na manhã desta terça-feira (19), em Coxim – cidade a 260 quilômetros de Campo Grande. Segundo investigações policiais, a vítima foi mantida refém e ameaçada de morte para que transferisse a propriedade de terras aos autores do crime.

O sequestro foi presenciado por vizinhos da vítima, que avisaram a família e a polícia. Em uma ação rápida, equipes da 1ª Delegacia de Polícia Civil do município prenderam João Norberto de Carvalho, o ‘João Fazendeiro’, de 76 anos, a esposa dele, Neusa Carvalho Cassimiro, de 56 anos, Orlando Henrique de Carvalho, de 34, filho do casal e um policial militar da reserva, apresentado como pistoleiro.

Ao Campo Grande News, o delegado Felipe de Oliveira Paiva explico que autores e vítima são amigos de “longa data”, mas uma briga por terras pôs fim à relação. A disputa foi parar na Justiça e neste mês, a decisão foi favorável à vítima.

Desde que a ordem judicial determinou que as terras ficassem com o idoso de 65 anos, Orlando Henrique voltou a enviar mensagens ao antigo amigo da família. A intenção, afirmava, era vender uma carga de sal mineral para gado.

Ao longo da última semana, o homem de 34 anos tentou convencer a vítima a encontrá-lo. Depois de muito conversa, marcou de ir até a casa do idoso para levar o produto. “Ele armou a casinha para vítima. Hoje, às 6 horas da manhã, apareceu na casa dela com o pai, a mãe e o pistoleiro. Armados a obrigaram a entrar no carro”, relatou o delegado.

Segundo testemunhas, João desceu do carro do filho com arma em punho e rendeu o antigo amigo. Só mais tarde a polícia descobriu que a pistola usada por ele era de brinquedo. Com ameaças, a família e o policial forçaram a vítima a entrar no próprio carro. Orlando assumiu a direção e dirigiu até a casa dos pais.

O que eles não contavam é que a cena foi vista por vizinhos, que imediatamente avisaram a família do idoso e a Polícia Civil. “Descobrimos então essa briga judicial e somos até a casa dos autores, encontramos os dois carros na garagem”, detalhou Felipe de Oliveira. As equipes entraram na casa e logo encontraram a vítima.

Foi ela quem avisou da participação do quarto envolvido. Assim que viu os policiais gritou que havia sido sequestrada e que havia um pistoleiro armado na casa. Pai, mãe e filho chegaram a negar a situação, mas policial militar foi encontrado em um dos banheiros, com revólver calibre 38 nas mãos. A arma não tinha registro e ele foi preso em flagrante.

Aos policiais, a vítima contou foi ameaçada de morte durante todo o tempo em que estava presa na casa dos autores. Detalhou também que a família exigia que ele fosse até o cartório da cidade para registrar a escritura pública das terras perdidas judicialmente em nome de João Norberto. Caso contrário, seria assassinado pelo pistoleiro contratado por ele.

Conforme o delegado, as investigações apontam que de fato a família contratou o policial para o crime. O militar se apresentava na cidade como pistoleiro e se gabava de ter cometido execuções. No entanto, ele não possui nenhuma passagem pela polícia.

Já Orlando foi apontado como autor de um acidente com morte, de estelionato e também de uso de documentos falsos. Ele ainda teria uma passagem por estelionato no Mato Grosso.

Os quatro suspeitos respondem por extorsão mediante restrição de liberdade, crime popularmente conhecido como sequestro-relâmpago, porte ilegal de arma, já que o policial militar não tinha registro do revólver calibre 38 e ainda posse irregular de munição, porque as equipes encontraram munições no guarda-roupa de João Norberto.

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