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Interior

Gerência de fazenda nega ataque a índios e DOF deixa área de conflito

Caroline Maldonado | 18/01/2016 12:05
Militares do DOF estiveram na fazenda e deixaram o local ontem (Foto: Direto das Ruas)
Militares do DOF estiveram na fazenda e deixaram o local ontem (Foto: Direto das Ruas)

Equipe do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) deixou ontem (17) a fazenda Brasília do Sul, em Juti, a 320 quilômetros de Campo Grande. Os militares estiveram no local nos últimos dois dias, depois que o fazendeiro denunciou a investida de indígenas Guarani Kaiowá, que reclamam a posse do território. Os índios, por sua vez, denunciam ataque de pistoleiros.

Segundo o DOF, ontem não havia mais indígenas nas proximidades da sede da fazenda, apenas funcionários trabalhavam na lavoura de soja. Por entender que não ocorria situação de confronto, a equipe deixou a fazenda.

Além de reclamar de ataques de pistoleiros, os índios criticaram a ação dos militares no sábado (16). Um indígena, que preferiu não se identificar, disse que as famílias eram atacadas por homens armados e oficiais do Departamento de Operações de Fronteira. No entanto, o comando negou qualquer violência contra os índios.

“A equipe esteve lá a pedido do proprietário para acompanhar a movimentação e evitar confronto. Todas as vezes em que o DOF vai a locais de litígio, não é de maneira ostensiva, tanto que nosso padrão é usar armas longas, mas na fazenda os militares deixam o armamento no carro sob custódia do motorista justamente para evitar que eles pensem que há intimidação”, garantiu a assessoria de imprensa do DOF.

O administrador da fazenda, Ramão Cristaldo, também negou ataque contra os índios. Segundo ele, os indígenas tentaram ocupar a sede da fazenda, mas foram intimidados por funcionários que circularam em veículos para impedir a aproximação, sem uso de armas. “A Aty Guasu divulgou que os fazendeiros e o DOF deram tiro nos índios, mas isso não é verdade. Isso não aconteceu”, disse o gerente, ao confirmar que os militares já deixaram o local.

A princípio, o funcionário pediu a presença da Polícia Federal, como ocorrem em casos que envolvem esse tipo de confronto. No entanto, os militares de Operação de Fronteira não constataram situação grave e por isso não foi acionada a PF. O Campo Grande News não conseguiu falar, por telefone, com as lideranças indígenas hoje.

A Aty Guasu, assembleia dos Guarani Kaiowá, divulgou nota ontem (17) denunciando ataques. “A Aty Guasu pede a intervenção urgente do MPF (Ministério Público Federal), da PF e Funai (Fundação Nacional do Índio), visto que as medições de conflito e disputa fundiária competem aos órgãos federais. Mas no último ano, os agentes da polícia militar DOF estão na frente, provocando e ameaçando os indígenas, que é ilegal”, diz o texto.

Litígio - A propriedade foi ocupada inicialmente em 1997 e quatro anos depois, em outubro de 2001, os indígenas foram expulsos e passaram a viver sob lonas ao lado de uma rodovia. No início de 2003, a comunidade resolveu retomar a propriedade que considera como seu território tradicional.

Em janeiro de 2003, na fazenda Brasília do Sul, o kaiowá Marcos Veron, foi assassinado com 72 anos de idade. O líder passou a vida tentando recuperar a terra, que teve boa parte da floresta desmatada, na área chamada de Taquara, em Juti. Então, eles passaram a viver sob lonas de plástico às margens da rodovia, próximo a fazenda.

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